Agricultura digital tem de robô que monitora lavoura 24h a plataforma que substitui análise humana
Seguindo a tendência do agro 4.0, tecnologia de inteligência artificial pode trazer informações de clima, saúde da planta e controle biológico. O robô Solix integra a plataforma ALICE AI, que colhe informações da lavoura em tempo real e realiza diagnósticos
Solinftec/Divulgação
A agricultura digital é um dos principais temas em discussão na Agrishow 2022, feira de tecnologia e inovação para o agronegócio que acontece em Ribeirão Preto (SP). De olho na melhoria de toda a cadeia produtiva, empresas investem não só na melhoria de maquinário, ferramentas e insumos, mas principalmente em plataformas de dados que permitem análise em tempo real do cultivo e até mesmo antecipação de problemas.
Sistemas de inteligência artificial prometem revolucionar a vida no campo, já que são um conjunto de habilidades, como análise, percepção e raciocínio, operando em tempo real e realizando diagnósticos para a tomada de decisão do produtor.
Entre as soluções apresentadas na feira, o lançamento de um robô voltado para grandes plantações de alimentos é um dos destaques.
A empresa brasileira de tecnologia para o agro Solinftec é a criadora do Solix Ag Robotics, robô que utiliza a plataforma de inteligência artificial ALICE AI, também criação da equipe. Construído com placas solares na sua superfície e com baterias para noite, Solix pode monitorar a lavoura 24 horas por dia.
“Nós dizemos que Solix são os olhos e pernas da ALICE AI”, explica Henrique Nomura, diretor de tecnologia da Solinftec. “Ele captura imagens do cultivo agrícola através de câmeras e sensores multiespectrais, com isso ele tem condições de fazer a identificação tanto de pragas, doenças, qualidade do cultivo, analisar a nutrição da saúde da planta e aí ele entrega para a ALICE que faz uma análise e dá uma recomendação de manejo para o produtor.”
Robô monitora lavoura 24h por dia para evitar falhas no processo produtivo
E a inteligência por trás desse robô é fruto de anos de trabalho e coleta de informações, formando um banco de dados que conta com uma biblioteca atualizada por mais de 10 bilhões de informações do campo por dia.
Os dados incluem clima, conhecimento dos cultivos agrícolas, informações do maquinário, comportamento de todos os produtores, resultados e mais. Com essa visão geral, a inteligência consegue apresentar uma visão holística do processo agrícola.
“O produtor não consegue fazer isso sozinho, então a ALICE analisa e começa a dar insights de como ele deve conduzir o cultivo agrícola dele.”
Hoje, a empresa já conta com uma gama de grandes clientes, principalmente voltadas à produção de cana-de-açúcar, grãos e fibra, café, citrus e florestal.
Recursos para investir
Mas, para que o produtor de menor porte consiga ter recursos financeiros para adquirir a plataforma, a empesa firmou uma parceria com o Banco do Brasil para que os produtos e serviços sejam incluídos nas linhas de crédito rural da instituição.
“Uma parceria importante como esta viabiliza que nossa tecnologia chegue a todos os produtores do país, seja ele de grande, médio ou pequeno porte,” diz o gerente financeiro da Solinftec, Daniel Lima.
O convênio está em tratativas finais e deve chegar em breve aos produtores interessados.
Cultivo de soja
Azael Pizzolato Neto/Arquivo Pessoal
IA para controle biológico
Outro serviço que utiliza inteligência artificial para lavouras foi apresentado pela Syngenta Digital. Trata-se de uma inteligência para auxiliar o roteamento das armadilhas de broca para cana de açúcar. A manifestação das lagartas em plantas novas pode prejudicar o crescimento e é grande preocupação para o agricultor.
Hélio Rabelo, gerente de produto da Syngenta Digital, explica que o algoritmo criado ajuda em um ponto essencial para a plantação.
“Muitas vezes o produtor perde o timing correto da aplicação dessas armadilhas por conta de uma decisão precária e pobre de saber realmente qual é a melhor área e mais adequada para monitorar, afinal são de centenas a milhares de talhões para serem inspecionados e perder esse tempo é o que causa perdas quase irreversíveis no manejo da cana.”
Plataformas de inteligência artificial já auxiliam na identificação de pragas da cana-de-açúcar Agrishow 2022 Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/g1
O sistema une informações de aplicações de colheita de plantio, plantio de variedades da cana de açúcar e combina com o modelo de risco que determina quais são as áreas mais propícias para aplicação da armadilha.
Posteriormente, é feito um direcionamento do monitoramento, visando diminuir a distância percorrida pelos monitores de campo e aumentando as áreas que têm maior probabilidade de sofrer com a broca.
Com anúncio feito na Agrishow em um evento exclusivo para clientes da empresa que trabalham com plantação de cana, a Syngenta começará a implantar a solução nessas propriedades e depois vai expandir a operação para futuros interessados.
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