Biden chama de ‘genocídio’ as ações da Rússia e anuncia mais US$ 800 milhões em armas à Ucrânia
O presidente dos EUA, Joe Biden, aumentou o tom das acusações contra a Rússia e seu presidente, Vladimir Putin. Depois de chamar o homólogo de “criminoso de guerra”, o líder norte-americano disse na terça-feira (12) que as ações do exército russo na Ucrânia configuram “genocídio”, de acordo com a rede CNBC.
“Chamei isso de genocídio porque fica cada vez mais claro que Putin está simplesmente tentando acabar com a ideia de ser ucraniano”, disse Biden. “As evidências estão se acumulando. Parece diferente da semana passada. Mais evidências estão surgindo literalmente das coisas horríveis que os russos fazem na Ucrânia”.
No início do mês, após a divulgação das cenas chocantes do massacre na cidade ucraniana de Bucha, Biden já havia sido duro ao falar de Putin. “Vocês devem lembrar que fui criticado por chamar Putin de criminoso de guerra”, disse ele na ocasião. “Bem, a verdade é que você viu o que aconteceu em Bucha. Isso garante: ele é um criminoso de guerra. Mas temos que reunir as provas”.
A forte declaração de Biden foi bem recebida pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que se manifestou no Twitter. “Palavras verdadeiras de um verdadeiro líder. Chamar as coisas pelos seus nomes é essencial para enfrentar o mal. Estamos gratos pela assistência dos EUA fornecida até agora e precisamos urgentemente de mais armas pesadas para evitar mais atrocidades russas“.
True words of a true leader @POTUS. Calling things by their names is essential to stand up to evil. We are grateful for US assistance provided so far and we urgently need more heavy weapons to prevent further Russian atrocities.
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) April 12, 2022
E o pedido do líder ucraniano por mais armas foi devidamente atendido. Na quarta-feira (13), os dois presidentes conversaram por cerca de uma hora, e na sequência Biden anunciou um novo pacote de US$ 800 milhões em armas, munição e outras formas de suporte de segurança a serem enviados à Ucrânia.
“O fornecimento constante de armas dos Estados Unidos e seus aliados e parceiros à Ucrânia tem sido fundamental para sustentar sua luta contra a invasão russa”, disse o presidente dos EUA em comunicado, segundo a agência Associated Press.
“Isso ajudou a garantir que Putin falhasse em seus objetivos iniciais de guerra para conquistar e controlar a Ucrânia. Não podemos descansar agora. Como assegurei ao presidente Zelensky, o povo americano continuará ao lado do bravo povo ucraniano em sua luta pela liberdade”.
Aliados cautelosos
Enquanto Biden abandona a cautela ao analisar as ações de Putin na guerra, outros líderes ocidentais agem com comedimento. Entre eles o presidente francês Emmanuel Macron, que tem aceitado bem o uso da expressão “crimes de guerra“, mas refutou a palavra “genocídio”.
“Sou prudente com os termos hoje”, disse Macron, em meio à corrida eleitoral que pode tirá-lo do poder na França, na disputa contra a candidata da extrema direita Marine Le Pen. “O genocídio tem um significado. O povo ucraniano e o povo russo são irmãos. Não tenho certeza se a escalada de palavras serve à nossa causa”.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, não usou a palavra “genocídio”, mas disse não se opor a quem o tem feito. “Existem processos oficiais em torno da determinação de genocídio”, disse. “Acho absolutamente certo que mais pessoas… (estejam) falando e usando a palavra genocídio em termos do que a Rússia está fazendo e Vladimir Putin está fazendo”.
Assim como Macron, Trudeau prefere manter-se um passo atrás nas acusações contra Putin. “A maneira como eles estão atacando a identidade e a cultura ucranianas são crimes de guerra pelos quais Putin é responsável”, declarou..
O Massacre de Bucha
A pressão dos governos ocidentais contra a Rússia aumentou consideravelmente depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.
“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.
Civis mortos nas ruas de Bucha cidade ucraniana (Foto: reprodução/Twitter)
Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.
Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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