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EUA ameaçam sancionar a China em caso de apoio material à Rússia nos ataques à Ucrânia

O governo dos EUA continua de olho no comportamento da China no que tange à guerra desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com a vice-secretária de Estado Wendy Sherman, as duras sanções impostas a Moscou pelo Ocidente servem como referência para as consequências que Beijing sofreria caso desse suporte efetivo a seu aliado no conflito. As informações são da agência Reuters.

“Isso dá ao presidente Xi, eu acho, uma boa compreensão do que pode acontecer se ele, de fato, apoiar Putin de alguma forma material”, disse Sherman na quarta-feira (6), em uma audiência do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Segundo Sherman, as sanções mostram a força da aliança ocidental, algo que pegou o presidente russo Vladimir Putin de surpresa. E Beijing deveria “tirar as lições certas” desse exemplo.

“Esperamos que a RPC entenda que qualquer ação desse tipo teria uma resposta da comunidade internacional, não apenas dos Estados Unidos”, disse ela, referindo-se à República Popular da China.

O presidente Xi Jinping recebe o líder russo Vladimir Putin em 2018 (Foto: WikiCommons)

No início de fevereiro, antes do início da guerra, China e Rússia anunciaram uma aliança que classificaram como “sem limites“. Após a explosão do conflito, Beijing tenta se posicionar como neutra, vez que mantém boas relações tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Entretanto, as ações práticas do governo chinês têm sido sempre em sintonia com Moscou.

No âmbito doméstico, o controle estatal da informação é parte do esforço de Beijing para difundir a ideia de que é um mediador no conflito, preservando ao mesmo tempo o discurso de que a Rússia tem o direito de defender seus interesses. Assim, manifestações públicas de crítica à guerra ou favoráveis à Ucrânia são censuradas pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

A China chegou a solicitar à Rússia que adiasse o ataque ao menos até o final dos Jogos de Inverno Beijing 2022, realizados entre 4 e 20 de fevereiro, para não ofuscar o evento. Já Moscou teria pedido ao aliado equipamento militar para a invasão, segundo uma autoridade norte-americana. O Ministério das Relações Exteriores chinês chamou essas acusações de “desinformação” e “intenções maliciosas”.

Na visão de Sherman, porém, a China já manifesta sinais de estar “em conflito” interno quanto a seu posicionamento pró-Rússia, sobretudo depois das denúncias de um massacre na cidade ucraniana de Bucha, cujas imagens foram reveladas no último sábado (2).

“Isso não quer dizer que eles não vejam a Rússia como um parceiro. Eu não sou ingênua, eles veem. Mas eles também disseram publicamente que não é uma aliança”, disse a vice-secretária de Estado.

Por que isso importa?

Desde o início da guerra na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, a China deixa clara sua oposição às sanções impostas à Rússia. Beijing voltou a manifestar esse posicionamento em uma cúpula virtual que reuniu líderes da UE e do país asiático no dia 1º de abril.

Após a cúpula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen disse esperar que, no mínimo, a China não interfira nas sanções ocidentais, mesmo que não as aprove. Entretanto, ela admitiu que Beijing não deu nenhuma garantia de que não fornecerá suporte financeiro ou militar à China.

No dia anterior ao encontro virtual, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, havia afirmado que o país asiático “desaprova a solução de problemas por meio de sanções e se opõe ainda mais a sanções unilaterais e jurisdições de longo alcance que não têm base no direito internacional”.

Segundo Zhao, Beijing não admite ser forçada a “escolher um lado ou adotar uma abordagem simplista de amigo ou inimigo. Devemos, em particular, resistir ao pensamento da Guerra Fria e ao confronto do bloco”.

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