Itamaraty divulga cumprimentos a Macron por reeleição na França; Bolsonaro não se manifesta
Presidentes brasileiro e francês divergem sobre política ambiental e Amazônia. Comentário de Bolsonaro sobre primeira-dama francesa estremeceu relação. Macron recebeu Lula. Presidente francês Emmanuel Macron é reeleito com mais de 58% dos votos
O Ministério das Relações Exteriores cumprimentou nesta segunda-feira (25) o presidente Emmanuel Macron, pela reeleição nas eleições presidenciais da França. Apesar da declaração do Itamaraty, o presidente Jair Bolsonaro não tinha se manifestado sobre a vitória de Macron.
Macron foi reeleito ao vencer o segundo turno deste domingo (24) contra a representante da extrema direita Marine Le Pen, que admitiu a derrota minutos após o fechamento das urnas.
“O Governo brasileiro cumprimenta o senhor Emmanuel Macron por sua reeleição à Presidência da República Francesa. O Brasil reafirma a disposição de trabalhar pelo aprofundamento dos laços históricos que unem os dois países e trazem benefícios mútuos a brasileiros e franceses, e manifesta expectativa de seguir implementando a ampla agenda bilateral”, afirmou em nota o Itamaraty.
A relação entre Macron e Bolsonaro é marcada por trocas de críticas. Um dos temas mais sensíveis é a política ambiental brasileira, criticada pelo líder francês. Bolsonaro, por sua vez, acusa Macron de ter interesses escusos em relação à floresta brasileira.
Bolsonaro também criou polêmica ao fazer um comentário sobre a primeira-dama francesa, ao qual Macron reagiu.
Em uma mensagem em rede social sobre a atuação de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para combater as queimadas na Amazônia, um seguidor postou fotos dos presidentes acompanhados de suas mulheres com a seguinte pergunta: “Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?”. O seguidor ainda acrescentou: “É inveja presidente do Macron, pode crê [sic]”. Bolsonaro respondeu ao comentário dizendo: “Rodrigo Andreaça não humilha kkkkk”.
Macron criticou o comentário classificando-o de “extraordinariamente desrespeitoso”. O chefe de estado francês disse ainda esperar que os brasileiros tenham rapidamente um presidente à altura do cargo.
“O que eu posso dizer? É triste, é triste. Mas é triste, em primeiro lugar, para ele e para os brasileiros. Eu penso que as mulheres brasileiras têm, sem dúvida, vergonha de ler isso de seu presidente”, afirmou Macron.
“Creio que os brasileiros, que são um grande povo, têm também vergonha de ver esse comportamento — eles esperam, quando se é presidente, que nos comportemos bem em relação aos outros”, disse o presidente francês.
Em novembro, Macron recebeu com honras de chefe de Estado no Palácio do Eliseu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato a presidente na eleição deste ano e adversário de Bolsonaro, que tentará a reeleição (imagem abaixo).
O ex-presidente Lula durante encontro com Emmanuel Macron, presidente da França, em novembro, em Paris
Ricardo Stuckert/Reprodução/Twitter
Amazônia
Em 2019, Bolsonaro disse que o presidente da França teria de “retirar insultos” contra ele e contra o Brasil antes de considerar aceitar a ajuda de US$ 20 milhões dos países do G7 para combater queimadas na Amazônia.
Bolsonaro disse que Macron o chamou de “mentiroso” e ameaçou a soberania da Amazônia ao falar sobre a definição de um “status internacional” da Amazônia.
O presidente deu as declarações ao ser questionado sobre o motivo de o país não aceitar a ajuda oferecida pelo G7, proposta após a divulgação de números recordes de queimadas. Bolsonaro apresentou condições para conversar sobre o tema.
“Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que fez à minha pessoa. Primeiro, me chamou de mentiroso. E depois, informações que eu tive, de que a nossa soberania está em aberto na Amazônia”, declarou Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada.
“Para conversar ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras e daí a gente pode conversar”, acrescentou.
Um dos jornalistas insistiu no assunto, ao questionar se, caso Macron retirasse os comentários sobre a internacionalização da Amazônia, o Brasil poderia aceitar o dinheiro. Bolsonaro respondeu: “Primeiro ele retira, depois ele oferece, daí eu respondo”.g1 > MundoRead More