Jornalistas de Belarus ganham o Prêmio Mundial da Liberdade de Imprensa
A Associação Belarussa de Jornalistas (BAJ) foi anunciada na terça-feira (26) como a vencedora do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano deste ano, seguindo a recomendação do júri internacional.
A BAJ foi formada em 1995 como uma associação não governamental de trabalhadores da mídia com o objetivo de promover a liberdade de expressão e o jornalismo independente em Belarus. A entidade reúne mais de 1,3 mil jornalistas associados e é membro da Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e da Federação Europeia de Jornalistas (EFJ).
Desde a eleição presidencial em Belarus em agosto de 2020, que atraiu milhões às ruas em protesto nos meses seguintes, os direitos humanos básicos estão na mira do governo.
Em março deste ano, o escritório de direitos humanos da ONU produziu um relatório exigido pelo Conselho de Direitos Humanos sobre a situação no país europeu. O documento diz que a repressão contínua do governo violou os direitos de centenas de milhares.
Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, em reunião com militares (Foto: reprodução/eng.belta.by)
“O exame não apenas revela as violações infligidas às pessoas que tentam exercer seus direitos humanos fundamentais, mas também destaca a incapacidade das vítimas de acessar a Justiça”, disse a chefe de direitos da ONU, Michelle Bachelet.
Em agosto de 2021, após uma batida policial no escritório da BAJ, o Supremo Tribunal de Belarus ordenou a dissolução da organização, a pedido do Ministério da Justiça do país.
“Ao entregar o prêmio à BAJ, estamos ao lado de todos os jornalistas de todo o mundo que criticam, se opõem e denunciam políticos e regimes autoritários, transmitindo informações verdadeiras e promovendo a liberdade de expressão”, disse Alfred Lela, presidente do prêmio do júri internacional e fundador e diretor de uma organização de mídia albanesa. “Hoje nós os saudamos e elogiamos. Encontramos uma maneira de dizer: estamos com você e valorizamos sua coragem”.
A chefe da Unesco, Audrey Azoulay, observou que há 25 anos o Prêmio Unesco/Guillermo Cano “chama a atenção do mundo para a bravura de jornalistas de todo o mundo que se sacrificam tanto na busca da verdade e da responsabilidade. Mais uma vez, somos inspirados pelo exemplo deles e lembrados da importância de garantir o direito dos jornalistas em todos os lugares de relatar de forma livre e segura”.
O prêmio de US$ 25 mil reconhece contribuições extraordinárias para a defesa ou promoção da liberdade de imprensa, especialmente diante do perigo. É nomeado em homenagem a Guillermo Cano Isaza, o jornalista colombiano que foi assassinado em frente aos escritórios de seu jornal El Espectador em Bogotá, Colômbia, em 17 de dezembro de 1986.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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