‘O pior crime de guerra é a própria guerra’, diz chefe da ONU em visita à Ucrânia
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, chegou à Ucrânia nesta quinta-feira (28), para encontros separados com o presidente Volodymyr Zelenskyy e o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.
A visita do chefe da ONU ao país acontece após Guterres se reunir também com os chefes de Estado da Turquia, Rússia e Polônia. Todos sobre a guerra no território ucraniano e na busca por formas de acesso de ajuda humanitária, evacuação de civis e pelo fim da violência.
O secretário-geral visitou três cidades perto de Kyiv fortemente afetadas, que tiveram a infraestrutura civil destruída. Ao observar os abalos causados pela violência, ele contou que imaginava como seria sua própria família vivendo nas casas alvejadas e fugindo dos ataques.
Para Guterres, a guerra no século 21 é absurda e inaceitável. Ao ver de perto a destruição, ele expressou pêsames às famílias das vítimas.
Secretário-geral da ONU, António Guterres, na Ucrânia (Foto: UN Photo/Eskinder Debebe)
Ao passar pelas cidades bombardeadas de Borodyanka, Bucha e Iprin, o secretário-geral se disse chocado e lembrou que famílias inteiras e crianças tiveram que enfrentar essas imagens de horror.
Em Bucha, o líder da ONU visitou um local no qual havia uma vala comum onde centenas de pessoas foram enterradas por familiares e vizinhos. Ele afirmou que é de extrema importância abrir investigações sobre a ofensiva à Ucrânia, reforçando seu apoio ao trabalho do TPI (Tribunal Penal Internacional).
Guterres ainda fez um apelo para que a Rússia coopere com as investigações. Ao falar sobre os crimes de guerra, ele disse que “o pior crime de guerra é a própria guerra”.
Em Irpin, o chefe da ONU visitou um complexo residencial destruído e afirmou que o “cenário horrível demonstra algo que infelizmente é sempre verdade: os civis sempre pagam o preço mais alto”. De acordo com o Centro de Satélites das Nações Unidas, 71% de Irpin foi destruída.
Massacre de Bucha
No início deste mês, a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse que ficou “horrorizada” com imagens mostrando os corpos de civis mortos nas ruas de Bucha e em sepulturas improvisadas.
Para a alta comissária, os relatos levantam questões sérias sobre possíveis crimes de guerra, bem como graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.
Busca por justiça
Sobre o apelo feito pelo secretário-geral na busca de justiça para as vítimas na Ucrânia, o promotor do TPI, Karim Khan, falou a jornalistas, na noite de quarta-feira (27), do lado de fora do Conselho de Segurança na sede da ONU em Nova York.
Ele afirmou que esse é um momento de ação e que o “direito internacional não pode ser um espectador passivo”, precisando se mover para proteger e buscar responsáveis.
O promotor conduz uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e contra a humanidade desde 2 de março, após o encaminhamento de um pedido de 43 Estados-Membros. O foco da investigação são “supostos crimes cometidos no contexto da situação na Ucrânia desde 21 de novembro de 2013”.
Segundo Khan, desde o início da investigação, uma equipe de especialistas já examinou vários locais na Ucrânia, incluindo Lviv, Kyiv e Bucha.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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