PIB da China registra crescimento de 4,8% no 1º trimestre
Meta de expansão para 2022 é de 5,5%, um ano crucial para o presidente Xi Jinping, que aspira permanecer no poder por mais um mandato de cinco anos. Profissionais de saúde realizam teste de coronavírus em um homem no distrito de Pudong, em Xangai.
Liu Jin/AFP
A China anunciou nesta segunda-feira (18) que registrou um crescimento de 4,8% da economia, em ritmo anual, no primeiro trimestre, apesar do confinamento por Covid-19 em várias cidades, incluindo Xangai, principal centro empresarial do país.
A alta no primeiro trimestre supera o crescimento de 4% registrado no mesmo período de 2021, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) da China.
A expansão de 4,8% no 1º trimestre superou a expectativa de analistas de ganho de 4,4% e acelerando ante taxa de 4,0% no quarto trimestre.
Em relação aos 3 meses anteriores, o avanço foi de 1,3%.
Analistas dizem que os dados de abril devem ser piores, com lockdowns no centro comercial de Xangai e em outros locais pesando sobre a atividade, o que levou alguns a alertarem para os riscos de recessão.
A segunda maior economia do mundo começou a desacelerar no segundo semestre de 2021 com a crise no setor imobiliário e o aumento de casos de Covid-19, que provocou confinamentos em várias cidades.
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As restrições de saúde em grandes cidades do país, incluindo Xangai e o centro tecnológico de Shenzhen, também afetaram os números do comércio varejista e do emprego.
O dado do crescimento, no entanto, não reflete totalmente o impacto do confinamento em Xangai, que deixou milhões de pessoas em casa por várias semanas.
Desta maneira, cresce a pressão sobre as autoridades para alcançar a meta de crescimento de 5,5% para 2022, um ano crucial para o presidente Xi Jinping, que aspira permanecer no poder por mais um mandato de cinco anos.
Cenário difícil
“Devemos entender que, com o cenário local e internacional cada vez mais complicado e incerto, o desenvolvimento econômico enfrenta dificuldades e desafios crescentes”, afirmou Linghui em um comunicado.
Além do aumento de casos de coronavírus, as sanções contra a Rússia pela invasão da Ucrânia também afetam a economia chinesa.
A China registrou este ano um aumento na produção industrial e o consumo foi estimulado pelo feriado do Ano Novo Lunar, mas as restrições aos deslocamentos aplicadas em março pela pandemia afetaram a economia.
A produção industrial subiu 5% em março, abaixo do período de janeiro e fevereiro, de acordo com o ONE.
Ao mesmo tempo, o comércio varejista caiu 3,5% e o desemprego urbano subiu a 5,8% em março, segundo a agência de estatísticas.
“A atividade de março sugere que a economia chinesa desacelerou, especialmente o consumo doméstico”, afirmou Tommy Wu, economista-chefe para China da Oxford Economics.
O governo chinês tenta alcançar um equilíbrio entre “minimizar a interrupção (da economia) e a contenção da nova onda de contágios de covid-19”, acrescentou Wu, antes de alertar que a pressão sobre a economia pode seguir até maio ou inclusive por mais tempo.
Na semana passada, montadoras como XPeng e Volkswagen alertaram para graves interrupções na cadeia de suprimentos e possivelmente a paralisação da produção em caso de persistência do confinamento em Xangai, uma metrópole de 25 milhões de habitantes.
O porto de contêineres de Xangai, o mais movimentado do planeta, registra acúmulo de produtos, o que levou o grupo de transporte marítimo Maersk a anunciar a interrupção do envio de contêineres refrigerados à cidade.
“Mais impactos pelo confinamento são iminentes”, alertou Iris Pang, economista-chefe para China do ING.
Pang afirmou que outras cidades podem tentar replicar o êxito de Shenzhen, que retomou rapidamente as atividades ao adotar mediras rígidas com poucos pacientes de Covid-19.
Shenzhen, uma potência tecnológica no sul do país, permaneceu em confinamento por uma semana após um surto de covid-19 em março, mas logo em seguida suspendeu as restrições.
Xangai registrou nesta segunda-feira as primeiras três mortes por Covid-19 desde o início do confinamento em março. A cidade registrou 22.000 novos casos de coronavírus em 24 horas.
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