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Presidente do México triunfa em consulta popular sobre continuidade de seu mandato, mas participação não chega a 20%

López Obrador descartou que usaria a vitória no referendo para tentar aprovar uma reforma que permita reeleição. López Obrador discursa após vencer em consulta popular sobre a continuidade de seu mandato
Reuters/López Obrador
O presidente Andrés Manuel López Obrador governará o México até 2024, após a vitória numa consulta popular sobre sua continuidade no cargo, apesar da baixa participação.
Ao agradecer o apoio, López Obrador descartou a possibilidade de usar a vitória no referendo para estimular uma reforma constitucional que permita sua reeleição.
“Não vou fazer porque sou democrata e não sou a favor da reeleição. Vamos terminar a obra de transformação”, disse o presidente de esquerda em uma mensagem divulgada nas redes sociais.
De acordo com a apuração rápida do Instituto Nacional Eleitoral (INE), entre 90,3% e 91,9% dos eleitores votaram a favor de que López Obrador “siga na presidência”, contra de 6,4% a 7,8% que apoiaram a revogação do mandato “por perda de confiança”.
A taxa de participação foi de entre 17% e 18,2%.
A consulta, inédita no México, não atingiu a barreira para ser considerada vinculante (de cumprimento obrigatório), que era de participação de 40% das pessoas registradas para a votação (37 milhões).
Mesmo em caso de vitória da opção por sua saída do cargo, o presidente não estava obrigado a acatá-la. “Foi uma boa votação”, afirmou, ao destacar os 15,6 milhões de votos a seu favor.
AMLO, como é conhecido por suas iniciais, foi eleito para o período 2018-2024 com 30 milhões de votos, mas para o referendo do dia 10 de abril foram instaladas apenas um terço das urnas da última eleição presidencial.
Com ‘músculo’ para 2024
Para o analista político Hernán Gómez Bruera, o referendo demonstrou que a capacidade de mobilização de López Obrador “tem músculo”, apesar da elevada taxa de abstenção.
“O verdadeiro teste de fogo acontecerá em 2024, quando sair, porque ninguém parece capaz de ocupar seu lugar de liderança”, disse Gomez à AFP.
Para a sucessão, o presidente demonstra apoio a sua partidária Claudia Sheinbaum, prefeita da Cidade do México.
“Foi uma votação só entre eles, mas López Obrador vai querer utilizá-la para tentar controlar os órgãos eleitorais pensando em 2024”, comentou à AFP o historiador José Antonio Crespo.
No México, de 126 milhões de habitantes, o voto não é obrigatório.
AMLO acusa o INE de sabotar o referendo, em cumplicidade com a oposição, razão pela qual anunciou uma reforma para que seus membros e os do tribunal eleitoral sejam eleitos por votação popular e não pela Câmara dos Deputados.
“É categoricamente falso que o INE não tenha cumprido com seu dever de difundir” o referendo, assegurou neste domingo o presidente do organismo, Lorenzo Córdova.
O presidente anulou sua cédula ao escrever as palavras “Viva Zapata!” (referência ao líder revolucionário Emiliano Zapata) para se mostrar imparcial, mas Córdova denunciou o “potencial uso de recursos público” por parte da situação para promover a consulta.
“Não temos um rei no México, não há uma oligarquia, é uma democracia na qual o povo coloca e o povo tira”, afirmou no discurso de vitória.
AMLO conseguiu a inclusão da consulta na Constituição em 2019, como um antídoto contra “maus governos”.
Aos 68 anos, o primeiro presidente de esquerda do país tem uma aprovação de 58%, de acordo com a média das pesquisas.
Exercício de ‘propaganda’
“Estou contente com ele, tomara que continue e que repita”, disse Carmen Sobrino, de 64 anos, em sua seção eleitoral, embora no país não haja reeleição, nem extensão do mandato.
O presidente também já disse que se afastará da política quando terminar seu mandato.
Os opositores, que defenderam a abstenção, voltaram a criticar o referendo, que chamaram de ato de “propaganda”.
“Ficará marcado pela ilegalidade, mentiras, manipulação e desvio de recursos públicos”, disse Marko Cortés, do conservador Partido da Ação Nacional (PAN, segundo maior partido no Congresso).
“Pode ter sido um exercício histórico, mas o governo o transformou em uma zombaria para satisfazer seu próprio ego e continuar enganando os mexicanos”, disse Alejandro Moreno, líder do PRI, partido que dominou a política mexicana por décadas.
Nos dois anos e meio restantes de seu mandato, o projeto de “transformação” de López Obrador exige reformas constitucionais para as quais não possui maioria parlamentar.
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O presidente fundamenta sua aprovação em programas sociais aos quais destina este ano o equivalente a R$ 107 bilhões (6,4% do orçamento) e políticas como a melhoria do salário mínimo (atualmente cerca de R$ 1240).
De acordo com dados oficiais, 44% dos mexicanos vivem na pobreza, um dos males que AMLO se comprometeu a combater, juntamente com a corrupção.
Entre os outros desafios do presidente também estão a persistente violência, que deixou cerca de 340 mil mortos desde 2006, e uma economia impactada pela pandemia, que despencou 8,4% em 2020, recuperou-se 5% em 2021 e que este ano cresceria apenas 3,4%.g1 > MundoRead More

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