Quem é Ketanji Brown Jackson, a 1ª juíza negra da Suprema Corte dos EUA
A indicação de uma mulher negra era uma promessa de campanha do presidente democrata – ela foi repetidamente atacada por republicanos que a acusaram de ser ‘fraca no combate a crimes’. Ketanji Brown James no Capitólio americano em foto de 4 de abril de 2021
Manuel Balce Ceneta/AP
O Senado dos Estados Unidos aprovou, nesta quinta-feira (7) a indicação do presidente americano, Joe Biden, Ketanji Brown Jackson, para uma cadeira na Suprema Corte do país.
Com a aprovação, Jackson se tornou a primeira mulher negra a assumir uma posição na mais alta corte dos EUA, um cargo que é vitalício.
Apesar da aprovação, Jackson apenas poderá assumir o cargo após a saída do atual ministro Stephen Breyer, que disse que deixará o assento antes do recesso, em junho.
A indicação de uma mulher negra era uma promessa de campanha do presidente democrata – ela foi repetidamente atacada por republicanos que a acusaram de ser “fraca no combate a crimes”.
Com controle da maioria da casa, os democratas confirmaram a indicação. Era necessária apenas a maioria simples para a confirmação.
Joe Biden cumprimenta a juíza Ketanji Brown Jackson em 7 de abril de 2022
Susan Walsh/AP
1ª mulher negra
Jackson é uma juíza de segunda instância de 51 anos. Além de ser a primeira mulher negra, é apenas a terceira pessoa negra a assumir a mais alta posição da corte.
Atualmente, apenas o juiz conservador Clarence Thomas.
A juíza trabalhou como defensora pública e, como tal, representou réus pobres. Ela também fazia parte de uma comissão encarregada de fazer recomendações sobre sentenças federais.
Ela é também a sexta mulher, na história da Suprema Corte dos EUA a assumir o cargo de juíza. Atualmente, mais três mulheres ocupam cadeiras no tribunal:
Sonia Sotomayor e Elena Kagan, na ala liberal
Amy Coney Barrett, na ala conservadora
Juíza Ketanji Brown Jackson presta juramento durante sessão do Senado em 21 de março de 2022
Jacquelyn Martin/AP/Arquivo
É também inédito que quatro mulheres ocupem, ao mesmo tempo, espaço na corte que conta com nova assentos vitalícios.
Republicanos a acusam, como juíza, de ter dado sentenças baixas em casos de pornografia infantil.
Especialistas do principal grupo de advocacia do país rejeitaram as acusações de republicanos de que ela é fraca no combate a crimes, incluindo pornografia infantil.
Juíza ‘mão na massa’
Mas ela também será uma das poucas a ter experiência profissional no sistema penal.
A maioria dos juízes desse nível se destacou como promotores, mas ela defendeu réus por dois anos como defensora pública em Washington.
O desconhecimento da lei pelos réus a impactou e, assim que se tornou juíza, se esforçou para explicar suas decisões aos condenados.
Ketanji Brown Jackson em imagem de abril de 2021
Tom Williams/ POOL / AFP
Tio foi condenado à prisão perpétua
As consequências do sistema judicial são familiares para a família Jackson. Um de seus tios foi condenado à prisão perpétua, em 1989, sob uma lei muito repressiva.
Ele foi condenado, à época, a esta sentença “automática” após ter sido condenado a três crimes contra as leis de entorpecentes.
Em reportagem do jornal “The Washington Post”, um amigo da juíza, que não foi identificado, disse que ela não tinha muito contato com o tio, mas que a experiência “trouxe consciência”.
Filha de professores
Jackson é filha de professores e teve uma infância estável no estado americano da Flórida.
Seu pai retomou seus estudos de direito e tornou-se advogado em um conselho escolar, enquanto sua mãe ascendeu ao posto de diretora.
Durante seus estudos do ensino médio, ganhou concursos de eloquência e mais tarde estudou na prestigiosa Universidade de Harvard, onde se formou com excelentes notas.
Ela chegou a trabalhar para o juiz Breyer, a quem agora substituirá.
A juíza é casada com um médico cirurgião, com quem tem duas filhas.g1 > MundoRead More