Associação de rádios e TVs protesta contra repressão na Nicarágua
A data de 30 de maio é, originalmente, o Dia das Mães na Nicarágua, mas, desde 2018, quando uma grande manifestação foi reprimida no país, também é um dia para lembrar luta contra o regime de Daniel Ortega. Policiais da Nicarágua na capital do país, Managua, em 20 de maio de 2022
Maynor Valenzuela/Reuters
A Associação Internacional de Rádio e TV (IAB, na sigla em inglês) fez uma manifestação em solidariedade à imprensa da Nicarágua nesta segunda-feira (30). O regime de Daniel Ortega fechou quase todos os jornais independentes e, atualmente, restam duas emissoras de TV no país —ambas são alinhadas ao governo.
Num documento, a associação afirma estar preocupada pela “passividade, tolerância e indiferença da comunidade internacional frente aos regimes autoritários e ditatoriais que, de maneira incomum, ainda existem no século 21”.
A entidade ainda chama a atenção para o fato de que neste ano a perseguição aos jornalistas e aos meios de comunicação independente se intensificou no país da América Central. O documento aponta alguns fatos que a entidade considera abusivos:
detenções arbitrárias;
operações de busca e apreensão arbitrárias;
acusações sem fundamento;
encerramento e ocupação indevida de instalações de jornais pelas forças políticas da Nicarágua.
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De acordo com o documento, jornalistas e diretores de veículos de imprensa do país receberam penas entre 9 e 13 anos de prisão, e não houve as garantias de direito à defesa.
Um dos radialistas que teve seu veículo de comunicação fechado foi Anibal Toruño. Impedido de seguir com sua profissão em seu país, hoje ele mora nos Estados Unidos.
Toruño afirma que os países democráticos foram lentos para reagir ao regime de Daniel Ortega na Nicarágua: “Os países democráticos, inicialmente, duvidavam que ele era um ditador, achavam que era necessário negociar com Ortega, mas ele nunca teve intenção de voltar à democracia, o projeto de ditadura dele sempre existiu”, afirmou.
Para Toruño, os países democráticos precisam agir em conjunto para isolar o regime de Ortega. “Há provas suficientes para levá-lo a juízo por crimes de lesa humanidade”, diz ele.
A data do protesto
Em 2018, houve uma série de protestos contra o presidente Daniel Ortega. Nas manifestações, morreram 83 pessoas.
O dia 30 de maio é o dia das mães na Nicarágua. Nessa data daquele ano houve um grande protesto no país com a participação das mães das vítimas. O governo, em resposta, agiu reprimindo também esse protesto.
“Ortega tenta caracterizar o dia 30 de maio como um dia de festa, para comemorar as mães, mas desde 2018 a data não é mais isso. A ideia de fazer festa é, na verdade, para enterrar a memória de um povo. Quando houver um novo governo, será preciso mudar o Dia das Mães”, diz Toruño.
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