Bailarino do RJ deixa Bolshoi por causa da guerra e é convidado a integrar o Municipal
David Motta, de 25 anos, foi estudar na Rússia há 13 anos e estava no auge da carreira. Com medo da guerra, ele deixou o país e voltou ao Brasil. Bailarino carioca deixa Bolshoi por causa da guerra e é convidado a integrar o Municipal
Um bailarino do Rio de Janeiro, que estava no auge da carreia aos 25 anos, na maior companhia do mundo, teve que abandonar tudo por causa da guerra da Rússia com a Ucrânia. E, agora, para viver a arte, está dando novos passos em direção ao futuro.
David Motta é um artista destemido, talentoso, conectado e consciente de seu papel no mundo.
Nascido em Cabo Frio, na Região dos Lagos, foi abençoado com o dom da dança. Construiu uma bela carreira internacional e se consagrou como primeiro solista do balé Bolshoi, na Rússia.
Mas veio a guerra, que destruiu a ligação de David com a dança em Moscou.
David foi morar na Rússia com 12 anos de idade, para estudar e começar a dançar. Chegou ao ápice da carreira, mas aos 25 anos, com medo, se desligou do balé Bolshoi e voltou para o Brasil.
“Saí do Bolshoi depois de 13 anos estando na Rússia, depois de ter estudado e me formado na escola e ter integrado o Bolshoi, estando com uma carreira já no auge, crescendo e evoluindo. Foi uma decisão muito difícil. Depois de 13 anos num país você acaba criando amizades, laços de família, pessoas que se tornaram a minha família. E deixar essas pessoas para trás é de cortar o coração”, disse o jovem.
O Lago dos Cisnes, no Municipal
Reprodução/TV Globo
Mudança para o Brasil
David é o bailarino convidado da temporada do balé “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
“Ter o David Motta, nesse balé, é muito enriquecedor. Um bailarino jovem, brasileiro, que traz a experiência de uma das maiores companhias do mundo, que é o balé Bolshoi”, fala o remontador do balé, Jorge Teixeira.
Esse balé estreou na Rússia há 145 anos e é um dos mais populares do mundo. Conta a história de uma princesa que é enfeitiçada por um bruxo e ganha forma de cisne. A maldição só vai ser quebrada se um jovem virgem lhe declarar amor e fidelidade.
“Após esses longos 2 anos de pandemia, esse reencontro da orquestra e do balé do Theatro Municipal é uma coisa maravilhosa, porque fazer essa obra do Lago dos Cisnes, do balé do repertório mundial, é que nos faz únicos no Brasil”, diz o diretor do espetáculo, Hélio Bejani.
A primeira-bailarina Cláudia Motta, que vai dividir o palco com David, também segue um fluxo de mudança.
“Eu continuo primeira-bailarina do Theatro Municipal, minha casa que eu amo, mas é a última vez que eu faço o Lago dos Cisnes na minha carreira. Por isso, é tão especial pra mim”.
A guerra na ucrânia ainda não acabou.
“Eu planejei essa rota de fuga porque eu fiquei com medo do que poderia acontecer. (…) Consegui comprar uma passagem para a Turquia, consegui os últimos assentos, e graças a Deus consegui embarcar e sair tranquilo do país”, contou David.
Ele diz que está num processo de mudança.
“Saí de Moscou, assinei contrato agora com a Companhia de Berlim, como primeiro-bailarino, e estou nesse processo que estou tentando me reencontrar e tentar me reerguer do zero”.
O Lago dos Cisnes começa no sábado (14), às 19h. Os ingressos de meia-entrada custam a partir de R$ 10.
David Motta voltou para o Brasil após 13 anos na Rússia
Reprodução/TV Globog1 > MundoRead More