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Classificado como ‘nazista’ por Moscou, batalhão Azov é considerado heróico por parte dos ucranianos; entenda

Um dos motivos dados pela Rússia para iniciar os ataques foi a ‘desnazificação’ do território da Ucrânia. Batalhão de voluntários originalmente de extrema-direita hoje está integrado à Guarda Nacional ucraniana e oferece forte resistência aos invasores. Grupo de manifestantes em Kiev pede por ajuda à população de Mariupol com bandeira do Batalhão Azov ao centro
Sergei Supinsky/AFP
Valentina Ocheretna esperou em vão, durante semanas, uma ligação de seu filho Sasha, ferido em combate em março quando lutava contra as tropas russas na cidade de Mariupol junto ao batalhão Azov, extremistas para alguns, mas com uma sólida reputação entre os ucranianos.
Durante oito anos, Sasha combateu ao lado deste regimento, um batalhão de voluntários originalmente de extrema-direita, depois integrado à Guarda Nacional, cujos membros foram acusados de ter vínculos com extremistas.
“Sasha escolheu defender seu país. E ninguém pode culpá-lo por isso” disse Valentina à AFP, em Kiev, a capital ucraniana.
Este batalhão foi denunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, durante seus longos discursos contra Kiev e em sua promessa de “libertar” e “desnazificar” a Ucrânia.
Reputação do batalhão Azov
19/02 – Mulheres participam de um treinamento militar para civis conduzido por veteranos do batalhão Azov da Guarda Nacional Ucraniana em Kharkiv, na Ucrânia
Vyacheslav Madiyevskyy/Reuters
Porém, na Ucrânia, o regimento Azov mantém uma sólida reputação e é elogiado por muitos pelo seu implacável compromisso, durante anos, de combater as incursões russas no país.
No início do mês de maio aconteceram manifestações de apoio ao batalhão Azov e aos seus integrantes em Kiev, pela defesa de Mariupol, em um momento no qual as tropas russas reforçam o cerco contra um dos últimos pontos de resistência ucraniano, instalado em uma siderúrgica desse porto.
Membros da guarda ucraniana nacional ‘Azov’ e ativistas participam de um protesto em Kiev, na Ucrânia, contra as eleições locais em áreas controladas por rebeldes pró-russos do leste do país, antes da invasaão
Gleb Garanich/Reuters
Muitos manifestantes tinham familiares e amigos no batalhão Azov e alguns tremulavam bandeiras ucranianas, com um logotipo similar à “Wolfsangel”, usado por unidades nazistas na II Guerra Mundial.
Porém, apesar das críticas, em sua maioria no exterior, que o batalhão recebe, os apoiadores afirmam que as tropas estão combatendo os fascistas e não apoiando os fascistas.
Se os membros do batalhão Azov “tivessem uma ideologia radical, teriam sido expulsos do exército. Eu não vejo nenhum radicalismo de extrema-direita neles”, disse Taras Rokovyi, um empresário de 32 anos de Kiev. “São simplesmente heróis ucranianos”, acrescenta.
O que é o batalhão Azov?
Fundado em 2014 por militares de extrema-direita e integrado posteriormente às Forças Armadas ucranianas, o batalhão Azov é um dos adversários mais combativos das tropas russas, que iniciaram uma ofensiva militar na Ucrânia em 24 de fevereiro.
O batalhão Azov adquiriu importância já em 2014, quando pegou em armas para fazer retroceder as tropas separatistas pró-Rússia na região de Donbass, depois que Moscou ocupou e anexou a península da Crimeia.
Nacionalistas ucranianos e militares do Azov fazem passeata em Kiev, em 2014, para marcar a fundação do Exército Insurgente Ucraniano. O movimento de resistência paramilitar foi formado em 1943 para lutar pela independência do país
Genya Savilov/AFP
Na fundação, o grupo adotou uma série de símbolos neonazistas e manteve contato com movimentos de extrema-direita, porém, renunciou ao discurso antes de serem integrados sob o comando do exército ucraniano.
“O batalhão Azov faz parte da Guarda Nacional da Ucrânia, já não é mais uma unidade paramilitar. A conexão com políticos de extrema-direita faz parte da história”, disse Volodymyr Fesenko, um analista político baseado em Kiev para a AFP.
Os membros e outros combatentes ucranianos se recusam a entregar as armas no porto cercado de Mariupol (sudeste da Ucrânia), onde os últimos defensores da cidade estão entrincheirados na siderúrgica de Azovstal, alvo de um ataque russo desde terça-feira.
Para muitos ucranianos são heróis, mas na Rússia são apresentados como “fascistas” e “nazistas” que cometem abusos.
‘Outra Bucha’
A moradora de Mariupol, Svitlana Mitroshenko concorda e cita o apoio crucial – incluindo comida – que os combatentes de Azov proporcionam aos civis desde o início da invasão e após o longo assédio russo.
“Se não fosse pelos combatentes de Azov, seguramente poderíamos ter tido aqui outra Bucha”, disse Mitroshchenko, secando as lágrimas, em alusão à localidade próxima de Kiev onde as tropas russas são acusadas de terem cometido crimes de guerra, com um massacre a civis.
“São os russos que deveriam ser qualificados como nazistas”, acrescenta a mulher.
Importância dos Azov
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro, a defesa do batalhão Azov de Mariupol reforçaram sua popularidade e muitos ucranianos os consideram os mais valentes entre os valentes, uma vez que estão em menor quantidade e com menos suprimentos que as tropas de Moscou.
“Eles têm grande valor em aguentar uma situação difícil. Provavelmente vão ficar aí até morrer”, disse Khrystyna Shemshuk, de 21 anos.g1 > MundoRead More

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