Condição financeira de brasileiros presos por tráfico na Tailândia indica que foram aliciados, diz PF
Segundo a PF, mulher suspeita de aliciar grupo foi presa nesta quinta (5); investigação aponta que ela e outros dois brasileiros presos já haviam feito transporte de drogas ao exterior em outra ocasião. Polícia prende suspeita de aliciar detidos com cocaína na Tailândia
A Polícia Federal (PF) está investigando como os três brasileiros presos por tráfico internacional de drogas, na Tailândia, foram aliciados para fazer o transporte de 15,5 quilos de cocaína. Uma mulher suspeita de aliciar o grupo foi presa nesta quinta-feira (5), em Curitiba, na operação ONG BAK.
Segundo o superintendente da PF no Paraná, Omar Haj Mussi, a suspeita é Camila Raposo Broca e as investigações tentam descobrir se ela teria alguma outra participação no esquema.
O advogado Vinícius Monteiro Schenfeld França defende Camila Raposo Broca e informou estar apurando os autos de investigação e que se manifestará ao longo do processo.
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Segundo Mussi, uma das indicações de que os brasileiros foram aliciados é a de que os presos na Tailândia não tinham condições financeiras de fazer uma viagem como aquela.
“Se tratam de pessoas de classe média baixa, cuja remuneração laboral não proporcionaria condições de viajar a turismo para a Europa e, muito menos, para a Tailândia. É uma prática do tráfico de drogas tentar o aliciamento, o recrutamento dessas pessoas em troca da oferta, mediante à oferta de grandes quantias em dinheiro.”
A polícia informou que ainda investiga como os três foram aliciados e quanto iriam receber para levar a droga.
Segundo o superintendente, o comum nesses casos é o recrutamento pelas redes sociais, por pessoas conhecidas ou que se encontram em festas onde há, geralmente, o consumo de substâncias ilícitas.
Investigação
Vídeo mostra brasileiros suspeitos de tráfico internacional de drogas na Tailândia com suposta aliciadora em aeroporto antes de embarque, diz PF
Reprodução
Câmeras do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, ajudaram a chegar até a suspeita de aliciamento.
As imagens mostram dois dos três presos na Tailândia, antes do embarque, caminhando pelo aeroporto. O casal estava acompanhado de Camila.
A suspeita foi presa pela manhã, em casa, no Bairro Portão. Os policiais também procuravam mais provas da participação dela no esquema de tráfico de drogas.
Na decisão que determinou a prisão preventiva, a juíza Sandra Soares destaca que Camila viajou anteriormente à Europa em duas ocasiões com um dos presos na Tailândia, Ricardo de Almeida da Rosa.
A suspeita da polícia é que, nas outras ocasiões, a viagem também era para transportar drogas.
Vídeo mostra brasileiros suspeitos de tráfico na Tailândia com aliciadora antes de embarqu
Segundo a polícia, a apuração também busca identificar para quem Camila trabalhava.
Ela e os três presos na Tailândia são suspeitos de tráfico internacional de drogas e associação criminosa para o tráfico. A pena no Brasil pode chegar a 25 anos de prisão.
A PF informou que pedirá à Justiça a extradição dos três brasileiros. Caso o pedido seja aceito, o Ministério da Justiça deve começar uma negociação com autoridades tailandesas para eles possam responder pelo crime no Brasil.
“Através dessa investigação, nós comprovamos a transnacionalidade do delito, isto é, o delito se iniciou no Brasil. Com base nisso, a autoridade policial irá pedir ao juiz federal a extradição dessas pessoas para que sejam processadas no Brasil e cumpram pena aqui”, disse o superintendente.
PF prende suspeita de aliciar brasileiros detidos com drogas na Tailândia
O Itamaraty informou que acompanha a situação dos brasileiros presos e que presta toda assistência cabível.
A embaixada do Brasil em Bangok afirmou que uma nova lei na Tailândia, promulgada em dezembro do ano passado, não inclui mais pena de morte como uma das punições cabíveis.
Suspeitos
Os brasileiros presos são Mary Hellen Coelho Silva, de 21 anos, moradora de Pouso Alegre (MG), Jordi Vilsinski Beffa, de 24 anos, morador de Apucarana (PR) e Ricardo de Almeida da Rosa, de 26 anos, que mora em Curitiba.
O advogado de Mary Hellen Coelho Silva, Telêmaco Marrace, afirmou que a prisão da suspeita de aliciar os brasileiros “abre caminho para extradição”.
A defesa de Jordi Beffa disse que o cliente ainda não teve audiência na Tailândia
A RPC não conseguiu localizar a defesa de Ricardo Rosa até o fechamento desta reportagem.
Ainda conforme a PF, a investigação apontou que os dois homens que estão entre os presos brasileiros, já haviam feito viagens internacionais anteriormente, com indícios de que também transportavam drogas.
Agentes da PF prenderam mulher suspeita de aliciar brasileiros presos na Tailândia
Divulgação/Polícia Federal
Prisão no aeroporto
Os três brasileiros foram presos após serem flagrados com 15,5 quilos de cocaína nas bagagens, ao desembarcarem no aeroporto de Bangkok.
Desde o início do caso, a família do paranaense se mostrou preocupada e alegou que sequer sabia a respeito da viagem internacional. Os pais dele descobriram a prisão por mensagens que Beffa trocou com amigos.
A família do paranaense informou que ele saiu de casa com somente uma mala e que esta mala citada não aparece nas imagens divulgadas pelas autoridades tailandesas, mas somente outra mala, que eles desconhecem a origem.
O advogado não soube dizer se ele deixou a bagagem em algum local ou se as autoridades não fotografaram a mala vista pela família.
Cocaína estava escondida em compartimento oculto da bagagem dos brasileiros, segundo as autoridades tailandesas
RPC/Reprodução
O
Primeiramente, foram presos o homem, de 26 anos, e a jovem. Eles saíram de Curitiba e, após escalas, chegaram ao país.
A droga foi encontrada com o homem e a jovem após a equipe do aeroporto desconfiar de itens mostrados no raio X.
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Os funcionários da alfândega revistaram as três malas dos passageiros e encontraram 9 quilos de cocaína. A droga estava escondida em um compartimento oculto.
Horas depois, as autoridades prenderam o jovem de Apucarana. Ele chegou ao aeroporto em outro voo. Jordi Vilsinski Beffa foi preso após os agentes encontraram
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