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Eleitores colombianos romperam um ciclo recorrente com a direita tradicional e abraçaram a mudança

Segundo turno torna-se mais desafiador para o esquerdista Gustavo Petro, que terá como adversário o populista e outsider Rodolfo Hernández Eleições na Colômbia: Petro e Hernández vão para o 2º turno
Os eleitores colombianos optaram claramente pela mudança do atual sistema político, mas a definição sobre o tamanho e o rumo que querem para o país ficará para o dia 19 de julho: se darão a Presidência pela primeira vez a um esquerdista, o ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, ou a um populista outsider de extrema direita, o ex-prefeito de Bucaramanga Rodolfo Hernández.
Embora tenha conseguido um feito inédito para a esquerda colombiana, em sua terceira tentativa para chegar à Presidência, Petro, que obteve 40% dos votos, tem pela frente um cenário desafiador e mais competitivo no segundo turno.
Quem é Gustavo Petro? Ex-guerrilheiro é favorito nas eleições presidenciais da Colômbia
Seria mais fácil enfrentar Fico Gutiérrez, o candidato da direita tradicional, do que o desconhecido Hernández, de 77 anos, que disparou nas últimas semanas até obter o status de fenômeno eleitoral.
Após a apuração, Gutiérrez migrou automaticamente para o campo de Hernández, que deve receber o apoio dos herdeiros diretos do establishment político colombiano contra o candidato da coalizão de esquerda Pacto Histórico. A recíproca não seria verdadeira, caso Gutiérrez disputasse o segundo turno. Segundo as pesquisas, os votos de Hernández seriam diluídos entre os dois concorrentes e Petro sairia vencedor.
Rodolfo Hernández, candidato à presidência da Colômbia que chega ao segundo turno nas eleições da Colômbia, em 29 de maio de 2022.
STRINGER/REUTERS
Para entender quem é o candidato da Liga dos Governadores Anticorrupção e como conquistou o segundo lugar, basta olhar os apelidos que ganhou em sua curta jornada eleitoral: Trump colombiano e velhinho do “Tik Tok”. Milionário do setor de construção civil, desbocado, misógino e adepto das redes sociais, ele evitou aparecer em público e recusou-se a participar dos três debates eleitorais.
A essência de seu discurso é o combate à corrupção. Pode parecer um pouco contraditório para quem enfrenta acusações por contratos irregulares na coleta de lixo em Bucaramanga. Empresário bem-sucedido, gosta de ser chamado de engenheiro e promete reduzir os gastos do Estado. “Hoje perderam a politicagem e a corrupção e os grupos que acreditavam que seriam o governo para sempre. Venceram a Colômbia e a cidadania”, afirmou.
Petro vinha denotando claramente o incômodo com Hernández já no fim da campanha para o primeiro turno. “Até o milionário que diz lutar contra a corrupção é milionário porque é corrupto.”
Candidato da esquerda colombiana, Gustavo Petro, comemora junto com sua chapa presidencial ida para o segundo turno, em 29 de maio de 2022.
Santiago Arcos/REUTERS
Foi mais fácil para o ex-prefeito e ex-deputado chegar em primeiro lugar neste domingo do que será no dia 19. Como escreveu a jornalista colombiana Olga Behar, o ex-guerrilheiro Petro ainda assusta, por ideias como tirar o poder dos fundos privados de pensão ou as reformas de saúde e agrária.
“Mas o Petro de 2010 ou 2018 – mais parecido com Hugo Chávez ou Pedro Castillo – que foi acusado de radical, terrorista e castrista, não existe mais”, pondera Behar, que o compara hoje a um estadista, no nível de Michelle Bachelet ou Pepe Mujica.
A briga entre os dois pólos será nova e acirrada nas próximas três semanas, falta saber que discurso arrebatará o cansaço dos eleitores. Mas ninguém contesta o fato revelador deste primeiro turno: o sistema político, como os colombianos conheciam até domingo, se rompeu.
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