Inação no Senado contribui para massacres recorrentes com armas de fogo nos EUA
Dois projetos aprovados pela Câmara para aumentar controle estão bloqueados por obstrução dos republicanos. Tiroteio em escola de ensino fundamental no Texas deixa mais de 20 mortos
Após a mais recente tragédia anunciada e sempre recorrente nos EUA, senadores democratas correram para tentar agendar no calendário legislativo, antes do recesso de 4 de julho, o projeto de lei de verificação de antecedentes, aprovado em 2021 pela Câmara dos Representantes.
Mas há pouca esperança para que consigam angariar os dez votos republicanos necessários para desemperrar mais uma medida que se encontra no limbo do Congresso.
Com 21 mortos, o massacre no colégio de Uvalde, no Texas, é o segundo mais letal no país, atrás de outra carnificina escolar ocorrida há dez anos em Newton, em Connecticut. É também a segunda grande matança em duas semanas, depois que um atirador, também com 18 anos, abriu fogo em um supermercado e dizimou dez, negros em sua maioria.
Massacre em escola no Texas: o que se sabe e o que falta saber
Outro projeto, aprovado pela Câmara de maioria democrata, estenderia de três para dez dias o prazo para que um vendedor licenciado de armas receba a verificação completa de antecedentes do comprador. Sequer foi discutido. Ambos estão bloqueados pelas regras de obstrução, que estipulam 60 votos para que a legislação avance.
Biden diz que hora de agir contra o lobby de armas nos Estados Unidos
É nisso que a inação consiste. Mais uma vez, o presidente Joe Biden subiu num púlpito enlutado para desabafar: “Como nação, temos que perguntar quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas. Temos que agir e não me diga que não podemos ter um impacto nesta carnificina.”
Como presidente do Comitê Judiciário do Senado, ele ajudou a aprovar em 1994 a proibição de armas de assalto, na última legislação significativa de controle de armas no país. Mas uma cláusula determinava um prazo de validade de dez anos para que fosse renovada.
Mapa mostra localização de Uvalde, no Texas
g1 Mundo
Isso não aconteceu e a proibição foi definitivamente suspensa, enquanto o lobby da Associação Nacional de Rifles recuperava forças, estimuladas por vendas pela internet.
Desde então, novas tentativas de reavivar a legislação para o controle de armas esbarram na resistência dos republicanos com dois argumentos básicos: novas restrições representariam uma ameaça aos direitos de legítima defesa assegurados aos americanos pela Segunda Emenda, e não teriam o impacto para frear a criminalidade.
Salvador Ramos, o atirador desta terça-feira no Texas, comprou dois rifles semiautomáticos ao completar 18 anos. Antes de rumar para a escola, matou a avó, cumprindo um roteiro cruel e bem conhecido pelos americanos. Em breve, o padrão massacre-luto-frustração voltará a se repetir, em algum ponto do país, a menos que os republicanos rompam o impasse.
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