ONU anuncia segunda retirada de civis de Mariupol
Moradores da cidade do sul da Ucrânia, dominada por tropas russas, estão há semanas sem água nem comida dentro do complexo de Azovstal, metalúrgica ainda controlada por Kiev. Moscou promete cessar-fogo nesta quinta-feira Imagem aérea feita pelo Ministério da Defesa da Ucrânia mostra bombardeios ao complexo metalúrgicos de Mariupol
via Reuters
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que civis estão sendo retirados do complexo metalúrgico de Azovstal, em Mariupol, na Ucrânia, nesta quinta-feira (5). Esta é a segunda leva de moradores que conseguem sair da cidade, a primeira a ser dominada por tropas russas.
Azovstal, no entanto, é o único ponto que a Ucrânia ainda controla, e abriga o restante das tropas de Kiev além de centenas de moradores.
Para facilitar a saída, a Rússia afirmou que estabeleceria um cessar-fogo para a retirada de civis ao longo do dia.
“Enquanto falamos, uma segunda evacuação está em curso, um segundo comboio da ONU e do CICR (Comitê internacional da Cruz Vermelha) busca os civis na cidade de Mariupol”, disse Guterres, em entrevista exclusiva à RFI.
Mais cedo, a Rússia afirmou que uma trégua de três dias na zona de Azovstal entraria em vigor nesta quinta-feira.
O confronto na siderúrgica de Mariupol está cada vez mais acirrado
Na quarta-feira (4), no entanto, a Ucrânia afirmou que tropas russas que estão na cidade invadira o complexo de Azovstal e bombardearam parte do local. Quando a Rússia anunciou a conquista de Mariupol, há duas semanas, o presidente Vladimir Putin garantiu que seus soldados não invadiriam Azovstal e garantiriam a segurança dos soldados e civis ucranianos que estão dentro do complexo.
‘Difícil negociação’ com a Rússia
Em entrevista, Guterres falou também sobre a difícil negociação com o presidente russo Vladimir Putin, em 26 de abril, em Moscou.
“Foi com força e emoção que eu falei com ele sobre a necessidade de evacuar civis da usina de Mariupol. E ao fim de nossa conversa, isso permitiu que o presidente Putin prometesse pensar sobre a questão. E alguns minutos depois, seu ministro das Relações Exteriores me disse que ele tinha um acordo de princípios”, disse.
Quando questionado sobre o papel das Nações Unidas no conflito e sobre sua dificuldade, como secretário-geral da organização, em obter um cessar-fogo, Guterres reconheceu que “isso demonstra que o poder do secretário-geral da ONU é bem menor do que pensamos.” Mas afirmou que não vai desistir, “não perderei nunca a esperança”, completou.
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