Parlamentares questionam Aneel sobre aumento nas contas de energia
Ex-diretor geral da Aneel, André Pepitone, disse que reajustes acima da inflação são herança da crise energética e que os aumentos estão previstos em contrato. Um grupo de quatro parlamentares enviou um ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira (17) pedindo esclarecimentos sobre os aumentos na conta de luz neste ano.
O Congresso tem, desde o início do mês, pressionado a Aneel para sustar os reajustes — previstos em contratos — em ano de eleições gerais. No início do mês, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência na tramitação de um projeto que suspende o reajuste médio de 24,88% da Enel Ceará — a intenção dos parlamentares é ampliar o alcance do projeto para as demais distribuidoras de energia.
Câmara pode acelerar votação de texto que suspende reajuste
O ofício é assinado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) e pelos deputados federais Felipe Rigoni (UNIÃO-ES), Tabata Amaral (PSB-SP) e Renan Ferreirinha (PSD-RJ). O documento é endereçado a André Pepitone, que deixou nesta terça o cargo de diretor-geral da agência para assumir a diretoria financeira da Itaipu Binacional.
O grupo considera que “os reajustes em patamares tão elevados têm aumentado a vulnerabilidade social de populações carentes”.
O ofício também alega falta de transparência da agência nos reajustes, apesar de todos os processos de reajustes tarifários serem conduzidos de maneira pública, inclusive com a realização de consulta e audiência públicas.
Os reajustes nas contas de luz têm chegado a quase 25%, dependendo do estado. Os principais motivos para a alta são a crise energética do ano passado, à alta da inflação e do dólar e à disparada do preço dos combustíveis.
REAJUSTES APROVADOS NESTE ANO PELA ANEEL PARA CONSUMIDOR RESIDENCIAL
Despedida
Em sua despedida na Aneel nesta terça-feira, Pepitone citou os motivos que levaram à alta na conta de luz deste ano e os esforços da agência ao longo dos anos para a redução dos subsídios pagos pelo consumidor. Ainda, segundo o ex-diretor, a Aneel não cria condições para esses aumentos.
“A gente sabe bem que a Aneel acaba sendo culpada pela sociedade, pelo Congresso, mas não é a Aneel que cria as condições para esses aumentos. A Aneel faz a conta. Subsídio vem todo de política de lei do Congresso Nacional, e aumentou em R$ 10 bi de 2021 para 2022, saindo de R$ 20 bi para R$ 32 bi. Não foi ação dessa casa (…), mas como essa casa dá a notícia, acaba a agência sofrendo essas consequências”, argumentou Pepitone.
Em abril deste ano, Aneel aprovou o orçamento de 2022 da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo usado para bancar ações e subsídios concedidos pelo governo no setor de energia.
Pela decisão, a CDE deste ano será de R$ 32,096 bilhões, dos quais R$ 30,219 bilhões serão pagos pelos consumidores na conta de luz. Com, isso subsídios bancados através da conta de energia subiram mais de R$ 10 bilhões em relação ao ano anterior.
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