Petro personifica a insatisfação socioeconômica, e Hernández a insatisfação com a política, diz especialista sobre eleição na Colômbia
Segundo turno da disputa para a presidência, em junho, será entre um candidato da esquerda, que é senador e já foi guerrilheiro, e um empresário que já foi prefeito de Bucaramanga. Após o primeiro turno disputado neste domingo (29), os colombianos agora precisam se decidir entre Gustavo Petro, candidato da esquerda que é senador e já foi guerrilheiro, e Rodolfo Hernández, um empresário populista independente que já foi prefeito de Bucaramanga. Eles receberam, respectivamente, 40,4% e 27,9% dos votos dos colombianos.
Para Thiago Vidal, gerente de análise política para a América Latina da consultoria Prospectiva, “Petro personifica a insatisfação dos colombianos com a situação socioeconômica do país, ao passo que o Hernández personifica a insatisfação dos colombianos com a política de maneira em geral”.
No episódio #717 do podcast O Assunto, Vidal analisa o histórico e as perspectivas dos dois candidatos.
Montagem com fotos dos candidatos a presidente da Colômbia: à esquerda, o esquerdista Gustavo Petro; à direita, o populista de direita Rodolfo Hernández
Juan Barreto/AFP e Yuri Cortez/AFP
“Petro tem dois problemas principais, e o fato de ser um ex-guerrilheiro não é um deles. O primeiro problema é o seu passado como gestor, como prefeito de Bogotá. Ele adotou um estilo muito controverso, muito focado em microgestão. O segundo problema são as suas propostas. Muitos dos críticos do Petro o acusam de querer transformar a Colômbia numa Venezuela ou algo do tipo, o que eu, particularmente, acho que é um exagero, porque as propostas não estão muito diferentes do que se pratica a nível global. O problema do Petro é a forma, é a forma como ele quer chegar aos seus resultados que, aí, sim, o ritmo é um pouco acelerado demais para o que o país esteja acostumado”, diz Vidal.
Já sobre Hernández, que já foi chamado de “Trump Tropical” pela mídia local e é apoiado por ex-refém das Farc, Íngrid Betancourt, Vidal diz considerar um equívoco uma eventual comparação com o presidente do Brasil Jair Bolsonaro.
“Não acho que a comparação com o Bolsonaro seja pertinente, não. Pelo contrário, acho um equívoco. É tentador essa equiparação, mas eu não acho que procede. Bolsonaro é sabidamente autoritário e pouco afeito a democracia. O Hernández teve, sim, episódio de autoritarismo na sua trajetória política, mas tem muito a ver com seu estilo pessoal, do que como a forma como ele enxerga o país, como ele enxerga as instituições. Agora, por outro lado, e aí vale esse contraponto, como ele joga pra todos os lados, ele chega até a ter visões que se poderiam considerar como visões progressistas.”
Ouça a entrevista completa no episódio #717 do podcast O Assunto.
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