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Poluição mata 9 milhões de pessoas por ano; África é a mais atingida

A poluição do ar por processos industriais, juntamente com a urbanização, levou a um aumento de 7% nas mortes relacionadas à poluição de 2015 a 2019. Desde 2000, o aumento nas mortes foi de 66%. Ondas de fumaça e vapor da Central Elétrica de Belchatow, a maior usina termoelétrica a carvão da Europa, perto de Belchatow, na Polônia, em 8 de novembro de 2018.
Kacper Pempel/Reuters
A poluição – do ar, água e solo – continua a causar mais de 9 milhões de mortes prematuras todo ano, aponta um levantamento divulgado na terça-feira (17), por cientistas de vários países, na revista ” The Lancet Planetary Health”.
O número se mantém o mesmo desde 2015, apesar de uma queda nas mortes relacionadas à poluição doméstica no ar e na água, segundo a publicação.
Os autores analisaram dados de 2019 do “Global Burden of Disease”, um estudo em andamento da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que avalia a exposição geral à poluição e calcula o risco de mortalidade.
“Estamos sentados no caldeirão e queimando lentamente”, disse Richard Fuller, coautor do estudo e chefe da organização sem fins lucrativos Pure Earth. Mas, disse Fuller, ao contrário das mudanças climáticas, malária ou HIV, “não temos nos concentrado muito na poluição ambiental”.
A poluição do ar por processos industriais, juntamente com a urbanização, levou a um aumento de 7% nas mortes relacionadas à poluição de 2015 a 2019. Desde 2000, o aumento foi de 66%.
Mais de 90% dos óbitos relacionados à poluição ocorreram em países de baixa e média renda, com 7 dos 10 países mais afetados no continente africano (veja lista mais abaixo nesta reportagem).
Uma versão anterior do trabalho, publicada em 2017, também havia estimado o número de mortes por poluição em cerca de 9 milhões — equivalente a uma em cada seis mortes em todo o mundo. O número coloca a poluição no mesmo nível do tabagismo como causa global de mortes.
A Covid-19, em comparação, matou cerca de 6,7 milhões de pessoas em todo o mundo desde o início da pandemia.
Países africanos são os mais afetados
A nova análise examina mais especificamente as causas da poluição — separando contaminantes tradicionais, como fumaça interna ou esgoto, de poluentes mais modernos, como poluição do ar industrial e produtos químicos tóxicos.
De acordo com o estudo, as mortes por poluentes tradicionais estão diminuindo globalmente, mas continuam sendo um grande problema em países de baixa e média renda.
A água e o solo contaminados e o ar poluído colocam Chade, República Centro-Africana e Níger como os três países com mais mortes relacionadas à poluição, de acordo com dados ajustados para a população.
Fechando a lista dos dez mais afetados estão, nessa ordem, as Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, a Somália, a África do Sul, a Coreia do Norte, o Lesoto, a Bulgária e Burkina Faso.
Quando se trata de poluição do ar ambiente — fora dos limites domésticos — algumas grandes capitais tiveram sucesso em combater o problema, incluindo Bangkok, na Tailândia, e a Cidade do México. Já a Índia, apesar de esforços para combater a poluição doméstica, continuou a ter a estimativa mais alta de número de mortes relacionadas à poluição do ar em 2019.
Ao mesmo tempo que tem 7 dos 10 países mais atingidos, a África também só tem 7 de seus 54 países com monitoramento confiável da qualidade do ar em tempo real: a África do Sul, por exemplo, tem sistemas de monitoramento contínuo da qualidade do ar.
Já outros países — incluindo Gana, Nigéria e Senegal — realizaram programas de monitoramento em certos momentos, embora o financiamento para manutenção e controle de qualidade seja esporádico, segundo a pesquisa.
“A maioria dos países tem feito pouco para lidar com esse enorme problema de saúde pública”, disseram os autores. “Embora os países de alta renda tenham controlado suas piores formas de poluição e vinculado o controle da poluição à mitigação das mudanças climáticas, apenas alguns países de baixa e média renda conseguiram fazer da poluição uma prioridade”, acrescentaram.
“Da mesma forma, o controle da poluição recebe pouca atenção na assistência oficial ao desenvolvimento ou na filantropia global. Não podemos continuar a ignorar a poluição. Estamos indo para trás”, concluíram os cientistas.g1 > MundoRead More

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