Talibãs querem que mulheres sejam ‘invisíveis’, diz ONU
Relatório das Nações Unidas aponta que restrições para afegãs aumentaram após volta do regime ao poder, em agosto do ano passado. Apresentadora de telejornal cobre o rosto após Talibã ter determinado medida.
Ebrahim Noroozi/ Associated Press
As restrições impostas pelos talibãs às mulheres afegãs têm como objetivo torná-las “invisíveis”, estimou nesta quinta-feira (26) em Cabul o relator especial da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett.
Desde que retornaram ao poder em agosto passado, os talibãs impuseram uma série de restrições, das quais grande parte busca submeter as mulheres à sua visão fundamentalista do Islã.
O Talibã as excluiu em grande parte dos empregos públicos, restringiu seu direito de deslocamento e proibiu as meninas de ir à escola.
No início de maio, o líder supremo do Talibã emitiu uma ordem para que as mulheres se cobrissem totalmente em público, incluindo o rosto, de preferência com uma burca, que tem uma grade de tecido sobre os olhos que permite que as mulheres vejam, mas não sejam vistas.
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Todas essas medidas “descrevem um modelo de total segregação de gênero e visam tornar as mulheres invisíveis na sociedade”, disse Bennett em entrevista coletiva em Cabul ao final de uma visita de 11 dias ao Afeganistão.
Talibã proíbe mulheres de aparecerem em produções de TV no Afeganistão
Durante a coletiva de imprensa, talibãs armados interromperam uma manifestação de mulheres pedindo que as meninas voltassem à escola.
“Cerca de 45 mulheres e meninas estavam presentes na manifestação, mas o Talibã enfurecido veio e nos dispersou”, disse à agência de notícias France Presse a organizadora da manifestação, Munisa Mubariz.
Protesto de mulheres em Cabul, no Afeganistão, em 16 de janeiro de 2022
Wakil KOHSAR / AFP
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As novas restrições confirmam a radicalização do Talibã, que inicialmente tentou mostrar uma face mais moderada do que durante seu governo anterior, entre 1996 e 2001.g1 > MundoRead More