VÍDEO: Após filmar Mariupol e transportar chip com imagens em absorvente, médica ucraniana é capturada pela Rússia
Com câmera acoplada ao corpo, Yuliia Paievska registrou horrores da guerra em Mariupol e entregou microchip a jornalistas da Associated Press dentro de absorvente; filha de médica faz apelo à Rússia para libertar mãe. Médica filma rotina com câmera acoplada ao corpo em Mariupol
Uma médica ucraniana capturada por soldados russos em Mariupol, cidade do sul da Ucrânia conquistada pela Rússia, conseguiu filmar secretamente o trabalho de sua equipe para tentar salvar civis e militares de ambos os lados durante duas semanas.
Em uma operação arriscada, a médica Yuliia Paievska entregou as imagens, armazenadas em um microchip, dentro de um absorvente aos únicos jornalistas estrangeiros que estavam em Mariupol durante a ocupação russa, da Associated Press. No dia seguinte, Paievska foi capturada por soldados russos.
Sem saber de seu paradeiro há mais de quatro semanas, a filha de Paievska, Anna-Sofia Puzanova, fez um apelo esta semana ao governo russo para que liberte sua mãe e dê notícias sobre onde ela está detida.
Moscou argumenta que a médica tinha ligação com o Batalhão Azov, grupo que faz parte do Exército Ucraniano e que a Rússia acusa de neonazismo. A Ucrânia nega e aponta que a médica é mais uma das centenas de pessoas sem ligação com o Exército capturadas à revelia pelas forças russas.
Uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na Ucrânia identificou ao menos 204 casos de capturas arbitrárias pelo Exército russo e desparecimentos de ucranianos com suspeita de tortura, sem contar os casos de Mariupol, onde a comissão da ONU não conseguiu entrar.
A equipe da Associated Press que esteve em Mariupol disse ter ouvido relatos de pessoas próximas a Paievska negando qualquer associação como o Batalhão Azov.
As imagens capturadas pela médica mostram o esforço de sua equipa em salvar civis atingidos por bombardeios russos na cidade, a mais atacada pela Rússia desde o início da invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. As gravações revelam também que os médicos atenderam tantos soldados ucranianos como os russos.
Moscou ainda não se pronunciou sobre a detenção de Yuliia Paievska.
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