Dinamarca decide em referendo se adere à política de defesa da União Europeia
Se aprovada, medida romperá tradição neutra de três décadas, acelerada pela guerra de Putin na Ucrânia. Dinamarqueses votam em referendo sobre adesão do país à política de defesa da União Europeia, em Copenhague, em 1º de junho de 2022.
via Reuters
A guerra da Rússia na Ucrânia ameaça quebrar mais um dogma na União Europeia: há 30 anos fora da cláusula de segurança e defesa do bloco, os dinamarqueses votam, nesta quarta-feira (1º), para aderir à política comum.
O referendo é capitaneado pelo governo de maioria socialdemocrata e tem apoio de 11 dos 14 partidos do Parlamento. Entre os eleitores, o “Sim” está na frente, com 42% das intenções de voto, contra 28% do “Não”.
“Temos uma Europa antes de 24 de fevereiro e outra depois de 24 de fevereiro, quando a Rússia iniciou a guerra ilegal na Ucrânia”, resumiu o chanceler dinamarquês Jeppe Kofod.
Assim, o país segue, à sua maneira, os exemplos de Suécia e Finlândia, que no mês passado romperam a tradição de neutralidade e se candidataram para aderir à Otan, também mobilizados pela guerra de Putin.
A Dinamarca é membro fundador da aliança atlântica, mas rejeitou, num referendo em 1992, o Tratado de Maastricht, que transformou a Comunidade Econômica Europeia na União Europeia.
Mesária exibe cédula de votação no referendo, que questiona se dinamarqueses querem que país passe a fazer parte da política de defesa da UE.
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A solução foi negociar um acordo que permitiu ao país permanecer no mercado comum, mas ficar fora da moeda única e das políticas de defesa, assuntos internos e Justiça. É o único entre os 27 membros da UE que não integra a Política Comum de Segurança e Defesa.
Quando o tema é política da defesa, seus representantes deixam a sala de debates, assim como não contribuem com tropas em operações militares conjuntas ou participam de projetos comuns de segurança cibernética.
O governo alega que abolir a cláusula, conhecida como opt-out, seria um forte sinal dos dinamarqueses para assegurar a união da Europa, sobretudo nesse momento dramático da Ucrânia.
Três partidos eurocéticos são favoráveis a mantê-la: os de extrema direita Partido Popular Dinarmaquês e Nova Direita e o de extrema esquerda Lista de Unidade.
Se conseguirem convencer a maioria dos 4,2 milhões de eleitores a preservarem a isenção, terão reafirmado neles o medo de perder a soberania, que esteve no centro da campanha do “Não”.
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