Lituânia aumenta tensão com a Rússia ao bloquear mercadorias destinadas a Kaliningrado
A Rússia ameaça impor medidas punitivas à Lituânia após o país báltico bloquear alguns embarques ferroviários para Kaliningrado, impedindo a entrada de mercadorias no exclave russo no Mar Báltico. O episódio jogou mais lenha na fogueira da já conturbada relação entre os dois países, segundo reportagem da rede Voice of America (VOA).
O governo russo convocou o embaixador da União Europeia (UE) em Moscou, Markus Ederer, para protestar contra as novas restrições às remessas de mercadorias por meio da Lituânia, que é membro do bloco econômico. Ao mesmo tempo, o país liderado por Vladimir Putin ameaçou Vilnius com uma “retaliação”.
Trem que faz a rota Kaliningrado-Moscou em estação na cidade lituana de Kybartai (Foto: WikiCommons)
Mais especificamente, o Ministério das Relações Exteriores russo declarou no mesmo dia que Ederer foi informado sobre a “inadmissibilidade de tais ações” e a resposta “seguirá” no caso de as imposições não serem retiradas imediatamente.
“Consideramos as medidas provocativas do lado lituano, que violam as obrigações legais internacionais da Lituânia, principalmente a Declaração Conjunta de 2002 da Federação Russa e da União Europeia sobre o trânsito entre a região de Kaliningrado e o resto da Federação Russa, abertamente hostis”, disse o órgão governamental em comunicado.
A justificativa dada pelas autoridades lituanas para o bloqueio, que teve início no final de semana, é a de ampliar as medidas punitivas a Moscou por conta da guerra contra a Ucrânia, seguindo as determinações do bloco.
“A Lituânia não está fazendo nada aqui. São sanções europeias, que entraram em vigor em 17 de junho”, argumentou o ministro das Relações Exteriores lituano, Gabrielius Landsbergis, que defende a decisão de seu país de bloquear a entrada de mercadorias em Kaliningrado, que não tem fronteira terrestre com o resto da Rússia. A rota por terra mais direta é através da Lituânia.
Hostilidade
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, classificou a situação como grave, dizendo que se trata de uma ação “ilegal”, segundo repercutiu o site Breitbart News. “A situação é mais do que séria. Precisamos de uma análise profunda para elaborar nossa resposta”.
Sem perder tempo, o governo russo já enviou a Kaliningrado um dos principais aliados de Putin, o chefe do Conselho de Segurança Nikolai Patrushev. De lá, a autoridade anunciou que “medidas apropriadas” serão tomadas por Moscou “no futuro próximo”.
“A Rússia certamente responderá a essas ações hostis”, disse Patrushev durante uma reunião de segurança no exclave russo.
Por que isso importa?
A relação diplomática entre Vilnius e Moscou, que já não era boa antes da guerra, piorou bastante após a invasão da Ucrânia por tropas russas. Desde o início do conflito em fevereiro, a Lituânia tem sido uma das nações que mais pressiona por sanções e outras políticas punitivas dirigidas à Rússia.
Como resultado da crise diplomática, a Lituânia anunciou em abril a expulsão do embaixador russo em Vilnius. Naquele mesmo mês, anunciou o corte de todas as importações de gás russo e estimulou outros Estados-membros da UE a seguirem o exemplo.
Posteriormente, em maio, os parlamentares lituanos aprovaram por unanimidade uma resolução que declara a Rússia como “Estado terrorista” e classifica as ações de Moscou na Ucrânia como genocídio.
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