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Papa critica ‘crueldade’ russa, mas pondera que guerra pode ter sido provocada

Durante entrevista ao jornal jesuíta ‘Civilta Cattolica’, Francisco chamou os russos de brutais, ferozes e cruéis. Papa Francisco durante evento no Vaticano em 8 de junho de 2022
Guglielmo Mangiapane/REUTERS
O papa Francisco fez uma nova série de ataques à Rússia por suas ações na Ucrânia, dizendo que suas tropas eram brutais, cruéis e ferozes, enquanto elogiava os “corajosos” ucranianos por lutarem pela sobrevivência.
Entretanto, no texto de uma conversa que teve no mês passado com editores da mídia jesuíta e publicada nesta terça-feira (14), ele também disse que a situação não era preta no branco e que a guerra talvez fosse “de alguma forma provocada”.
Embora condenando “a ferocidade, a crueldade das tropas russas, não devemos esquecer os problemas reais se queremos que eles sejam resolvidos”, disse Francisco, incluindo a indústria de armamentos entre os fatores que incentivam a guerra.
Militar ucraniano dispara com lançador de granadas em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia em Bakhmut, na região de Donbass
Gleb Garanich/REUTERS
“Também é verdade que os russos pensaram que tudo terminaria em uma semana. Mas eles calcularam mal. Encontraram um povo corajoso, um povo que luta para sobreviver e que tem um histórico de luta”, disse ele na transcrição do comunicado. a conversa, publicada pelo jornal jesuíta Civilta Cattolica.
“Isso é o que nos move: ver tamanho heroísmo. Eu realmente gostaria de enfatizar este ponto, o heroísmo do povo ucraniano. O que está diante de nossos olhos é uma situação de guerra mundial, interesses globais, venda de armas e apropriação geopolítica, que é martirizar um povo heróico”, disse.
“Pastores do povo”
Papa durante evento no Vaticano em 11 de junho de 2022
Remo Casilli/REUTERS
Francisco disse que vários meses antes do presidente Vladimir Putin enviar suas forças para a Ucrânia, o pontífice se reuniu com um chefe de Estado que expressou preocupação de que a Otan estivesse “latindo aos portões da Rússia” de uma maneira que poderia levar à guerra.
Francisco então disse com suas próprias palavras: “Não vemos todo o drama se desenrolando por trás dessa guerra, que talvez tenha sido de alguma forma provocada ou não evitada”.
Perguntando-se retoricamente se isso o tornava “pró-Putin”, ele disse: “Não, não sou. Seria simplista e errado dizer uma coisa dessas”.
A Rússia chama suas ações na Ucrânia de “operação especial” para desarmar a Ucrânia e protegê-la dos fascistas, uma caracterização anteriormente criticada por Francisco. A Ucrânia e o Ocidente dizem que a alegação fascista é infundada e que a guerra é um ato de agressão não provocado.
Em seus comentários, Francisco também observou o uso “monstruoso” da Rússia de mercenários chechenos e sírios na Ucrânia.
Patriarca russo, Kirill, durante evento em 2019
Sergey Pivovarov/REUTERS
Francisco disse que espera encontrar o Patriarca Ortodoxo Russo Kirill em um evento inter-religioso no Cazaquistão em setembro. Os dois deveriam se encontrar em Jerusalém em junho, mas a viagem foi cancelada por causa da guerra.
Kirill, que é próximo de Putin, deu total apoio à guerra na Ucrânia. Francisco disse no mês passado que Kirill não poderia se tornar “o coroinha de Putin”, provocando um protesto da Igreja Ortodoxa Russa.
Na conversa com os jesuítas, Francisco disse ter dito a Kirill durante uma videochamada em março: “Irmão, não somos clérigos do estado, somos pastores do povo”.g1 > MundoRead More

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