Relatório da OMS sobre origens da Covid-19 é inconclusivo por falta de dados da China
Dados disponíveis mostraram que a doença deve ter surgido de animais, provavelmente morcegos; cientistas dizem que é importante estabelecer o que aconteceu para evitar surtos semelhantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que seu mais recente relatório sobre as origens da pandemia da Covid-19 teve resultados inconclusivos por conta da falta de dados pedidos para a China.
Apesar da falta de alguns documentos centrais para elaboração do relatório, o texto indica que todos os dados disponíveis mostraram que a doença deve ter surgido de animais, provavelmente morcegos, conclusão semelhante ao documento anterior elaborado pela agência em 2021.
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O relatório disse que nenhuma nova informação foi fornecida sobre a possibilidade de o SARS-CoV-2 ter sido introduzido em humanos por meio de um incidente de laboratório e “continua sendo importante considerar todos os dados científicos razoáveis” para avaliar essa possibilidade.
Os dados ausentes, especialmente da China, onde os primeiros casos foram relatados em dezembro de 2019, significam que não é possível identificar exatamente como o vírus foi transmitido pela primeira vez a humanos.
A OMS diz também que um dos objetivos da investigação é elaborar uma maneira de melhor investigar as origens de futuros surtos. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que enviou duas cartas ao governo chinês em fevereiro deste ano para obter mais informações sobre a origem da pandemia, mostrou o relatório. Os autores disseram que a China forneceu alguns dados mediante solicitação.
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Noel Celis / AFP
Politização da pandemia
As origens da pandemia, que já matou pelo menos 15 milhões de pessoas, foram politizadas. Os cientistas dizem que é importante estabelecer o que aconteceu para evitar surtos semelhantes.
As disputas podem ser vistas nas notas de rodapé do relatório. Membros do painel vindos do Brasil, China e Rússia discordaram da necessidade da realização de mais estudos sobre a hipótese de que a doença surgiu após um acidente de laboratório, e sugeriram que nada havia mudado desde o relatório anterior, publicado em março de 2021.
A equipe do painel que elaborou o texto – conhecida como Grupo Consultivo Científico para as Origens de Novos Patógenos (SAGO) – disse que há “desafios claros” na investigação “após tanto tempo do surto inicial”, embora seu trabalho continue. “Quanto mais demora, mais difícil fica”, disse Maria Van Kerkhove, autoridade da OMS que faz parte do SAGO, em uma coletiva para a Imprensa.
A médica ainda acrescentou que a OMS apoiará todos os esforços em andamento para entender melhor como a pandemia começou. “Devemos isso a nós mesmos, devemos aos milhões de pessoas que morreram e aos bilhões de pessoas que foram infectadas”, disse ela.
O último relatório também inclui uma estrutura sobre como identificar as origens de futuros surtos. Jean-Claude Manuguerra, co-presidente da SAGO, disse que a varíola dos macacos é um “exemplo do quanto precisamos dessa estrutura global” para descobrir como os futuros patógenos surgem.g1 > MundoRead More