Emenda Kamikaze é negativa para crédito do Brasil, diz Moody’s
Custo ampliado das transferências de renda aumentará os gastos do governo em 2022, aponta a agência de classificação de risco. A recém-promulgada Emenda Constitucional dos Benefícios, apelidada de “Kamikaze”, que amplia e cria novos auxílios sociais apenas alguns meses antes das eleições presidenciais, com previsão de despesas fora do teto de gastos, é negativa para o crédito do Brasil, disse a agência de classificação de risco Moody’s em relatório.
Com um impacto fiscal estimado de R$ 41,25 bilhões, a emenda promulgada na véspera institui estado de emergência para ampliar em R$ 200 o Auxílio Emergencial, dobrar o valor ofertado como Auxílio Gás e criar “voucher-caminhoneiro” de R$ 1 mil, além de prever benefício mensal voltado a taxistas.
“Sua aprovação é negativa para o crédito do Brasil porque o custo ampliado das transferências de renda aumentará os gastos do governo em 2022, e as repetidas exceções ao teto de gastos do país minam sua credibilidade fiscal”, disse a Moody’s em relatório com data de quinta-feira.
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“Preocupações dos participantes do mercado sobre o compromisso das autoridades com a consolidação fiscal antes das eleições de outubro podem levar a um aumento do prêmio de risco geral do país”, disse a agência, alertando que isso pode elevar o custo de carregamento da dívida, já sob pressão do patamar alto da taxa Selic –atualmente em 13,25% ao ano.
Uma medida comumente acompanhada do risco-país do Brasil fechou a quinta-feira em 325,48 pontos-base, nova máxima desde maio de 2020, refletindo tanto os riscos fiscais domésticos quando crescentes temores de recessão global.
A Moody’s espera que a dívida bruta do Brasil encerre este ano em 81,3% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 80,3% do PIB em 2021.
A nota de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil da Moody’s está atualmente em “Ba2” – no chamado grau especulativo, atribuído a países vistos pela agência com maior risco de crédito. A perspectiva para a nota soberana – que indica provável alterações no “rating” no médio prazo – é estável.g1 > EconomiaRead More