Rússia amplia objetivos da guerra na Ucrânia, e retomada de gasoduto provoca tensão
Ministro de Relações Exteriores da Rússia disse que as metas do país na guerra serão expandidas ainda mais se o Ocidente continuar fornecendo aos ucranianos armas de longo alcance. Tanques russos avançam sobre área próxima a Mariupol, foco da nova fase da guerra ucraniana, junto com a região do Donbass, no leste da Ucrânia
Alexei Alexandrov/ AP
Os objetivos militares de Moscou na Ucrânia agora vão além da região de Donbass, no leste do país, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, nesta quarta-feira (20). As forças do governo russo bombardearam o leste e o sul da Ucrânia.
Lavrov disse à agência de notícias estatal RIA Novosti que as metas da Rússia serão expandidas ainda mais se o Ocidente continuar fornecendo aos ucranianos armas de longo alcance, como os sistemas de artilharia de foguetes de alta mobilidade (Himars), fabricados nos Estados Unidos.
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Os comentários, que constituem o mais claro reconhecimento até agora de que os objetivos da Rússia se expandiram ao longo dos cinco meses de guerra, foram feitos após o governo dos EUA anunciar que via sinais de que os russos estão se preparando para anexar formalmente o território que tomou do país vizinho.
Rússia mudou o discurso
Lavrov é a figura de mais alto escalão a falar abertamente sobre os objetivos da Rússia na guerra em termos territoriais. A invasão ocorreu há cinco meses, em 24 de fevereiro. No começo, os russos disseram que não tinham intenção de ocupar o país vizinho.
À época, Putin disse que seu objetivo era desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia –uma declaração considerada pelo governo da Ucrânia e pelo Ocidente como um pretexto para uma guerra imperialista de expansão.
Lavrov disse à RIA Novosti que a realidade geográfica havia mudado desde que os negociadores russos e ucranianos participaram de negociações de paz na Turquia no final de março, esem conseguir avançar.
Naquele momento, disse, o foco era nas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, entidades separatistas autodenominadas e apoiadas pelos russos no leste da Ucrânia. O governo russo já disse que quer expulsar as forças governamentais da Ucrânia de lá.
“Agora a geografia está diferente, longe de ser apenas Donetsk e Luhansk, também há as regiões de Kherson e Zaporizhzhia, e alguns outros territórios”, disse, se referindo a territórios muito além do Donbass e que as forças russas tomaram completamente ou parcialmente.
“Esse processo continua de maneira lógica e persistente”, disse Lavrov, acrescentando que a Rússia pode pressionar ainda mais profundamente.
Reação ucraniana
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reagiu dizendo que a Rússia rejeita a diplomacia e quer “sangue, e não conversa”.
Gás para a Europa
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusou a Rússia de “chantagear” a União Europeia com exportações de energia e anunciou um plano para reduzir a demanda por gás no bloco antes de um temido corte de fornecimento da Rússia com a chegada do inverno.
O presidente russo, Vladimir Putin, havia alertado anteriormente que o fornecimento de gás à Europa através do imenso gasoduto Nord Stream 1, que está fechado há 10 dias para manutenção, está em risco de ser reduzido ainda mais.
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