‘Estamos todos morrendo de fome’: manifestantes exigem saída de premiê no Haiti
População faz protestos diários em ruas de cidade como Porto Príncipe, Caye e Gonäives contra alto custo de vida, forte aumento do valor do dólar e exigir saída imediata do primeiro-ministro Ariel Henry do poder. Pessoas desviam de barricada montada durante protesto em Porto Príncipe, no Haiti, em 22 de agosto de 2022.
Odelyn Joseph/ AP
Como nas cidades haitianas de Port-au-Prince e Cayes, Gonaïves, no Haiti, acordou sob tensão na segunda-feira (22). Muitos cidadãos saíram às ruas para denunciar o alto custo de vida, o forte aumento do valor do dólar norte-americano em relação ao gourde haitiano e para exigir a saída imediata do primeiro-ministro Ariel Henry.
Todas as atividades comerciais estão paralisadas em Gonaïves, uma cidade coberta de fumaça preta, com barricadas incendiadas erguidas em cada esquina. No caminho, os manifestantes continuam repetindo o slogan “se os preços das necessidades básicas não forem reduzidos, a escola não reabrirá em setembro”.
Camiseta branca no pescoço, chapéu de palha na cabeça, um homem expressa sua frustração. “Hoje estamos nas ruas para enviar um sinal para as autoridades”, diz ele.
“Exigimos a partida de Ariel Henry. Depois de mais de um ano no poder, ele não fez nada por nós. Ele disse que poderia realizar eleições, mas ainda não houve eleições. E se não houver eleições, o país não irá a lugar algum”, declarou o haitiano à RFI.
‘Estamos todos morrendo de fome’
Haitiana que teve perna amputada durante terremoto de 2021 no país cozinha em sua casa, em Les Cayes, no Haiti, em 19 de agosto de 2022.
Odelyn Joseph/ AP
No meio de um grupo de manifestantes, no fundo da multidão, uma mãe solteira de oito filhos não consegue se acalmar.
“Estamos todos morrendo de fome. Não podemos mais comprar uma barra de sabão para lavar roupa por menos de 60 gourdes, um quilo de detergente é vendido por 80 gourdes. Meus filhos estão andando pelas ruas com roupas sujas. Não há trabalho no país. Temos que colocar fogo em tudo para tirar Ariel Henry do poder”, diz.
Hatianos protestam contra alto preço de alimentos e pela saída de premiê do cargo, em 21 de agosto de 2022.
Odelyn Joseph/ AP
Sentado no guidão de sua motocicleta, acompanhado por um colega, um cidadão diz não poder mais aceitar estas condições de vida. “Imagine, os diretores da escola estão anunciando a reabertura das aulas em 5 de setembro. Mas eles aumentaram as mensalidades escolares. O que os pais vão fazer para pagar?”, exaspera-se.
Os manifestantes deram às autoridades até sexta-feira (26) para responder às suas exigências e, caso contrário, ameaçam vandalizar as lojas e estabelecimentos comerciais.
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