Quem é Alexander Dugin, ‘guru’ de Putin que perdeu a filha em explosão de carro
Darya Dugina morreu neste sábado (20) em Moscou; Dugin é conhecido por visões ultranacionalistas e defende o envio de tropas russas para a Ucrânia. Alexander Dugin, em foto em um comício em apoio às autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, em Moscou, no dia 18 de outubro de 2014
Reuters
Daria Dugina, filha de um influente pensador russo – Alexander Dugin – morreu neste sábado (20) em Moscou em uma explosão de carro.
Analista e estrategista polêmico, Dugin é conhecido por visões ultranacionalistas. Ele defende a ideologia do conceito de “mundo russo” e o envio de tropas russas para a Ucrânia.
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O estrategista segue o eurasianismo – ideia que emergiu após a queda do império russo, em 1917, e colocava a Rússia como uma sociedade organizada “formada por uma profunda história de intercâmbios culturais entre povos de origem turca, eslava, mongóis e outras origens asiáticas”, escreveu a historiadora Jane Burbank, da Universidade de Nova York, em março deste ano para o jornal “The New York Times”.
Quem era Darya Dugina, morta em explosão de carro na Rússia
Quem era Darya Dugina, morta em explosão de carro na Rússia
Segundo essa filosofia, a Rússia precisava se afastar dos ideais europeus e criar um império russo-asiático.
“No ajuste do eurasianismo feito por Dugin às condições atuais, a Rússia tinha um novo oponente – não apenas a Europa, mas todo o mundo ‘atlântico’ liderado pelos Estados Unidos”, escreveu Burbank.
Dugin se aproximou de Putin no ano de 2000, no início do governo do presidente eleito. Na época, Putin disse publicamente que “a Rússia sempre se viu como um país eurasiano”.
Depois disso, Dugin afirmou que a frase de Putin foi “histórica, grandiosa e revolucionária”, que “mudou tudo”.
Outras ações do governo russo – como a influência nas eleições dos EUA, o Brexit e os conflitos no leste da Ucrânia e da Geórgia – também são exemplos da influência das ideias de Dugin sobre Putin e seus aliados.
Em 1997, Dugin escreveu que a soberania ucraniana representava um “enorme perigo para toda a Eurásia”.
“O controle militar e político total de toda a costa norte do Mar Negro era um ‘imperativo absoluto’ da geopolítica russa. A Ucrânia tinha que se tornar ‘um setor puramente administrativo do estado centralizado russo’ [segundo Dugin]”, segundo a historiadora Burbank.
Em 2013, Dugin chamou a revolta ucraniana contra a liderança pró-russa do país de “golpe de Estado dos Estados Unidos” destinado a impedir a expansão russa.
Em 2015, os Estados Unidos impuseram sanções contra Dugin por seu papel em políticas que ameaçavam a Ucrânia – incluindo ajudar a recrutar combatentes para separatistas apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia. Neste ano, Darya Dugina, a filha de Dugin que morreu, também foi atingida pelas sanções.g1 > MundoRead More