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Reino Unido pode ter primeiro-ministro descendente de indianos ou conservadora filha de esquerdistas

Rishi Sunak e Liz Truss disputam o cargo de líder do Partido Conservador que também será o primeiro-ministro. Debate entre candidatos a primeiro-ministro do Reino Unido é interrompido
O Reino Unido terá um novo primeiro-ministro nesta semana. Quem escolherá o próximo líder do país são os filiados ao Partido Conservador. Espera-se que cerca de 160 mil pessoas votem (há mais filiados, mas não se espera que todos votem) nesta segunda-feira (5).
Os dois candidatos são a atual secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, ou o ex-ministro de Finanças, Rishi Sunak.
Os dois concorrem ao cargo de líder do Partido Conservador, já que Boris Johnson, que o ocupa esse posto, renunciou. Como ele também é o primeiro-ministro, o vencedor também vira primeiro-ministro do Reino Unido.
O anúncio do vencedor deve ocorrer na segunda-feira (5), por volta das 14h30 de Brasília.
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Como será a transmissão de poder
Na terça-feira, o atual primeiro-ministro, Boris Johnson, deve fazer um anúncio na sede do governo, em Londres, e logo depois viajar para apresentar sua renúncia para a rainha Elizabeth II.
Geralmente, esse evento acontece no Palácio de Buckingham, em Londres, mas dessa vez será no Castelo de Balmoral, na Escócia, onde a rainha passa as férias (a rainha está com problemas de mobilidade).
Logo depois, a rainha Elizabeth II vai nomear o próximo primeiro-ministro. O vencedor (Truss ou Sunak) vai se encontrar com a rainha, e ouvir um pedido para formar um governo.
Durante seu reinado, a rainha Elizabeth II nomeou 14 primeiros-ministros.
Rainha Elizabeth II no último dia das comemorações do Jubileu de Platina
Reprodução/Globonews
Volta para Londres
O vencedor, então, vai voltar para Londres para fazer um discurso do lado de fora da sede do governo. Isso deve acontecer por volta de 18h de Brasília. Logo em seguida, o novo primeiro-ministro deve nomear um governo. Já na quarta-feira, o novo governo deve fazer o primeiro encontro e terá também os primeiros questionamentos do líder da oposição.
Conheça abaixo os dois candidatos.
Liz Truss: filha de esquerdistas se rebelou e virou conservadora
A política conservadora Liz Truss ficou conhecida do grande público no Reino Unido por um discurso que ela fez sobre a quantidade de comida que o país importa. “Importamos dois terços dos queijos. Isso é uma desgraça”, ela disse, em um tom de indignação. O vídeo virou um meme entre os britânicos.
A secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, durante campanha para cargo de primeira-ministra do Reino Unido
REUTERS/Toby Melville
Ela se tornou uma defensora do Brexit e de cortes de impostos, políticas que fazem sucesso entre os conservadores.
Truss, a secretária de Assuntos Externos do país, afirma que tem um plano para cortar impostos que terá um impacto de cerca de 30 bilhões de libras (R$ 188 bilhões).
A secretária se vende como uma autêntica conservadora —ela afirma que seu concorrente, que também é membro do partido Conservador e trabalhou no banco Goldman Sachs, é um “socialista”.
A mãe de Truss era uma enfermeira e professora, e o pai dava aulas de matemática. Ela conta que os dois eram esquerdistas e contrários à primeira-ministra Margareth Thatcher (hoje, Thatcher é o ídolo de Truss).
Ela chegou a fazer críticas à monarquia quando era do partido Liberal Democrata, quando ainda estudava na Universidade de Oxford. Ela disse que sua conversão ao conservadorismo foi uma rebelião motivada pela crença de que as pessoas deveriam “ter sucesso pelo mérito”.
Ela trabalhou como consultora até que, em 2010, foi eleita para o Parlamento. Em 2014, durante uma conferência do Partido Conservador, ela fez o discurso sobre o queijo em que disse “isso é uma desgraça”.
Desde que assumiu a pasta de Relações Exteriores, em setembro de 2021, ela critica abertamente o líder da Rússia, Vladimir Putin, e também disse aos chineses que a resposta à invasão da Ucrânia pelos russos é uma lição.
Truss é vista como uma pessoa viciada em trabalho, que está atenta a detalhes. Os seus apoiadores acreditam que ela poderia estabilizar o governo, após três anos de Johnson no poder.
Além dos cortes de impostos, Truss disse que a dívida criada pela pandemia de Covid-19 deve ser tratada como uma “dívida de guerra” e ser paga em um período mais longo.
Sunak criticou seu plano como “um conto de fadas”. Truss respondeu: “Não se pode colocar impostos para crescer” (uma indireta, pois ele é considerado responsável por um aumento de impostos).
Apesar de ter votado para permanecer na União Europeia em um referendo do Brexit, de 2016, Truss adotou uma linha dura sobre o comércio da Irlanda do Norte (uma das questões que não foram bem resolvidas no Brexit).
Uma de suas maiores fraquezas é que ela não é considerada uma boa comunicadora. Em um debate, ela admitiu que pode não ser “a apresentadora mais habilidosa”, mas “quando digo que vou fazer algo, eu faço”.
Rishi Sunak: descendente de indianos que se tornou milionário
Entre as críticas que Rishi Sunak, um dos candidatos ao cargo de líder do Partido Conservador (e, por extensão, para ser o primeiro-ministro do Reino Unido), enfrenta é a de que ele é muito rico.
O ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak, durante lançamento da campanha para líder do Partido dos Conservadores no Reino Unido
Stefan Rousseau/PA via AP
Sua esposa é a filha de um empresário indiano milionário. Descobriram ainda que ela paga impostos em outro país, em um momento em que Sunak estava aumentando os impostos britânicos.
Alguns parlamentares conservadores temem que, por ele ser rico, ele possa ser um alvo fácil para o Partido Trabalhista de centro-esquerda em uma eleição prevista para 2024.
Seus colegas têm receio em ter um líder que usa caneca que custa 180 libras (R$ 1.130).
Filho de um médico e de uma farmacêutica indianos que nasceram no leste da África e migraram para a Grã-Bretanha na década de 1960, Sunak deixou uma lucrativa carreira em finanças, que incluiu passagens pelo Goldman Sachs e pelo fundo de hedge TCI, para se tornar parlamentar em 2015.
Em 2020, então com 39 anos, Sunak foi indicado por Boris Johnson para ser o responsável pelas Finanças do país. Semanas depois de assumir, ele começou a enfrentar a paralisação econômica causada pela pandemia.
Ele adotou medidas durante a pandemia que foram bem aceitas no país (houve elogios inclusive de sindicalistas).
O político conseguiu uma certa unanimidade, mas perdeu isso na saída da crise do coronavírus: o Reino Unido estava com uma dívida extra de 400 bilhões de libras.
Sunak insistiu que sua prioridade era consertar as finanças públicas e quase não ofereceu apoio extra para as famílias mais atingidas em uma atualização orçamentária em março deste ano, apenas para se curvar à crescente pressão e apressar medidas extras em maio.
A popularidade de Sunak piorou depois que ele foi multado por violar as regras de bloqueio do coronavírus e confirmou que possuía um visto de residência dos EUA enquanto trabalhava no governo britânico, levantando questões sobre se ele via seu futuro de longo prazo na Grã-Bretanha.
Além disso, as pessoas que o criticam dizem que ele vai aumentar impostos.
Sunak venceu diversas rodadas de votação entre os parlamentares do Partido Conservador.
Patrick English, diretor associado da empresa de pesquisas YouGov, disse que Sunal tem baixos níveis de popularidade entre os eleitores – as pesquisas atualmente sugerem que ele perderá o segundo turno -, mas sua experiência em administrar a economia pode ajudá-lo a mudar as coisas.
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