RÁDIO BPA

TV BPA

Mulher autista obtém na Justiça direito de plantar maconha em casa para extrair óleo medicinal, no Ceará

Mulher autista obtém na Justiça direito de plantar maconha em casa para extrair óleo medicinal, no Ceará

 Quantidade de maconha necessária para produzir óleo medicinal excede o permitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por isso ela precisou acionar a Justiça estadual para plantar cannabis em casa. Ceará tem projeto parado para flexibilizar uso medicinal da cannabis.
Ismael Soares/SVM
Uma mulher autista obteve na Justiça do Ceará o direito de cultivar maconha em casa para fins medicinais. Conforme o processo, ela foi diagnosticada com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e ansiedade generalizada, e precisa do canabidiol – substância extraída da planta da maconha – para realizar o tratamento prescrito pelos médicos.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
O processo teve início em fevereiro de 2024 e a decisão favorável foi anunciada pela Justiça no fim de junho. A mulher precisou apresentar relatório médico, atestado e receituário que comprovavam o diagnóstico e a necessidade do uso do óleo.
Anteriormente, a jovem já tinha conseguido na Justiça o direito de comprar o óleo de canabidiol. No entanto, atualmente só é possível adquirir a substância por meio de importação, o que possui custos elevados. A mulher, então, procurou a Defensoria Pública do Ceará (DPCE) para ingressar na Justiça e obter a autorização para plantar a cannabis em casa, o que reduziria os custos do tratamento.
Para ingressar com a ação, a mulher apresentou provas à Justiça de que o uso da substância amenizou crises de convulsões, ansiedade, insônia, restrição alimentar, dentre outros sintomas, apontando a importância do tratamento e a dificuldade de mantê-lo por meio de importação.
A decisão favorável obtida no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) estabeleceu que a jovem, moradora de Fortaleza, cultive apenas o suficiente para a extração da quantidade de óleo de canabidiol que foi prescrita pelo médico para o tratamento.
LEIA TAMBÉM:
Da depressão à dor crônica: autorização para cultivo medicinal de maconha ajuda no tratamento de pacientes no Ceará
Descriminalizar x legalizar: entenda as diferenças e o que está sendo discutido no STF
Mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal, foi preciso entrar na Justiça para conseguir a autorização porque, pelas quantidades necessárias para produzir o óleo de canabidiol, a jovem poderia ser acusada e presa por tráfico.
“O STF [Supremo Tribunal Federal] fixou a quantidade máxima de 40 gramas de maconha para a caracterização do consumo. Ou seja: passando disso, será considerado, a priori, tráfico. Em casos como o da assistida, ela necessita de algo em torno de 80 a 100 gramas por mês para a extração da quantidade de óleo prescrita”, explica o defensor público Alfredo Homsi, que atuou no caso.
Entenda como é feito óleo de cannabis para uso medicinal
Conforme a Defensoria, o plantio da cannabis por parte da jovem vai ocorrer mediante fiscalização da Polícia Civil, que vai realizar visitas regulares à casa da beneficiada para verificar o cumprimento do que foi estabelecido pela Justiça.

Em fevereiro deste ano, a Procuradoria da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) deu parecer favorável ao projeto de lei 1.014/23, que regulamenta o uso da cannabis para fins medicinais no estado.
O projeto, entre outras coisas, possibilitaria que os pacientes tivessem acesso ao canabidiol na rede pública de saúde e autoriza a pesquisa científica com a substância. Não há, porém, previsão de votação do projeto.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará g1 Read More 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *