Me dê motivos para ir embora: entenda por que Gabigol deixa o Flamengo irritado com a diretoria
Clube e jogador quase renovaram por quatro anos, mas recuo do Flamengo deu início a processo de ruptura de uma das relações mais vitoriosas do futebol brasileiro Gabigol comemora último título pelo Flamengo e recebe abraço de Braz: “Obrigado por tudo”
“Me dê motivos para ir embora”.
Foi parafraseando Tim Maia que Gabigol lançou um canal no YouTube no mesmo momento em que anunciava a sua saída do Flamengo em entrevista após o título na Copa do Brasil, no último domingo. Ele deixará o clube ao fim desta temporada após cinco anos de uma relação histórica, multicampeã, mas que conta com capítulo conturbados. O principal nome da segunda geração mais vitoriosa da história do clube dá adeus com fortes criticas à diretoria.
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A entrevista ainda no campo após o título da Copa do Brasil – o seu 13º com a camisa do Flamengo – deixa claro as rugas na relação que foi costurada com muita cautela desde o empréstimo junto à Inter de Milão até o “Dia do Fico” em 2020, quando o Rubro-Negro o contratou em definitivo.
Se as duas negociações terminaram em entendimento, a terceira negociação evidenciou divergências claras para uma assinatura – o que deu motivos para Gabigol tomar a decisão de ir embora.
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Gabigol Atlético-MG Flamengo Copa do Brasil
Cris Mattos/Reuters
– (Estou) muito emocionado, tenho carinho pelo Flamengo. Agora é aproveitar bastante esses jogos que faltam e poder me despedir bem da torcida. Não fico no Flamengo, nesses últimos anos houve negociações, o presidente, a diretoria, apertou minha mão, do meu pai, da minha mãe, e depois aconteceram coisas que eu realmente não gostei. Sempre soube das coisas pelo podcast (Nota da redação: refere-se a entrevistas de dirigentes em podcasts), nunca pessoalmente. Falei com Marcos Braz para ficar por dois, três anos, mas nunca houve uma proposta do Flamengo– afirmou Gabriel.
Por que o acordo verbal não virou contrato assinado?
O desejo era ter Gabigol por mais cinco anos, e Gabigol queria ficar no Flamengo até completar uma década. Não à toa, em outubro de 2023, um contrato até fim de 2028 foi encaminhado após mais de um ano de negociação – com uma valorização salarial considerável.
O acordo verbal foi celebrado por todas as partes. O jogador, inclusive, recebeu cumprimentos da diretoria, que também telefonou para os familiares para comemorar o novo vínculo.
Dias após a reunião, o atacante enquanto aguardava a minuta para assinar o contrato, montou todo o planejamento para o anúncio da renovação. O staff de Gabigol compareceu no Ninho do Urubu e fez imagens para a divulgação. O documento, porém, não chegou e o atacante – e seu empresário – viveram dias de silêncio absoluto. A diretoria do Flamengo não retornou o contrato que havia sido acordado e não respondeu às tentativas de diálogo.
O presidente Rodolfo Landim foi quem travou a assinatura do contrato – mesmo estando alinhado inicialmente com os termos acordados por Marcos Braz e Bruno Spindel. Internamente, o declínio esportivo do jogador e o alto valor do contrato foram as justificativas, após diversas cobranças pelos corredores da Gávea.
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Polêmicas dão munição a Landim
A denúncia por tentativa de fraude do exame antidoping em dezembro, o interesse do Corinthians aliado a declarações sobre o clube paulista durante participação de podcast, a suspensão por dois anos no caso antidoping e a foto vazada com a camisa do Corinthians são os principais motivos que deixaram o último ano de Gabigol bastante conturbado. Consequentemente, Landim teve a munição para segurar a assinatura do contrato.
Sem querer assinar nos termos negociados, Landim foi convencido por Braz a oferecer um novo contrato a Gabigol. Mesmo reticente, o presidente topou e, no meio do ano, o vice-presidente de futebol tentou abrir uma negociação diretamente com o jogador. Um aumento salarial de mais de 50% e um ano de contrato. O atacante prontamente recusou, e afirmou que o interesse era um contrato longo.
Outro capítulo importante foi o interesse do Palmeiras, que inicialmente articulou uma troca com Dudu. Não houve acordo. Posteriormente, enviou um pré-contrato, mas Gabigol optou por não assinar e, na época, o atacante não descartou a renovação com o Flamengo.
Gabigol conversa com Landim antes de Vasco x Flamengo, ano passado
André Durão/ge
“Sempre soube de coisas por podcast”
A frase dita por Gabigol traz à tona a falta de diálogo para a busca de um entendimento. Publicamente, o clube afirmou diversas vezes que a última proposta se mantinha de pé. Após a saída de Tite, e as maiores oportunidades de Gabigol com Filipe Luís, Landim confidenciou a pessoas próximas que torcia pelo entendimento e a permanência do jogador.
A oferta de apenas um ano fez o atacante se sentir desvalorizado por ter apenas 28 anos, além de ter visto o clube oferecer três anos para Bruno Henrique, já com 33 na época. Depois de voltar atrás, o Flamengo não atendeu o pedido de Gabigol para oferecer um contrato maior.
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Briga quase solitária
Se a renovação era questionada por alguns, os membros do departamento de futebol se mantiveram como entusiastas da permanência, principalmente Marcos Braz.
O dirigente articulou e costurou uma maneira de chegar a um acordo para manter Gabigol até o atacante tomar a decisão de ir embora. Braz tinha como “último ato” a permanência do atacante, mas a não autorização do contrato longo dificultou.
Gabigol, com taça da Copa do Brasil conquistada pelo Flamengo
Cris Mattos/Reuters
Na Arena MRV, Braz já vive o primeiro capítulo da despedida de uma das suas primeiras contrações em janeiro de 2019. Ao pé do ouvido, o dirigente agradeceu a Gabigol, a quem nunca escondeu o carinho (veja o vídeo no início da matéria).
– Obrigado por tudo.
O abraço entre eles no último título juntos selou o fim de uma era importante na história do Flamengo. Braz deixará a vice-presidência de futebol no término do mandato de Rodolfo Landim em dezembro.
Quis o destino que Gabigol conquistasse seu último título no local que será sua nova casa: Belo Horizonte. O Cruzeiro ofereceu um contrato de quatro anos, um dos maiores salários do país e luvas na negociação.
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