NCAA segue ordem de Trump e bane mulheres trans de torneios universitários dos EUA

Entidade máxima do esporte universitário americano muda política de elegibilidade para pessoas transgênero Conheça Lia Thomas, nadadora que reacendeu a discussão sobre atletas trans em competições
Mulheres transgênero estão banidas de participarem de competições universitárias femininas nos Estados Unidos. Na quinta-feira, a NCAA, entidade máxima do esporte universitário americano, divulgou uma revisão de sua política de elegibilidade para seguir a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira. A resolução federal exclui de torneios femininos pessoas que foram designadas do sexo masculino no nascimento mesmo que se identifiquem como mulheres trans.
– Acreditamos firmemente que padrões de elegibilidade claros, consistentes e uniformes serviriam melhor aos atletas-estudantes de hoje, em vez de uma colcha de retalhos de leis estaduais conflitantes e decisões judiciais. Para esse fim, a ordem do presidente Trump fornece um padrão nacional claro – disse Charlie Baker, presidente da NCAA.
Lia Thomas natação
Rich von Biberstein/Icon Sportswire via Getty Images
A antiga política da NCAA permitia a participação de mulheres trans em competições universitárias femininas desde que se enquadrassem nos critérios de elegibilidade internacionais de cada esporte. Em novembro de 2021, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu que cada federação de modalidade esportiva passaria a decidir seus critérios sobre a questão dos atletas transgêneros e intersexuais. Desde então, as resoluções sobre elegibilidade de atletas trans se deram na esfera esportiva para o alto rendimento. A ordem executiva de Trump quebra esse cenário por se tratar de um decreto governamental. O presidente americano pressiona o COI para seguir sua resolução.
A nova política da NCAA vai afetar menos de dez dos 530 mil atletas competindo por 1.100 universidades. Homens trans podem disputar competições masculinas desde que se enquadrem nos critérios de elegibilidade internacionais de cada modalidade.
+ Federação internacional restringe participação de mulheres trans na natação
+ Italiana se torna 1ª atleta trans a competir em Paralimpíadas: “Um dia histórico”
+ Ciclismo muda regra e proíbe mulheres trans em competições femininas
+ Federação proíbe mulheres trans em provas internacionais de atletismo
+ Saiba como entrar no grupo de WhatsApp do ge
Nos Estados Unidos, o caso mais famoso de atleta trans é o de Lia Thomas. A nadadora de 25 anos não pôde participar da seletiva americana por uma vaga nas Olimpíadas de Paris por ser uma mulher transgênero. Apelou à Corte Arbitral do Esporte (CAS), mas teve seu caso rejeitado. O tribunal máximo da justiça desportiva entendeu que a americana não era elegível para questionar a regra da World Aquatics (Federação Internacional de Esportes Aquáticos) que proíbe a participação de atletas trans em competições femininas.
Desde 2022, a World Aquatics restringe a participação de mulheres trans na natação. A regra barra de competições internacionais femininas pessoas transgêneros que passaram pela puberdade masculina, ou seja, apenas mulheres trans que completaram sua transição até os 12 anos de idade podem competir. A World Aquatics argumenta que o limite de idade para concluir a transição de gênero é necessário para garantir que mulheres trans tenham vantagem por passar pela puberdade masculina, embora a entidade admita que em muitos países não é permitido fazer a transição tão cedo. A Associação Mundial para Saúde de Transgêneros recomenda 14 anos como idade mínima para esse processo de transição. Na prática, a regra da World Aquatics barra praticamente todas as mulheres trans das principais competições da natação, incluindo as Olimpíadas.
A ordem executiva de Trump segue seu lema de campanha: “Manter os homens fora das competições femininas”. O ataque aos direitos das pessoas transgênero faz parte da plataforma do político republicano. No seu primeiro dia em exercício da presidência neste novo mandato, em janeiro, Trump decretou que a definição de sexo no país vai ser limitada a masculino e feminino de acordo com a designação no nascimento, o chamado sexo biológico. Essa medida teve efeito em documentos oficiais, passaportes e políticas de designação de prisões federais. geRead More