Equador amplia estado de exceção para seis províncias
Entenda as manifestações em três pontos: o peso do movimento indígena, como a gasolina foi o estopim dos protestos e quanto tempo deve durar. Imagem de protestos em Quito em 20 de junho de 2022
Cristina Vega Rhor/ AFP
O governo do Equador decidiu ampliar o estado de exceção de três para seis províncias do país nesta segunda-feira (20).
A medida é uma tentativa de conter a violência registrada durante os protestos de indígenas que já duram oito dias, informou a presidência.
Agora as províncias onde há estado de exceção são as seguintes:
Pichincha,
Cotopaxi, Imbabura,
Chimborazo,
Tungurahua e
Pastaza.
Veja abaixo três pontos para entender os protestos.
O peso do movimento indígena
O estopim: a gasolina
Quanto tempo e a que custo?
Bloqueio em estrada no Equador em 17 de junho de 2022
Cristina Vega Rhor / AFP
O peso do movimento indígena
Com uma ampla capacidade de mobilização, a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) ganhou força em 1990 com um levante que conseguiu que o governo concedesse 2,3 milhões de hectares de terras a comunidades da Amazônia e serra andina.
Atualmente, seu braço político Pachakutik é a segunda força no Legislativo, onde a oposição está dispersa, mas tem maioria.
Entre 1997 e 2005, o movimento participou de protestos que derrubaram três presidentes. Em 2019, liderou manifestações que deixaram 11 mortos e mais de mil feridos e obrigaram o então presidente Lenín Moreno a recuar no corte de subsídios aos combustíveis.
A Conaie é a “principal organização social do país”, disse à AFP Franklin Ramírez, cientista político da Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais de Quito.
Os indígenas representam mais de um milhão dos 17,7 milhões de habitantes do Equador.
O estopim: a gasolina
O Equador exporta petróleo, mas importa combustíveis que vende com subsídios que custaram 2,8 bilhões de dólares ao governo entre 2014 e 2022, segundo o Ministério da Economia.
Em pouco mais de um ano, o governo subiu o galão de diesel em 90% e a gasolina em 46%. Desde outubro, os preços estão congelados por pressão dos nativos. Os protestos exigem que esse preços baixem.
O movimento, liderado por Leonidas Iza desde 2021, também exige uma moratória para o pagamento de dívidas de agricultores, o controle de preços agrícolas, mais emprego, suspensão de concessões à mineração em territórios indígenas e novos investimentos em saúde, educação e segurança.
Para conter a crise, Lasso mandou aumentar de 50 a 55 dólares um auxílio a 30% da população mais vulnerável, subsídios a pequenos e médios produtores e perdão a créditos vencidos de até três mil dólares concedidos pelo banco estatal para o fomento produtivo.
Também declarou emergência no sistema de saúde pública para destinar recursos extras e duplicou o orçamento para a educação intercultural.
Quanto tempo e a que custo?
Ao contrário de outros protestos, os indígenas ainda não avançaram a Quito.
Ramírez considera que não há condições para que as manifestações durem mais tempo.
“O país está em crise econômica, começávamos a nos estabilizar após a pandemia. Não se até que ponto as classes médias e populares devem apoiar os protestos se afetam os negócios”, alertou.
Os protestos acarretaram perdas de pelo menos 60 milhões de dólares nos primeiros cinco dias no setor produtivo nacional, afirmou à AFP a Câmara do Comércio de Quito.
Também afetaram a produção de petróleo, principal produto de exportação, e o cultivo e exportação de flores.
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