“Só queríamos que acabasse”: dez anos após 7 a 1, Hernanes lembra de clima no intervalo no Mineirão
Em longa entrevista ao ge, Profeta traz detalhes daquele Brasil x Alemanha: “Não lembro se Felipão falou alguma coisa. Mas Thiago Silva, sim, falou bastante” O telão do estádio Mineirão, em Belo Horizonte, apresentava o impensável: 5 a 0 para a Alemanha. Naquele instante, intervalo do jogo, o zagueiro e capitão do time, Thiago Silva, suspenso na semifinal da Copa do Mundo 2014, desceu para o vestiário atônito.
“Lembro que o Thiago Silva não estava jogando, mas ele desce ao vestiário e começa a falar. Estávamos em silêncio, não lembro se Felipão falou alguma coisa. Mas Thiago Silva, sim, falou bastante”.
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A lembrança do insólito 7 a 1, que no próximo dia 8 de julho completará uma década, é do ex-meia Hernanes, ídolo de clubes como São Paulo e Lazio. O clima, segundo ele, era de um vestiário “em luto”.
– O Thiago Silva entrou falando: “A gente combinou uma coisa e tal…”. E começou a tentar mexer com o grupo. Mas voltamos para o segundo tempo e a gente só queria que o jogo acabasse porque estava vergonhoso. Foi duro – contou Hernanes, que ficou no banco naquele jogo.
Onde você estava no dia 8 de julho de 2014, o dia de Alemanha 7 x 1 Brasil?
Reserva da seleção brasileira no Mundial disputado em casa, o pernambucano trata o episódio como um eclipse raro, “que precisa se alinhar para naquele momento a luz se apagar”.
Foi justamente por analogias e metáforas transformadas em frases de efeito como essa do “eclipse raro” que Hernanes construiu o perfil tratado como “fora da caixa” no meio do futebol. E que, não em vão, ganhou o apelido de “Profeta” por sua fala eloquente e pelas ideias diferentes.
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Aposentado como atleta profissional há pouco mais de dois anos, Hernanes, atualmente com 39 anos, esteve no Recife para cuidar de questões pessoais e rever à família, incluindo uma visita ao Engenho São Lourenço, onde viveu parte da infância, e ao estádio Grito da República, em Olinda, onde assistiu ao jogo entre atletas da base do América-PE.
Nessa passagem, o último pernambucano presente num Mundial, conversou com o ge para um balanço em que elegeu as ocasiões marcantes da carreira: os melhores jogador e treinador com quem atuou, o melhor batedor de falta, o gol e título inesquecíveis, além de arrependimentos – como a famosa “voadora” em Benzema, num amistoso contra a França, em 2011.
Hernanes em visita ao Engenho São Lourenço, onde passou parte da infância
Arquivo Pessoal/Instagram
Hernanes também revelou que por muito tempo, alimentou o que chamou de “fantasia” de ter se tornado o melhor jogador do mundo.
Além disso, por fim, num ponto de situação da vida, Hernanes também revelou planos para criar um centro de treinamento com metodologia própria, na Itália.
Atualmente, o ex-jogador vive em Turim, na região norte italiana, onde é dono de uma vinícola, a “Ca’ Del Profeta” (Casa do Profeta, em português), situada no vilarejo Montaldo Scarampi.
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Qual foi o melhor jogador que já jogou ao lado?
– Eu vou dizer dois: Ronaldinho Gaúcho e Neymar. São gênios, dois craques, dois grandes jogadores com grandes trajetórias, além dos títulos, gols, assistências, era bonito de ver jogar, era fácil de ver jogar, tiveram jogadas que a gente se perguntava de onde ele tirou. Era assim surreal de ver.
Hernanes e Ronaldinho Gaúcho conquistaram a medalha de bronze, em Pequim 2008
Agência/AP
Melhor batedor de falta?
– Eu vou tirar os dois para não ficar monótono. Fico então com Dybala, da Juventus. A canhota é diferenciada.
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E o melhor treinador?
– Eu vou colocar Paulo Autuori. Ele tem um estilo que me agradava muito, não gritava quase nunca. Ele tem uma classe, e uma capacidade de liderar um grupo de jogadores, de homens que pensam diferente e se impor somente com o conhecimento, com a técnica, sem ter que gritar, isso já demonstra por si só o alto grau de intelecto, cognitivo. Então, assim, ele é diferenciado nessa parte, ele entendia do jogo, entendia do ser humano e sabia lidar com o ser humano em todas as suas circunstâncias, um cara honesto, um cara verdadeiro. Então, assim, todas as vertentes, ele era monstro.
Autuori com a taça do Mundial de 2005 pelo São Paulo
Divulgação
O teu gol inesquecível?
– Eu vou colocar dois. O primeiro, contra o Cruzeiro, pelo São Paulo, lá no Mineirão, em 2007. Dei duas pedaladas e, de fora da área, eu solto o “sabugo”. E o contra a Roma, pela temporada 2012/2013. No derby Lazio-Roma. Na Itália, de canhota, também fora da área, ameaço coma direita, puxo para a esquerda e mando lá na gaveta.
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O maior título da carreira?
– O primeiro título foi muito marcante para mim com o São Paulo, em 2007. Era o sonho da minha vida colocar um quadro de campeão na parede do CT. Então foi muito significativo.
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– A Copa das Confederações, com o Brasil, numa final contra a Espanha. E vou falar mais um também que foi a final da Copa Itália, um Lazio-Roma (2013), que também foi inesquecível.
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A vitória marcante de um jogo?
– Eu vou falar dois também, porque um é complicado. Botafogo no Engenhão, na minha volta em 2017. A gente estava perdendo por 3 a 1 até os 40 e viramos para 4 a 3, foi absurdo.
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– E contra o Cruzeiro fiz dois gols e dei assistência, em 2017 também. Fiz gol de falta e pênalti, foram duas vitórias inesquecíveis.
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O clube do coração?
– São Paulo.
O maior mala com que já jogou?
– Radu, joguei com ele na Lazio. Ele era muito chato, “tirava onda” com todo mundo, brincava, mas era mala. Até quase saio na mão com ele num treino, de tão mala que ele era. Ele era chato, ficava irritando, já estava de saco cheio dele. Eu errei uma bola e ele veio reclamar. E eu disse: “Você quer falar de quê?”. Rolou um bate-boca normal, mas tive dois momentos como esse. Outra vez, na China, com um chinês e essa com o Radu.
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André Durão
O marcador mais difícil que encontrou pela frente?
– Gattuso, ex-Milan.
E o mais difícil de marcar?
– Era um cara chato, ainda no início da minha carreira: o Valdivia, do Palmeiras. Era liso, habilidoso, chato. Aquele canela final, vai para cima, pedalava. Era chato.
Valdivia Palmeiras
Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação
A maior frustração da carreira?
– Não… Frustração, não. Tive derrotas que doeram bastante, mas frustração não, porque quando você entrega o máximo que você pode, você não vai se frustrar. As minhas derrotas sempre foram assim: perdi, mas entreguei o máximo que pude entregar.
Houve, por exemplo, derrotas que foram mais doloridas?
– Houve derrotas que doeram, sim. Como a Champions League, Juventus x Bayern de Munique, pelas oitavas de finais (2015/2016). A gente ganhava 2 a 0, os caras empataram e viraram (4 a 2), mas jogamos muito.
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– O Sport também por não ter conseguido ajudar, influenciar, contribuir mais para livrar do rebaixamento em 2021. E, por fim, ter sido eliminado pelo Internacional, não ter conseguido chegar à final da Libertadores, em 2010, foi dolorido.
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Carrega algum arrependimento?
– Eu joguei muito tempo na Lazio e, quando fui para o Inter e fiz um gol, em 2015, eu dei um mortal. Era a minha marca registrada, e isso é uma coisa que eu me arrependo, não deveria ter feito. Depois pedi desculpas à torcida da Lazio.
Hernanes comemora um de seus dois gols com salto mortal
Agência EFE
– E outra situação também que ali foi algo que não tinha como frear, porque durante o jogo não dá para você pensar, você não pensa. Só reage e faz, mas devia ter preparado. Foi o jogo do Brasil x França, lá em Paris, em 2011. Fui expulso dando uma pesada no Benzema. Ali não foi voluntário, nem por querer, nem pensado, mas eu estava muito pilhado. Com um pouco mais de maturidade, deveria ter entrado um pouco mais normal, tranquilo.
Hernanes acertou pesada em Benzema, durante amistoso, em 2011
Reprodução/TV Globo
E a Copa 2010, aquela não ida, frustrou?
– Fiquei triste, mas acho que o Dunga (treinador da Seleção na época) poderia ter olhado com mais carinho. Mas, enfim, não está no meu controle, foi escolha dele. Não tem como eu ficar chateado, com mágoa.
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Em 2014, você foi e esteve lá naquela Copa histórica. Passados dez anos, como você vê aquele 7 a 1 diante da Alemanha?
– Foi o imponderável. Nem se o Brasil tivesse jogado com seis, isso não se repetiria. Foi algo que acontece uma vez a cada milhares, centenas de anos. É como um eclipse, que precisa se alinhar para naquele momento a luz se apagar. E foi isso. Então, não tem explicação.
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André Durão
Doeu em você?
“O futebol para mim era questão de vida ou morte, não era legal o jeito que eu vivia. Quando eu perdia, era o fim do mundo, ficava triste, demorava recuperar. Eu já era assim normalmente, então aquilo para mim… Eu demorei meses para voltar, fiquei em estado de luto. Não de morte, mas esportivo, que você não entende, fica triste. Foi realmente uma atmosfera de luto. O vestiário era de luto”.
– E teve ainda a disputa do terceiro lugar, contra a Holanda. Mas o time estava completamente destruído emocionalmente. Abalado. Os dias seguintes preparação não tinha ambiente. Fomos do céu ao inferno. No começo era muito lindo, arrepiante, as bandeiras na rua, todos em êxtase e de repente aquela pancada e apaga tudo, acaba tudo, do céu ao inferno, não tem outra descrição.
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O momento da Seleção
– Um cenário um pouco lamentável, esquisito. A gente que jogou futebol, a relação com a Seleção é muito naquele negócio intocável, conto de fadas, e você ver essa desorganização que foi, esse papo do Carlo Ancelotti (técnico do Real Madrid). Não é que não acreditava, achava que não deveria ter aceitado a espera. Se ele viesse, ótimo, acho que dos treinadores tradicionais é o melhor. É um cara que sabe lidar com brasileiro, mas esperar quando ele quiser decidir, não. Para mim, a Seleção é o topo do futebol, ninguém ganhou mais do que o Brasil.
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Reprodução/Marca
Sente que poderia ter ido além na Seleção?
– Teve o evento que fui muito infeliz que foi a voadora no Benzema. Eu estava muito pilhado. Não foi a minha intenção, a bola estava no ar e pensei em estourar a bola, só que quando fui com o pé, ele só com a coxa tirou a bola, aí a perna estava em cima e não teve como frear. O meu erro não foi naquele momento, foi antes, estar muito pilhado querendo ganhar de todo jeito. Ali vejo que atrapalhou a minha sequência, mas depois eu volto e vou à Copa, em 2014.
“Vejo a minha situação na Seleção um pouco parecida com a do Juninho Pernambucano. As pessoas sempre querendo que ele jogasse mais e ele sempre banco, entrava poucos jogos e sei por que isso. Na Seleção, os treinadores gostam do meio de campo mais pegador. Do meio para frente, já tinha muita gente boa para resolver, então o volante tinha que ser mais de desconstrução. Eu e o Juninho éramos o contrário, um segundo volante que dava qualidade ao time. É o que eu vejo”.
– Entendo essa configuração de como é feito, não lamento, foi legal. Poderia ter sido melhor aproveitado se o time fosse armado com esquema que me favorecesse, poderia ter sido melhor no sentido de ter mais participações, mais gols, fiz só dois.
hernanes modric brasil x croacia
Getty Images
E o balanço da sua carreira?
– É paradoxal, porque eu nunca perdi a fantasia de criança. Eu chamava de sonho, mas agora, realmente, olhando para trás, eu cheguei longe para caramba, realizei muita coisa… Mas eu tinha uma fantasia de criança que era ser o melhor jogador do mundo, mas de criança. Mas era uma fantasia que persegui como uma meta, treinava mesmo para isso. Eu tinha essa fantasia, um sonho muito grande. Me acompanhou como profissional. Eu lembro que chego para jogar a Champions League e penso: “Opa, agora sim!”. Quando chego na Inter de Milão, em janeiro de 2014, ali era a fantasia viva. Eu tinha destruído na Lazio, estava num top-10 dos melhores clubes do mundo. Então eu estava no caminho, “Agora vira a chavinha e vou chegar lá!”.
Carreguei isso por muito tempo. Nunca me abandonou a fantasia. Ontem chamava de sonho, mas hoje vejo que era uma fantasia, porque era um sonho de criança, que não mensura o que é real e possível. Era isso. Eu dizia sempre uma frase: “Mire a lua porque se você errar, vai estar entre as estrelas”.
– Mas cheguei onde tinha que chegar, realizei o que tinha que realizar e entreguei o que tinha que entregar. A coisa mais difícil agora é saber dizer não, porque são tantas as possibilidades, de voltar ao futebol, empreendimentos. Uma estima que não gosto é “ex-jogador”. Acho muito pouco para nós. Eu estive jogador, agora estou me preparando para estar em outra coisa. Mas as possibilidades de ser humano são infinitas. Por mais que eu saiba que nunca vou me desconectar do que fiz em campo, não acabou a vida. Acho isso muito limitante. Hernanes agora é produtor de vinhos, agora estou me preparando para voltar.
Hernanes na Itália, onde está desde janeiro
Reprodução
Voltar ao futebol, como?
– Tentei me afastar um pouco, mas o futebol sempre me chama. Quando eu me aproximo, a chama reacende. Ano passado, fiz a UEFA B e este ano vou fazer o UEFA A. Fui fazer por fazer, vivi tantos anos no futebol, fui fazer para entender como é e a chama acendeu. Depois fiz um intercâmbio com garotos do Brasil que foram para Itália e treinei os moleques, os vi melhorar, isso fez acender ainda mais e agora estou decidido a voltar para o futebol. Vou me preparar e quero construir algo dentro do futebol.
Gostaria de se tornar treinador?
– Técnico não gostaria. Vou tentar evitar ao máximo. Sou intenso, se for técnico, não vou querer ser para receber o meu salário, mas para fazer história, construir um legado. E no futebol tem que se doar ao máximo. Não gostaria de passar mais um tempo da minha vida com essa intensidade, foram 30 anos de bola, bola, bola, sem descanso. Tentarei evitar. Aqui no Brasil nem cogito, porque é “inumano”. Não sei nem essa palavra existe… Eu quero ser treinador assim, como aqui em Olinda vendo os moleques jogando. Vi que tem dois ou três ali que bati o olho e são bons, dá para trabalhar, fazer com que cheguem lá. Então quero pegar essa molecada e transformar o potencial deles. É aquilo que está mais acendendo, em evolução em mim.
E como seria o seu projeto?
– É ter o meu próprio CT, um centro esportivo para ter dentro umas quadras futebol vôlei, beach tênis, tênis, e a minha dedicação total ao futebol para ter esses moleques se desenvolverem. Os clubes já têm a metodologia deles.
“Eu experimentei muitas coisas diferentes do que a turma fazia. Tanto é que no começo a galera me chamada de louco, de viajado, porque eu fazia uns treinos meio diferentes. Mas eu construí um método que eu queria aplicar na minha própria escolinha. Essa é a minha utopia, enquanto isso não acontece, vou cuidando das minhas coisas”.
Hernanes em treino do São Paulo
Divulgação/São Paulo
Sobre essas loucuras, há relatos de que você chegada para treinar no São Paulo e dizia: hoje vou treinar só com a perna esquerda, ou só de primeira… É verdade?
– Lembro de um treino que cheguei e falei: hoje vou jogar sem olhar para a bola. Só com a visão periférica. Então, eu usava esses tipos de mecanismos para melhorar as minhas técnicas. Eu tinha uma parada que era o seguinte: eu dificultava ao máximo a execução de um movimento que se faz cotidianamente e acrescentava só de primeira, só de esquerda, sem olhar a bola porque é mais difícil. Então, tinha que estar mais concentrado e quando voltava ao normal fica mais fácil, com a técnica mais refinada. Isso foi no profissional.
“Mas na base eu subia em coqueiro, andava em cima do muro. O coqueiro era para reforçar o adutor, agilidade. Se você vai na academia, um circuito fechado, não tem influencia de agente externo. Ou seja, eu saía do convencional, eu ficava lá sozinho, chegava antes, pegava o saco de bola e ficava chutando: com a direita e com a esquerda, sozinho”.
– Na minha vida tive somente uma lesão de menisco, nunca tive uma lesão mais grave porque a minha desenvoltura com o meu corpo, eu salto mortal até hoje, porque desenvolvi isso. Claro que é um pouco genético. Mas o que eu fazia era visando à integração corpo e mente. Com essas técnicas, nunca me machuquei, poucas vezes estive afastado. Todo mundo acha que lesão é fatalidade, mas poucas vezes são fatalidades. Quando se tem o corpo preparado, a mente desperta e faz os movimentos mais preciosos, evita contato, coloca o pé no lugar certo. Se pegar os meus gols, só de fora da área e era o que eu fazia: chegava antes e treinava no treino. Já fazia desde aqui no Recife.
Hernanes em treino do Sport no CT
Anderson Stevens/Sport
O lance de ser ambidestro foi treino também?
– É engraçado isso, porque o nosso corpo tem uma lateralidade natural. O goleiro sempre tem a facilidade de cair mais para um lado. Sou destro, nasci fazendo as coisas com a direita, mas o meu pai diz que quando eu era novo, ele já incentivava. Só que, no meu caso, eu tinha uma ideia fixa para ser canhoto. Achava o canhoto muito lindo, o jeito toca na bola… E aí abandonei a direita e passei a treinar só com a esquerda.
“Por isso, falo que queria ter um projeto para isso, com essas fixações desenvolvi o método. Se me treinei, consigo também treinar um moleque, que não sabe usar um cabeceio, uma chapa. Ele vai aprender. Uma coisa que penso muito diferente é isso: para jogar futebol tem que ter talento, dom. Acho que não é assim”. geRead More