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Alto comissário da ONU diz que ataque com pagers e walkie-talkies viola direito internacional e pede investigação independente

Alto comissário da ONU diz que ataque com pagers e walkie-talkies viola direito internacional e pede investigação independente

 Volker Turk disse durante reunião do Conselho de Segurança da ONU que as explosões dos dispositivos utilizados pelo grupo extremista libanês ferem o direito internacional dos direitos humanos porque não havia como saber quem estava com a posse dos pagers e walkie-talkies no momento do ataque. Conselho de Segurança da ONU se reúne em 20 de setembro de 2024 para discutir explosões de dispositivos no Líbano e escalada de tensões entre Israel e Hezbollah.
Stephanie Keith/Reuters
O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, disse que o ataque coordenado realizado aos pagers e walkie-talkies do Hezbollah viola o direito internacional dos direitos humanos, porque milhares de pessoas foram alvos ao mesmo tempo e não havia o conhecimento de quem estava em posse dos dispositivos visados, sua localização e arredores.
A declaração ocorreu durante reunião do Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira (20). O órgão realizou reunião de emergência para discutir as explosões de pagers e walkie-talkies do grupo extremista Hezbollah no Líbano nesta semana.
Segundo Turk, também é difícil conceber como os ataques poderiam estar alinhados aos princípios fundamentais de distinção, proporcionalidade e precauções em ataques militares, conforme o direito humanitário internacional.
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A reunião foi convocada após uma queixa do primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati. As explosões, na terça e quarta-feira (18), causaram 37 mortes e deixaram mais de três mil feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês. “Nenhum ser humano pode expressar a brutalidade deste crime”, disse Mikati na quarta.
O representante dos EUA na reunião do Conselho da ONU, Robert Wood, disse que um conflito entre Israel e Hezbollah não é desejável nem inevitável, e os EUA esperam que todas as partes cumpram o direito humanitário internacional e tomem todas as medidas razoáveis para minimizar os danos aos civis.
Segundo a secretária-geral adjunta para Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, o Conselho pedirá a interrupção de hostilidades entre Israel e Hezbollah, que têm potencial para aumentar dos conflitos no Oriente Médio.
Rosemary alertou também que se as coisas continuarem como estão entre Israel, Hamas e Hezbollah, “corremos o risco de ver uma conflagração que pode superar até mesmo a devastação e o sofrimento testemunhados até agora”.
Irã, Líbano e Hezbollah acusam Israel de ser responsável pela ação coordenada que levou à explosão dos dispositivos usados pelos membros do grupo terrorista. O governo israelense, no entanto, não se pronunciou sobre o assunto.
Desde as explosões, as tensões entre Israel e o Hezbollah se acirraram e as trocas de agressões se intensificaram, com bombardeios no norte israelense e no Líbano. Israel disse que iniciou uma “nova fase da guerra”, e o grupo extremista libanês afirmou que as explosões dos dispositivos caracterizam uma declaração de guerra.
Nesta sexta (20), o Exército israelense bombardeou Beirute, capital libanesa, e matou um dos comandantes de operações militares do grupo extremista. Em resposta, o Hezbollah lançou 150 foguetes em direção de Israel. Os bombardeios trocados entre Israel e Hezbollah nesta sexta também foram tema da reunião do Conselho de Segurança.
Walkie-talkies destruídos por explosões no Líbano
Telegram/Reprodução
O embaixador da Eslovênia na ONU, Samuel Zbogar, presidente do conselho, disse que a reunião foi solicitada pela Argélia em nome do Líbano e dos estados árabes.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também falou sobre a situação e condenou o uso de objetos civis como armas:
“Acho que é muito importante que haja um controle efetivo de objetos civis, não que objetos civis sejam transformados em armas. (…) Há um sério risco de uma escalada dramática no Líbano — e tudo deve ser feito para evitar a escalada. O que aconteceu é particularmente grave, não só pelo número de vítimas que causou”, disse Guterres em uma entrevista coletiva na sede da ONU.
Após pagers, ‘walkie-talkies’ do Hezbollah explodem em Beirute e no sul do Líbano
Explosões de pagers e de walkie-talkies
Um dia após pagers do Hezbollah explodirem, vários “walkie-talkies” do grupo extremista também foram detonados nesta quarta-feira (18) em Beirute e no sul do Líbano. Três pessoas morreram e milhares ficaram feridas, de acordo com a agência de notícias estatal libanesa.
Criados na Segunda Guerra Mundial, os “walkie-talkies” são dispositivos de troca de mensagens de voz que mandam e recebem mensagem entre si via ondas de rádio.
A agência de notícias estatala libanesa afirmou que vários sistemas de energia solar de casas em Beirute também explodiram e que alguns “walkie-talkies” foram detonados em funerais de vítimas do ataque aos pagers na terça-feira.
Fogo após explosões de walkie-talkies no Líbano
Telegram/Reprodução
Fontes do governo libanês disseram à agência Reuters que os dispositivios atingidos nesta quarta também foram adquiridos há cinco meses, na mesma época em que o grupo comprou os pagers que explodiram na terça, em um ataque coordenado que matou 12 pessoas e feriu quase 3.000.
Os pagers — dispositivos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990, antes de os celulares existirem — eram usados pelo grupo extremista como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.
O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.
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VÍDEOS E FOTOS mostram caos após explosões de walkie-talkies no Líbano
Explosão de pagers
Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024
Reuters
As explosões dos pagers na terça-feira ocorreram em um intervalo de cerca de uma hora em locais como lojas, praças e supermercados. Doze pessoas, entre elas uma menina de 4 anos, morreram, e cerca de 3.000 ficaram feridas.
Segundo o jornal “The New York Times”, Israel implantou os explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah utilizando uma empresa de fachada –um plano de longo prazo executado pelo serviço secreto israelense.
O governo do Líbano disse que uma investigação concluiu que os explosivos foram implantados nos dispositivos antes deles entrarem no país.
Israel não se pronunciou, e os EUA negaram terem tido qualquer participação no ataque.
A publicação afirmou, em reportagem na terça, que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente.
Os equipamentos haviam sido importados ao Líbano da Gold Apollo, fabricante de pagers com sede em Taiwan. A Gold Apollo, no entanto, informou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste. Os pagers foram produzidos pela BAC Consulting KFT, sediada na capital da Hungria.
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Detalhes da explosão de pagers
Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução
Os explosivos utilizados para a explosão dos pagers — dispositivos de recebimento de mensagem por texto prévios ao celular — foram implantados através de um chip, eram indetectáveis e tinham um algoritmo específico para serem ativados, segundo disse nesta quarta a TV libanesa Al Mayadeen.
Fontes de segurança ouvidas disseram que um chip “IC” foi implantado nos dispositivos e que foi o material de lítio que alimenta o “pager” que, ao receber a mensagem, provocou a explosão, e não a bateria, como se suspeitava inicialmente.
Em cerca de 4 segundos após receber o som da chamada com uma mensagem escrita, os dispositivos explodiram automaticamente, tanto para quem os abriu quanto para quem não os abriu. Apenas os pagers que estavam desligados ou em áreas sem sinal não explodiram, assim como os dos tipos antigos.
A explosão foi realizada através de uma mensagem com tecnologia avançada que ativou o material explosivo oculto, que utilizava técnicas complexas com algoritmos específicos para a operação.
O método usado é tão moderno que os explosivos não puderam ser detectados por nenhum dispositivo de verificação convencional, nem mesmo por países e aeroportos globais.
O ataque
A onda de explosões durou cerca de uma hora. Entre os mortos, estão uma menina e dois integrantes do Hezbollah, segundo o grupo xiita.
Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.
O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pelas explosões. Segundo a embaixada, Amani sofreu ferimentos leves.
A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar no socorro às vítimas.
Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a “maior falha de segurança” a qual o grupo foi submetido desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares.
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