Cidadão dos EUA morre em bombardeio israelense no Líbano
Kamel Ahmad Jawad foi um dos mortos dos bombardeios israelenses diários ao território libanês. Kamel Ahmad Jawad, de Michigan, foi morto no Líbano em um ataque aéreo israelense em 1º de outubro de 2024.
Reprodução/redes sociais
Um americano foi morto no Líbano durante um bombardeio israelense nesta semana, segundo o Departamento de Estado norte-americano. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (4).
Kamel Ahmad Jawad, de Dearborn, Michigan, foi morto no Líbano em um ataque aéreo israelense na terça-feira (1º), de acordo com sua filha, um amigo e a congressista dos EUA que representa seu distrito.
O governo Biden está trabalhando para entender as circunstâncias do incidente, segundo o porta-voz Matthew Miller. Os Estados Unidos são o principal aliado de Israel, que realiza bombardeios diários contra diversos locais do Líbano, inclusive a capital Beirute, e uma operação terrestre contra alvos militares do grupo extremista libanês Hezbollah. (Leia mais abaixo)
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O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse no início desta semana que Washington acreditava que Jawad era um residente permanente legal, e não um cidadão americano. Na sexta-feira, o departamento afirmou que ele era cidadão dos EUA.
“Estamos cientes e alarmados com os relatos da morte de Kamel Jawad, que confirmamos ser cidadão dos EUA”, disse o porta-voz.
“Como temos observado repetidamente, é um imperativo moral e estratégico que Israel tome todas as precauções possíveis para mitigar danos a civis. Qualquer perda de vida civil é uma tragédia”, disse Miller.
Israel afirma que está atacando militantes do Hezbollah, apoiados pelo Irã, que têm lançado foguetes em Israel desde o início da guerra em Gaza, há um ano.
Sua recente campanha militar no Líbano matou centenas e feriu milhares, de acordo com o governo libanês, que não informou quantas das vítimas eram civis ou membros do Hezbollah. O bombardeio israelense também desalojou mais de 1,2 milhão de libaneses.
A governadora de Michigan pediu ao governo dos EUA que faça mais para resgatar americanos presos no Líbano, muitos deles de Michigan, durante a ofensiva militar de Israel no país.
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Mais de 1.900 mortos
Em menos de duas semanas, os bombardeios de Israel ao Líbano já deixaram 1.974 pessoas mortas, afirmou nesta quinta-feira (3) o Ministério da Saúde libanês.
Desse total, 127 eram crianças, ainda de acordo com o ministério.
Mais de 6 mil pessoas também ficaram feridas em decorrência dos bombardeios.
O número ultrapassou o balanço total de mortos na guerra do Líbano em 2006 — quando Israel também invadiu o país vizinho para lutar contra o Hezbollah. Em pouco mais de um mês, o conflito teve um total de 1.191 mortos, entre civis, soldados e membros do Hezbollah.
No conflito atual, as Forças Armadas de israelenses começaram a bombardear o território libanês em 20 de setembro, dias depois de anunciar uma nova fase da guerra, com foco no norte de Israel, perto da fronteira com o sul do Líbano. A região é o reduto do Hezbollah
No último dia 30, Israel invadiu o Líbano por terra. Nesta quinta-feira, dois novos ciclos de bombardeios atingiram o centro de Beirute, matando nove pessoas e ferindo outras 14.
Crise humanitária grave
Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira (2), o representante interino do Líbano na ONU, Al-Sayyid Hadi Hashim, afirmou que o país foi empurrado para uma crise humanitária grave, com milhares de pessoas desabrigadas.
Segundo Hashim, um milhão de libaneses precisaram deixar suas casas por causa do conflito. O país também abriga 2 milhões de sírios deslocados, além de 500 mil palestinos refugiados.
“O que está acontecendo agora, com essas mortes, pessoas desabrigadas e destruições sem precedentes, não pode ser mais tolerado ou ignorado. As crianças dos subúrbios do sul de Beirute estão dormindo nas ruas”, afirmou.
Do lado de Israel, 50 soldados morreram em confrontos diretos com membros do Hezbollah no sul do Líbano, segundo as Forças Armadas israelenses. Oito deles foram mortos na quarta-feira (2) em uma emboscada do grupo extremista em um vilarejo no sul.
O representante de Israel na ONU, Danny Danon, disse que o país enfrenta ataques diretos à própria existência. “Essa é a realidade que enfrentamos todos os dias: terror nas fronteiras, mísseis sobre nossas cabeças, balas nas ruas. O Conselho [de Segurança da ONU] precisa entender o cenário em que Israel é forçado a viver”, disse.
O representante do Líbano rebateu o argumento de Israel e disse ser “mentira” que as forças israelenses tenham feito ataques precisos e “cirúrgicos”.
“Os prejuízos aos civis e à infraestrutura civil são imensos”, afirmou Hashim. “Hoje, o Líbano está preso entre a máquina de destruição de Israel e a ambição de outros na região. As pessoas do Líbano rejeitam essa fórmula fatal. O Líbano merece vida.”
O governo do Líbano pediu ao Conselho de Segurança da ONU o envio de ajuda humanitária urgente e apelou por um aporte financeiro de US$ 426 milhões (R$ 2,3 bilhões). O país também pediu para que outras nações pressionem Israel para a aprovação de um cessar-fogo de 21 dias proposto por França e Estados Unidos.
“O Conselho de Segurança deve tomar as medidas para evitar uma implosão do Oriente Médio”, afirmou Hashim.
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Entenda o conflito
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Israel disse que está fazendo uma operação militar contra o grupo extremista Hezbollah. Embora tenha atuação política no Líbano, a organização possui um braço armado com forte influência no país. Além disso, o Hezbollah é apoiado pelo Irã e é aliado dos terroristas do Hamas.
Os extremistas têm bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade ao Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah.
O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes acontecimentos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando “uma nova fase na guerra”.
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute.
Em 30 de setembro, Israel lançou uma operação terrestre no Líbano “limitada e precisa” contra alvos do Hezbollah.
Em 1º de outubro, o Irã atacou Israel com mísseis como resposta à morte de Nasrallah e outros aliados do governo iraniano. Os mísseis iranianos, no entanto, foram interceptados pelo sistema de defesa israelense, o chamado Domo de Ferro.
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Arte/g1
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