Suor, retranca e treta: o que Atlético-MG e Botafogo mostraram na prévia da final da Libertadores
Com base no empate de ontem, para a decisão continental, em 30 de novembro, tanto atleticanos como botafoguenses levam motivos para acreditar no titulo. E também nervos à flor da pele. Atlético-MG 0 x 0 Botafogo | Melhores momentos | 34ª rodada | Brasileirão 2024
O confronto entre Atlético-MG e Botafogo era esperado como uma prévia da decisão da Libertadores, mas desde antes de a bola rolar alguns fatores prejudicavam esta percepção. Por exemplo, ao contrário do que veremos dia 30, com milhares de almas aflitas ocupando o Monumental de Núñez, não havia torcida na arquibancada do estádio Independência — O Galo está punido pelos eventos ocorridos na final da Copa do Brasil. Por mais que sacie nossa curiosidade poder ouvir claramente o que dizem jogadores e comissões técnicas, nada se compara ao burburinho causado pelas multidões que frequentam as arquibancadas: esta deve ser a trilha sonora dos estádios.
As escalações também estavam mutiladas, tanto pela convocações para as Eliminatórias quanto por alguma compreensível precaução clínica. E assim não tínhamos começando o jogo nem Hulk, Scarpa, Alonso e Arana, pelo lado do Galo, nem Savarino e Igor Jesus, na formação botafoguense. E obviamente isso comprometia qualquer intenção prévia de comparação com o jogo histórico que vamos presenciar daqui a dez dias.
O que ficou claro desde o início é que o Botafogo é um time muito mais consistente do que o Atlético-MG. Também pelas individualidades que estavam em campo, mas principalmente pela mecânica de jogo. Mesmo antes de Rubens deixar a equipe de Gabriel Milito com um jogador a menos, ainda no primeiro tempo, era o Botafogo quem se apoderava do jogo, a ponto de o campo de ataque atleticano parecer um território hostil para a vida humana — um planeta habitado exclusivamente pelo arqueiro John.
Com um jogador a mais, então, a superioridade botafoguense alcançou níveis impressionantes. O jogo acabaria com 25 finalizações do time de Artur Jorge, ainda que poucas tenham chegado ao gol e a insistência em levantar a bola para a área indicasse um misto de desespero e pobreza de ideias — por mais que tenha suado, não tem sido fácil, mesmo para o time que melhor joga futebol no Brasil, encontrar alternativas para furar as retrancas mais convictas. E a disposição para se defender dos atleticanos era algo comovente.
Luiz Henrique – Atlético-MG x Botafogo
Gilson Lobo/AGIF
É impressionante como o desenho da partida se modificou após a entrada de Hulk, que é capaz de se transformar em um sistema ofensivo inteiro. Ele fez com que o Atlético-MG, por breves minutos, deixasse de apenas se defender para até se mostrar atrevido, inclusive flertando com o gol casual para o qual todos torcedores rezam. Era o antídoto necessário para dar alguma folga aos zagueiros atleticanos, que passaram a noite delirando pelo ímpeto de Luiz Henrique, jogador capaz de destruir ferrolhos e reputações. Não por acaso, ambos, Hulk e Luiz Henrique, tornaram-se protagonistas também quando acabou a partida.
Esta configuração de ânimos no empate sem gols, resultado que reabriu de vez a disputa do Brasileiro, pois agora o Palmeiras está apenas dois pontos atrás do Botafogo e depende apenas de seu próprio desempenho para ser campeão, também revelou, para ambos os lados, elementos promissores para a tarde portenha que se avizinha na decisão continental: o Botafogo impôs superioridade do início ao fim do jogo, mas o Atlético-MG, mesmo vivendo considerável crise técnica, desfalcado e jogando em campo neutro, mostrou-se capaz de segurar o adversário, que hoje é, impossível contestar, favorito.
São circunstâncias que deixam evidente o que jamais deveria ser motivo de dúvida: o jogo de Buenos Aires está aberto. E, a partir de ontem, sem ninguém tentar esconder que os nervos já estão à flor da pele e todos os envolvidos fazem contagem regressiva enquanto mastigam marimbondos.
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