Russo é preso na Polônia sob acusação de espionagem para o Kremlin
Um cidadão russo foi preso no dia 6 de abril na Polônia sob suspeita de ter coletado informações sobre unidades militares do país, especialmente sobre suprimentos e funcionários. O acusado teria agido a serviço da inteligência de Moscou. As informações são da rede Radio Free Europe.
A promotoria da cidade de Gdansk disse na terça-feira (12) que o homem, que não teve a identidade revelada, teve decretada prisão preventiva por três meses. Mais detalhes sobre o caso não foram divulgados.
Vista da cidade de Gdansk, onde o suspeito foi colocado em prisão preventiva por três meses (Foto: Pixabay)
Segundo o porta-voz do ministro-coordenador dos Serviços de Inteligência, Stanislaw Zarin, o suspeito pode pegar até dez anos de prisão se for considerado culpado por crime de espionagem.
Segundo o site local Portal Samorzadowy, o acusado mora na Polônia há 18 anos, onde atua como empresário.
Por que isso importa?
Casos de espionagem associados a cidadãos russos têm se acumulado na Europa, inclusive com muitos diplomatas expulsos por países europeus sob acusação de desempenharem atividades de inteligência sob o disfarce do serviço diplomático.
O país mais afetado por esses problemas é a Alemanha, dona da maior população e da principal economia da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora do bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.
A relação diplomática entre Moscou e Berlim, o que se estende UE, é ruim desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, o bloco europeu proibiu a venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam.
O caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde está preso desde fevereiro de 2021.
A Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no final de 2021, aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem.
Até mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões, tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.
Em março deste ano, já em meio à guerra, outros países europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro a Bulgária, que determinou a saída do país de dez acusados de desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.
Dias depois, quatro países da União Europeia (UE) expulsaram 43 diplomatas russos no total. A Holanda puxou a fila, com 17 diplomatas expulsos por desempenharem “atividades secretas”. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos. O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, com um nome, enquanto a Irlanda anunciou uma lista com quatro indivíduos.
Já em abril foi a vez de a Alemanha expulsar 40 diplomatas russos, enquanto a França anunciou a saída de 25 indivíduos. A Lituânia, por sua vez, expulsou o embaixador russo em Vilnius e convocou seu principal diplomata em Moscou para retornar ao país. Na sequência, a vizinha Letônia disse estar “reduzindo suas relações diplomáticas com a Federação Russa”, sem dar maiores detalhes.
Uma nova leva de países europeus anunciaram a expulsão de integrantes do corpo diplomático russo neste mês de abril. Juntos, Portugal, Espanha, Dinamarca, Suécia e Itália expulsaram mais de 80 indivíduos acuados de usar as funções diplomáticas para acobertar o fato de servirem à inteligência russa.
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