“Enquanto viver quero ser as pernas dele”: pai e filho celebram primeira Corrida Integração
Corrida Integração tem número recorde de inscritos: mais de 15 mil
O primeiro dia da 40ª Corrida Integração, iniciada neste sábado (27) em Campinas, foi marcada por energia, emoção e histórias de superação. Entre milhares de pessoas que cruzaram a largada na Praça Arauto da Paz, uma dupla em especial chamou atenção: João Victor Ribeiro, 16 anos, e o pai, Júlio Ribeiro, 48, que viveram juntos a primeira participação na prova que se tornou símbolo de inclusão e amor.
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– Foi uma emoção que não tem preço. Há dois anos, a gente ia correr, ele teve pneumonia e não pôde. Então, hoje, pra mim é uma vitória porque crianças PCDs são muito limitadas, têm muitos problemas com doenças respiratórias. Graças a Deus, a gente se cuidou bastante para participar esse ano. Ele está acordado desde às cinco horas da manhã, pilhado, se ele pudesse falar seria: ‘acorda, vamos correr’.
João Victor nasceu com paralisia cerebral e, desde os sete anos, corre em uma cadeira de rodas empurrada por Júlio Ribeiro
Geovanni Henrique
João nasceu com paralisia cerebral em consequência de complicações no parto. Até os sete anos, não tinha contato com o esporte, mas pequenos passeios perto de casa mudaram sua rotina e abriram uma nova porta para a felicidade. Desde então, pai e filho não se separam quando o assunto é corrida.
Em meio à celebração dos 40 anos de uma das principais corridas de rua do país, eles conquistaram não apenas a medalha de participação, mas também o coração dos corredores e do público. Para Júlio, a experiência foi um misto de esforço físico e emoção pura.
Júlio Ribeiro com o filho João Victor na Integração
Geovanni Henrique
– Missão cumprida. Eu faço musculação, mas às vezes a gente não treina tanto devido a correria, trabalha à noite, aquela coisa toda. Faz esteira, mas é diferente de conduzir uma cadeira, exige mais esforço físico. Enquanto ele viver, quero ser os braços e as pernas dele, proporcionar alegria. O que ele mais gosta é correr, sair de casa, ver gente e respirar ar puro.
Além de beneficiar a saúde e autoestima de João, o familiar diz que a corrida o ajudou a superar uma das principais dores de quem tem um PCD (Pessoa Com Deficiência) dentro de casa: o preconceito e o sentimento de pena.
Família unida na Corrida Integração
Geovanni Henrique
– É bom pra ele essa questão da parte respiratória, imunidade, porque geralmente a rotina de um cadeirante é ir para o tratamento, terapia, deitar na cama, ficar na cadeira, uma rotina massante. Quando a gente fala de ir correr, ir ao mercado, ele responde positivamente, ‘pô, vou ajudar meu pai’. Se sente útil. O que mais dói pra gente como pai e mãe é o olhar de coitadinho, ele não é um coitado, é um ser humano, ele entende, às vezes não vai verbalizar, mas se comunicar com ele vai saber o que quer dizer. É uma criança alegre, super contente, o que ele quer é viver.
Corrida Integração
A 40ª edição da Corrida Integração de Campinas entrou para a história antes mesmo das provas – marcadas para 27 e 28 de setembro. Com o recorde de 15 mil inscritos (quase o dobro dos 8,5 mil de 2024), as vagas foram esgotadas com antecedência pela primeira vez.
A edição conta com novidades para o participante, como a inclusão da inédita meia-maratona (21km), a corrida Kids, uma EXPO interativa e também os desafios “Andorinhas” Voo Curto (5km no sábado e 10km no domingo) e Voo Longo (5km no sábado e 21km no domingo).
Corrida Integração; edição 40; 2025
Rodrigo Capela
Criada em 1984, a Corrida Integração reúne, desde então, atletas de elite e corredores amadores, consolidando-se como uma das corridas de rua mais importantes do Brasil. Na última edição, os vencedores foram o brasileiro Walace Evangelista Caldas e a angolana Felismina da Silva.
A lista dos maiores vencedores no masculino é liderada por Altobeli Santos Silva (2022, 2018 e 2017), Diamantino Silveira Santos (1986-87-88), Vanderlei Cordeiro de Lima (1995-97-99), Valdenor Pereira dos Santos (1996-98-2001) e Giovani dos Santos (2013-15-16).
Entre as mulheres, a relação é dominada por Joana DArc Jeremias (1985-86-88), Viviany Anderson (1993-94-96) e as quenianas Eunice Jepkirui Kirwa (2009-10-11) e Nancy Jepkosgei Kipron (2008-13-14).
Corrida Integração, em Campinas
Rodrigo Capela
Veja abaixo a galeria completa de campeões:
1984: Clésio de Araújo (masculino) e Filomena Bergamo (feminino)
1985: Múcio Denilson Capanema (masculino) e Joana DArc Jeremias (feminino)
1986: Diamantino Silveira Santos (masculino) e Joana DArc Jeremias (feminino)
1987: Diamantino Silveira Santos (masculino) e Sônia Maria dos Santos (feminino)
1988: Diamantino Silveira Santos (masculino) e Joana DArc Jeremias (feminino)
1989: João Alves dos Santos (masculino) e Kelly Imaculada da Silva (feminino)
1990: Antônio Aparecido da Silva (masculino) e Sônia Alves dos Santos (feminino)
1991: Artur de Freitas Castro (masculino) e Kelly Imaculada dos Santos (feminino)
1992: Luis Amarilha Ibarra (masculino) e Sônia Maria Oliveira Marques (feminino)
1993: Ronaldo da Costa (masculino) e Viviany Anderson de Oliveira (feminino)
1994: Elenilson da Silva (masculino) e Viviany Anderson de Oliveira (feminino)
1995: Vanderlei Cordeiro de Lima (masculino) e Rizoneide Wanderley (feminino)
1996: Valdenor Pereira dos Santos (masculino) e Viviany Anderson de Oliveira (feminino)
1997: Vanderlei Cordeiro de Lima (masculino) e Rosângela Farias (feminino)
1998: Valdenor Pereira dos Santos (masculino) e Cleuza Maria Irineu (feminino)
1999: Vanderlei Cordeiro de Lima (masculino) e Delirde Maria Bernardes (feminino)
2000: Daniel Lopes Ferreira (masculino) e Fabiana Cristine da Silva (feminino)
2001: Valdenor Pereira dos Santos (masculino) e Maria Zeferina Baldaia (feminino)
2002: Rômulo Wagner da Silva (masculino) e Márcia Naloch (feminino)
2003: Franck Caldeira de Almeida (masculino) e Maria Zeferina Baldaia (feminino)
2004: Franck Caldeira de Almeida (masculino) e Deborah Mengich (feminino)
2005: Luís Fernando de Almeida Lima (masculino) e Fabiana Cristine da Silva (feminino)
2006: Mathew Cheboi (masculino) e Ednalva Laureano da Silva (feminino)
2007: João Ferreira de Lima (masculino) e Edielza Alves dos Santos (feminino)
2008: João Ferreira de Lima (masculino) e Nancy Jepkosgel Kipron (feminino)
2009: Martin Hhaway Sulle (masculino) e Eunice Kirwa (feminino)
2010: Damião Anselmo de Souza (masculino) e Eunice Kirwa (feminino)
2011: Mark Korir (masculino) e Eunice Kirwa (feminino)
2012: Mark Korir (masculino) e Maurine Kipchukba (feminino)
2013: Giovani dos Santos (masculino) e Nancy Jepkosgei Kiprop (feminino)
2014: Edwin Kiprop Kibet (masculino) e Nancy Jepkosgei Kiprop (feminino)
2015: Giovani dos Santos (masculino) e Tatiana de Souza Araújo (feminino)
2016: Giovani dos Santos (masculino) e Consolata Cherotich (feminino)
2017: Altobeli Santos Silva (masculino) e Tatiele Roberta de Carvalho (feminino)
2018: Altobeli Santos Silva (masculino) e Salome Chepchumba Masobo (feminino)
2019: Nikolas Kosgei (masculino) e Jenifer Silva (feminino)
2022: Altobeli Santos Silva (masculino) e Jenifer Silva (feminino)
2023: Fábio de Jesus (masculino) e Vivian Jelagat Jeptepkeny (feminino)
2024: Walace Evangelista Caldas (masculino) e Felismina da Silva (feminino) geRead More


