Trump fixa tarifa de 10% para madeira importada e de 25% para armários e móveis
O que é ordem executiva, instrumento usado por Trump para impor tarifa ao Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (29) a aplicação de tarifas de 10% sobre madeira e madeira serrada importadas, além de taxas de 25% sobre armários de cozinha, pias de banheiro e móveis estofados.
A medida dá continuidade à ofensiva tarifária contra parceiros comerciais globais.
Essa é a primeira ação em três setores que, segundo Trump afirmou na semana passada, receberiam novas tarifas elevadas já a partir de 1º de outubro — incluindo importações de medicamentos patenteados e caminhões pesados.
O decreto desta segunda-feira define que as tarifas sobre madeira e móveis começarão a valer duas semanas depois, a partir de 0h01 (horário de Washington; 4h01 GMT) de 14 de outubro.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma proclamação presidencial em que argumenta que as importações de madeira e móveis estariam enfraquecendo a segurança nacional. Com isso, justificou a adoção de novas tarifas com base na Seção 232 da Lei de Comércio de 1974.
O uso crescente da Seção 232 por Trump ocorre enquanto ele aguarda uma decisão da Suprema Corte sobre a legalidade de suas tarifas “recíprocas” mais amplas contra parceiros comerciais globais — medidas que já foram barradas por duas instâncias inferiores.
Segundo a proclamação, as tarifas começam em 14 de outubro, mas serão elevadas em 1º de janeiro: 30% para produtos de madeira estofados e 50% para armários e pias de banheiro importados de países que não chegarem a acordo com os EUA.
Trump afirmou que as importações de produtos de madeira estão fragilizando a economia americana, levando ao fechamento de serrarias, à quebra das cadeias de suprimento e ao subaproveitamento da indústria local.
“Diante da situação da indústria de madeira dos EUA, o país pode não conseguir atender à demanda por produtos essenciais à defesa nacional e a infraestruturas críticas”, diz o comunicado.
A ordem acrescenta que produtos de madeira são usados na “construção de infraestrutura para testes operacionais, alojamento e armazenamento de pessoal e equipamentos, transporte de munições, como ingrediente em munições e como componente em sistemas de defesa antimísseis e de proteção térmica de veículos nucleares de reentrada”.
Canadá, Vietnã e México serão afetados
O uso de tarifas tem marcado o segundo mandato de Trump, criando novos obstáculos para empresas já afetadas por cadeias de suprimento instáveis, custos crescentes e incertezas dos consumidores. O governo tem destacado o aumento da arrecadação com as tarifas.
A medida amplia as taxas sobre o Canadá, maior fornecedor de madeira serrada para os EUA, cujos produtores já enfrentam tarifas combinadas de cerca de 35% devido a uma disputa de longa data sobre exploração de florestas públicas canadenses.
O governo canadense, que tenta negociar reduções tarifárias dentro da revisão do acordo comercial de 2020 entre EUA, México e Canadá, anunciou até C$ 1,2 bilhão (US$ 870 milhões) em ajuda a seus produtores de madeira.
México e Vietnã, por sua vez, têm ganhado espaço como fornecedores de móveis de madeira para os EUA, após Trump impor tarifas de até 25% sobre móveis chineses em 2018 — alíquotas que desde então subiram para cerca de 55% e agora podem quase dobrar no caso de armários e pias.
A proclamação ofereceu algum alívio a países com acordos de redução tarifária já firmados com os EUA. Ficou estabelecido que as tarifas sobre madeira do Reino Unido seriam limitadas a 10%, e as da União Europeia e do Japão, a 15% — em linha com as taxas previstas nesses tratados.
O comunicado, porém, não mencionou o acordo fechado com o Vietnã em julho, que previa tarifa de 20%, mas que ainda não foi formalmente registrado.
Em abril, quando o Departamento de Comércio abriu a investigação sobre o impacto das importações de madeira na segurança nacional, a Câmara de Comércio dos EUA se posicionou contra qualquer restrição à entrada de madeira, papel, papelão e derivados.
“As importações desses produtos não representam risco à segurança nacional”, escreveu a entidade. “Impor tarifas sobre eles aumentaria os custos para empresas e para a construção civil, prejudicaria o desempenho das exportações da indústria de papel dos EUA e reduziria a renda de muitas comunidades americanas.”
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