Dólar abre em queda após Flávio Bolsonaro dizer que pode retirar candidatura
Ibovespa despenca e dólar dispara com anúncio de Flávio Bolsonaro
O dólar começou a sessão desta segunda-feira (8) praticamente estável, com leve queda de 0,04% por volta das 9h02, negociado a R$ 5,4312. No pré-mercado dos Estados Unidos, o EWZ — que replica o desempenho de grandes empresas brasileiras listadas lá fora — avançava 1,56%.
Os acontecimentos políticos voltam a ganhar peso no humor dos mercados neste início de semana. Depois da turbulência de sexta-feira, investidores seguem acompanhando de perto os movimentos de Flávio Bolsonaro, que chegou a dizer que “tem um preço” para desistir da candidatura à Presidência em 2026.
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▶️ A possibilidade de que Flávio abandone a disputa recolocou o cenário eleitoral no centro das análises. Ao admitir que poderia deixar a corrida em troca de anistia para o pai, Jair Bolsonaro, o senador elevou a incerteza e recolocou o cenário político no centro das atenções.
▶️ A pré-candidatura anunciada na sexta-feira surpreendeu investidores e provocou uma forte venda de ativos brasileiros. O Ibovespa tombou mais de 4%, interrompendo a sequência positiva dos últimos dias, impulsionada pelas expectativas de cortes de juros no Brasil e nos EUA.
▶️ Analistas avaliam que a entrada de Flávio enfraquece a oposição e, com isso, pode aumentar as chances de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Há a percepção de que Tarcísio de Freitas seria um nome mais competitivo, o que frustrou a expectativa de parte do mercado por uma eventual chapa Tarcísio–Michelle Bolsonaro, vista como mais unificadora para a direita.
▶️ No Brasil, o Boletim Focus é outro destaque desta segunda-feira. As projeções de inflação voltaram a recuar: para 2025, a estimativa passou de 4,43% para 4,40%, na quarta queda seguida. Para 2026, a previsão caiu de 4,17% para 4,16%, no terceiro ajuste consecutivo.
▶️ Mesmo assim, o foco principal da semana está nas decisões de política monetária. O Banco Central e o Federal Reserve anunciam suas resoluções na quarta-feira (10).
Por aqui, o mercado espera que a Selic seja mantida em 15%, enquanto busca sinais sobre quando o ciclo de cortes pode começar.
Nos EUA, cresce a aposta de mais um corte de 0,25 ponto, embora a decisão possa dividir opiniões dentro do Fed.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +1,83%;
Acumulado do mês: +1,83%;
Acumulado do ano: -12,09%.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
📈Ibovespa
C
Acumulado da semana: -1,07%;
Acumulado do mês: -1,07%;
Acumulado do ano: +30,83%.
Flávio Bolsonaro afirma “ter um preço”
A possibilidade de Flávio Bolsonaro disputar a Presidência em 2026, no lugar do pai, Jair Messias Bolsonaro, provocou uma reação imediata e negativa nos mercados na sexta-feira.
👉 Preso por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro está impedido de disputar as eleições. A situação levou aliados de Bolsonaro a disputar, ao longo dos últimos meses, o capital político do ex-presidente.
👉 Até então, líderes do Centrão trabalhavam com outra formação: uma chapa encabeçada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), com Michelle Bolsonaro como vice. Essa composição era vista como mais competitiva e capaz de unificar o eleitorado de direita.
👉 No Palácio do Planalto, ela também era considerada a principal alternativa de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já confirmou a intenção de buscar a reeleição no próximo ano.
A possível candidatura de Flávio Bolsonaro foi recebida com cautela pelo mercado. A percepção dominante é que essa mudança pode fragmentar a base bolsonarista e aumentar a incerteza sobre a disputa de 2026.
Isso porque o apoio de Jair Bolsonaro tornaria o grupo mais competitivo, enquanto a entrada do filho altera expectativas e abre espaço para conflitos internos. O cenário tende a dificultar a formação de uma frente unificada contra Lula e reduz a previsibilidade do quadro eleitoral.
Menos de dois dias depois de anunciar que disputaria a Presidência em 2026, Flávio passou a indicar que pode abandonar a corrida eleitoral. No domingo, ele afirmou que existe a possibilidade de desistir, mas que essa decisão teria “um preço” a ser negociado.
“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho preço para isso. Eu vou negociar”, disse o senador.
No entanto, a movimentação ocorre em meio a sinais de que sua candidatura não emplacou entre aliados.
Sem o apoio do Centrão e enfrentando baixa adesão nas pesquisas, Flávio passou a sugerir que sua saída da disputa poderia ser condicionada à aprovação de uma anistia para seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Segundo uma pesquisa Datafolha, apenas 8% dos entrevistados consideram Flávio o melhor nome para ser apoiado pelo pai — desempenho inferior ao de Michelle Bolsonaro (22%) e do governador Tarcísio de Freitas (20%).
Além disso, metade dos entrevistados afirma que não votaria em um candidato indicado por Bolsonaro.
Diante desse cenário pouco favorável, bolsonaristas passaram a levantar a hipótese de que o lançamento da pré-candidatura de Flávio teria sido uma forma de pressionar o Congresso.
A ideia seria construir um acordo com o Centrão: em troca de apoio a uma candidatura considerada mais competitiva — como a de Tarcísio de Freitas —, haveria espaço para discutir uma anistia mais ampla para o ex-presidente.
Flávio afirmou que detalharia seus próximos passos após uma reunião com lideranças do Centrão, prevista para hoje. Ele espera que o projeto de anistia seja pautado ainda nesta semana e disse contar com o compromisso dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para levar o tema adiante.
Bolsas globais
Em Wall Street, os mercados americanos estão focados nos dados de inflação que serão divulgados hoje, já que eles podem confirmar a expectativa de corte nos juros pelo banco central dos EUA na próxima semana.
Na abertura, o Dow Jones subia 0,06% na abertura, para 47.879,6 pontos. O S&P 500 ganhava 0,13%, a 6.866,32 pontos enquanto o Nasdaq tinha alta de 0,27%, para 23.567,77 pontos.
As bolsas europeias fecharam mistos, acompanhando o otimismo com a expectativa de corte de juros nos EUA. Além disso, investidores seguem atentos às negociações para um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia.
No fechamento, o STOXX 600 avançou 0,01% e o DAX subiu 0,61%. Por outro lado, o FTSE 100 teve queda de 0,45% e o CAC 40 recuou 0,09%.
Já as bolsas asiáticas fecharam com resultados positivos, interrompendo uma sequência de quedas na China. O avanço foi impulsionado pelo otimismo com fabricantes locais de chips, em meio a tensões comerciais com os EUA e medidas para fortalecer a produção doméstica.
No fechamento: em Xangai, o índice SSEC subiu 0,70%, para 3.902 pontos, e o CSI300 avançou 0,84%, a 4.584 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,58%, aos 26.085 pontos.
Já o Nikkei, em Tóquio, caiu 1,05%, para 50.491 pontos. Em outros mercados, o Kospi subiu 1,78%; o Taiex, 0,67%; o Straits Times recuou 0,08%; e o S&P/ASX 200, na Austrália, avançou 0,27%.
Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reutersg1 > EconomiaRead More


