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Polícia vê indícios de que atentado terrorista da Austrália foi inspirado pelo Estado Islâmico

Polícia vê indícios de que atentado terrorista da Austrália foi inspirado pelo Estado Islâmico

 Tiroteio na praia de Bondi, na Austrália.
A Polícia da Austrália afirmou, em coletiva realizada nesta terça-feira (16), que o atentado terrorista que deixou 15 pessoas mortas e 40 feridas, incluindo dois policiais, durante uma celebração do festival judaico de Hanukkah, na praia de Bondi, em Sydney pode ter sido inspirado por ideologias do Estado Islâmico.
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“Indícios iniciais apontam para um ataque terrorista inspirado pelo Estado Islâmico”, disse o porta-voz em coletiva.
Segundo as autoridades, o veículo dos dois homens suspeitos de realizarem o ataque continha bandeiras, feitas a mão, do grupo terrorista.
Os policiais afirmaram, ainda, que os dois teriam viajado para as Filipinas um mês antes de cometer o ataque.
“Os motivos pelos quais eles foram às Filipinas, o objetivo dessa viagem e os locais por onde passaram estão sendo investigados neste momento”, disse o comissário da Polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, a jornalistas.
O ataque
Dois homens dispararam tiros contra as pessoas que comemoravam a data no local. Os suspeitos são pai e filho, de acordo com a polícia. O pai, um homem de 50 anos, tinha licença para armas e morreu em confronto com as autoridades. Já o filho, de 24, foi detido com ferimentos graves, mas sua situação é estável.
A idade das vítimas vai de 10 a 87 anos. A mais jovem, uma menina, morreu no hospital.
Durante uma coletiva de imprensa, o comissário da polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, classificou o evento como um “incidente terrorista”.
Entre os mortos, está o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, nascido em Londres, noticiaram os jornais britânicos The Guardian e BBC News. Um israelense também morreu durante o ataque.
O Jerusalem Post informou que um de seus colaboradores, Arsen Ostrovsky, chefe do escritório de Sydney do Australia/Israel & Jewish Affairs Council, também ficou ferido.
O Itamaraty disse que, até o momento, não há informação sobre brasileiros atingidos.
Mal Lanyon disse que a polícia concluiu que não houve participação de um terceiro suspeito. 40 pessoas foram atendidas em diversos hospitais de Sydney, incluindo dois policiais.
“O estado de saúde desses agentes e dos demais feridos é grave”, afirmou Lanyon.
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Ainda durante a coletiva, o primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, disse que “o ataque foi planejado para atingir a comunidade judaica de Sydney, no primeiro dia do Hanukkah”.
Imagens mostram um dos atiradores sendo desarmado por um homem após os ataques (veja vídeo abaixo).
“É a cena mais inacreditável que já vi: um homem se aproximando de um atirador que havia disparado contra a comunidade e, sozinho, o desarmando, colocando sua própria vida em risco para salvar a vida de inúmeras outras pessoas”, disse Minns.
O homem que desarmou o atirador foi atingido por dois disparos, um no braço e outro na mão, mas se recupera bem no hospital, segundo um parente, disse o jornal “Guardian”. Ele tem 43 anos e é vendedor de frutas.
No Reino Unido, a polícia vai reforçar o policiamento em comunidades judaicas após o ataque na Austrália. O Hanukkah, o festival judaico das luzes, começa na noite de domingo, com celebrações previstas em todo o Reino Unido nos próximos dias.
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Mike Burgess, diretor-geral da inteligência australiana (ASIO) disse que a agência está analisando a identidade dos atiradores e se existe “alguém na comunidade que tenha intenção semelhante”.
“É importante ressaltar que, neste momento, não temos qualquer indicação disso, mas trata-se de algo que está sendo investigado ativamente”, afirmou.
Segundo ele, o nível de ameaça terrorista na Austrália permanece como “provável”. “Não vejo isso mudando neste estágio. Provável significa que há 50% de chance de um ato terrorista. Infelizmente, vimos esse ato horrível ocorrer hoje à noite na Austrália.”
A polícia australiana acrescentou que um “objeto que se acredita ser um artefato explosivo” foi retirado de um carro próximo à praia.
“Uma série de itens suspeitos localizados nas proximidades está sendo examinada por agentes especializados, e uma área de exclusão foi estabelecida”, informou a polícia de Nova Gales do Sul em comunicado divulgado às 21h (no horário da Austrália).
Local do ataque a tiros em Sydney, na Austrália.
Arte/g1
Mais cedo, em um comunicado, o primeiro-ministro Anthony Albanese afirmou que as imagens vindas de Bondi eram “angustiantes e chocantes”, e que policiais atuavam no local para “tentar salvar vidas”.
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, classificou o tiroteio em Bondi como “repugnante” e manifestou condolências às famílias das vítimas do ataque.
“O terrorismo, o antissemitismo, a violência e o ódio não têm lugar na Austrália”, afirmou.
“Minhas mais profundas condolências às pessoas que perderam entes queridos nesta noite. Desejamos a recuperação completa de todos os feridos e expressamos nossa solidariedade à comunidade judaica australiana”, afirmou.
Os Estados Unidos condenaram “veementemente” o ataque.
“O antissemitismo não tem lugar neste mundo. Nossas orações estão com as vítimas desse ataque horrível, com a comunidade judaica e com o povo da Austrália”, escreveu o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em uma publicação na plataforma X.
António Guterres, secretário-geral da ONU, classificou o episódio como um “ataque hediondo e mortal”:
“Estou horrorizado e condeno o ataque hediondo e mortal cometido hoje contra famílias judias. Meu coração está com a comunidade judaica em todo o mundo neste primeiro dia do Hanukkah, uma festividade que celebra o milagre da paz e da luz vencendo a escuridão.”
O presidente israelense, Isaac Herzog, classificou o ataque como “cruel contra os judeus” e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusou o governo australiano de ter “alimentado o fogo do antissemitismo” ao reconhecer um Estado palestino.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) publicou uma nota afirmando que manifesta “sua profunda consternação e solidariedade à comunidade judaica da Austrália”.
Tiroteio em Bondi Beach, na Austrália
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram pessoas se dispersando na praia de Bondi enquanto vários tiros e sirenes da polícia são ouvidos.
Mortes em ataques a tiros em massa são extremamente raras na Austrália. Um massacre ocorrido em 1996 na cidade de Port Arthur, na Tasmânia — quando um atirador matou 35 pessoas — levou o governo a endurecer drasticamente as leis sobre armas, tornando muito mais difícil para os australianos adquirirem armas de fogo.
Gramado próximo à praia de Bondi, na Austrália, após tiroteio
Australia Broadcasting Corporation, via Reuters
Imagem aérea das equipes atuando após tiroteio na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália
Reuters/Reprodução
Ferido é levado após tiroteio em Bondi Beach, na Austrália
AP Photo/Mark Baker
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