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Crise da gasolina no Peru: veja outros países que já tiveram grandes protestos pelo aumento de preços dos combustíveis

França, Equador, Brasil e Venezuela já tiveram manifestações desencadeadas por alta de preços de gasolina e combustíveis. Peru decreta toque de recolher para evitar manifestações por preço dos combustíveis
Na segunda-feira (4) à noite o presidente do Peru, Pedro Castillo, decretou toque de recolher na capital Lima para frear manifestações, suspenso apenas no fim desta terça. O país passou por uma onda de protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes motivado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Até o presidente tomar essa medida, já haviam sido duas semanas de distúrbios no país. Manifestantes queimaram praças de pedágio e entraram em confronto com a polícia perto da cidade de Ica, no sul.
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Essa não foi a primeira vez que o preço dos combustíveis foi motivo de protestos mundo afora —houve casos semelhantes na França, no Equador, na Venezuela e também no Brasil.
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O preço da gasolina tem se tornado um motivo comum de manifestações porque a população inteira percebe imediatamente a mudança e sofre com isso.
Jordan Kyle, uma cientista política que se formou na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, publicou um artigo no jornal “Washington Post” em 2019 sobre por que alguns aumentos de preços dão origem a protestos, mas não todos.
Ela estudou um caso específico, na Indonésia, em que o governo anunciou que iria paulatinamente acabar com subsídios aos combustíveis. Nesses casos, ela afirma, o governo precisa demonstrar que o dinheiro que era gasto com gasolina e diesel será gasto com políticas sociais. Se os cidadãos não acreditarem que isso vai acontecer, haverá protestos.
Caracazo de 1989, Venezuela
Uma das mais conhecidas manifestações pelo preço do combustível ocorreu em fevereiro de 1989, na Venezuela. O presidente do país naquela época, Carlos Andrés Pérez, decretou medidas de austeridade fiscal e aumentou o valor da gasolina.
A população se revoltou e começou a protestar, inicialmente, contra esse aumento, mas a pauta de reivindicações aumentou e ficou mais difusa.
O governo respondeu com repressão policial. Oficialmente, 340 pessoas morreram, mas grupos de direitos humanos afirmam que o número real de mortos é de mais de 1.000.
Anos mais tarde, durante o governo de Hugo Chávez, o Estado admitiu a culpa pelas mortes.
Greve dos caminhoneiros de 2018, Brasil
Em maio de 2018, o preço do diesel passou a R$ 2,37. Em um mês, o valor havia acumulado alta de 12,3%.
No dia 21 daquele mês, os caminhoneiros brasileiros começaram uma mobilização. No país inteiro, houve cerca de 190 pontos de paralisação.
Caminhoneiros em greve contra alta do diesel fazem carreata em Anápolis
Reprodução/TV Anhanguera
O movimento durou oito dias. Houve falta de combustíveis nos postos de abastecimento e também houve problemas no abastecimento de outros produtos pelo país.
A mobilização acabou quando o governo do então presidente Michel Temer anunciou uma redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel (esse valor era uma soma do total de isenção de impostos com subsídio direto; o dinheiro saiu do Orçamento da União).
Em junho, o mês seguinte à greve dos caminhoneiros, o governo Temer registrou o maior índice de rejeição da série histórica do Datafolha que mede a popularidade de governos. Na ocasião, 82% dos brasileiros classificaram a gestão de Temer como ruim ou péssima.
Coletes amarelos, França
No fim de 2018 foi anunciado um plano para aumentar os impostos de combustíveis na França: uma alta de 0,03 euro por litro para gasolina, e 0,065 euro pelo litro de diesel.
Os aumentos eram parte de um plano para que os franceses consumissem menos combustíveis fósseis.
‘Amanhã, o céu será amarelo’, diz manifestante ‘coletes amarelos’ em protesto em Amiens, na França, cidade natal de Emmanuel Macron, em 2019
François Nascimbeni/AFP
Resposta: quase 300 mil franceses foram às ruas no primeiro dia de protestos. Para se identificar como pessoas ligadas ao setor de transportes, eles usavam um colete amarelo que, pela lei na França, os motoristas são obrigados a usar.
Eles queimaram carros, bloquearam estradas e depósitos de combustíveis e houve confrontos.
O governo recuou dos impostos, mas a pauta dos coletes amarelos se tornou mais difusa, e eles continuaram a protestar (ainda que em aglomerações muito menores) nos anos seguintes. Mais recentemente, eles se mobilizaram contra a vacina da Covid-19.
Estado de emergência, Equador
Em 2019, o governo do Equador precisava se adequar às demandas do FMI, que havia feito um empréstimo ao país. Entre as recomendações do órgão estava acabar com o subsídio aos combustíveis, que custavam cerca de US$ 1,3 bilhão por ano.
Em um único dia, o preço da gasolina subiu 25%, e o do diesel, 50%.
Ruas de Quito, no Equador, durante protestos em 2019
Carlos Garcia Rawlins/Reuters
No dia 1º de outubro de 2019, manifestantes ligados ao setor do transporte fecharam as ruas, iniciaram incêndios e entraram no prédio do Legislativo.
O presidente na época, Lenín Moreno, decretou estado de emergência. Ele e os ministros deixaram a capital, Quito, e foram para Guayaquil.
Moreno fez um acordo com os líderes dos protestos para reduzir os preços e acabar com as manifestações.
Pelo menos 7 pessoas morreram e mais de 1.100 foram presas.
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