Europa enfrenta escassez de óleo de girassol e derivados devido à guerra na Ucrânia
Indústria alimentícia e a cosmética começam a enfrentar dificuldades devido à falta do insumo. Europa enfrenta escassez de óleo de girassol e derivados devido à guerra na Ucrânia
Reprodução/RBS TV
A Europa enfrenta escassez de óleo de girassol e derivados devido à guerra na Ucrânia. A falta já é sentida nas prateleiras de supermercados, não apenas a indústria alimentícia, mas também a cosmética começa a enfrentar dificuldades.
A Ucrânia e a Rússia são os maiores exportadores do mundo do produto.
De Paris a Barcelona, as imagens se repetem: prateleiras vazias na parte do óleo de girassol ou de outros derivados dele, como margarinas, batatas fritas e molhos. Nos estabelecimentos onde algumas raras garrafas deste produto, até então ordinário, ainda restam, os preços deram um salto inesperado.
A procura pelo óleo de girassol é tamanha que algumas redes de supermercado chegaram a impor cotas aos clientes. Em Madri, os estabelecimentos do Mercadona e do Corte Inglés permitem que cada cliente leve apenas cinco litros do produto por dia.
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Na França, o governo autorizou que as empresas alimentícias que dependem do óleo de girassol para a produção de derivados o substituam por outro item similar, sem a necessidade de mudanças na embalagem durante o prazo máximo de seis meses.
As industrias agroalimentar da França já estão utilizando óleo de colza ou de palma em biscoitos, chips, margarinas, pastas, conservas e molhos.
“São milhares de produtos”, explica Camille Dorioz, da ONG de defesa dos direitos dos consumidores Foodwatch, em entrevista à Franceinfo.
“Alguns industriais dizem que não há mais óleo de girassol no mercado e que eles precisam substituí-lo em seus produtos. Não estamos reclamando desta mudança, mas exigimos uma informação clara”, reitera.
O Reino Unido enfrenta a escassez do óleo de girassol há semanas. O país teme até mesmo que com a ausência do produto das prateleiras, um prato tradicional britânico, o fish and chips, peixe com batata frita, deixe de ser servido em restaurantes e na mesa da população.
Guerra entre os maiores produtores
A Ucrânia, que garantia 50% do comércio mundial do óleo de girassol, não consegue mais exportá-lo desde que foi invadida pela Rússia.
Os portos do país estão bloqueados e, segundo Kiev, as rodovias e ferrovias que permitiam escoar meio milhão de toneladas do produto em direção ao oeste, o fazem dez vezes menos que antes do início da guerra.
Já a Rússia, que exporta 28% do óleo de girassol que produz, determinou uma cota para vendas internacional de seu “ouro líquido”. No início de abril, Moscou aumentou em 20% as taxas de exportação.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, no último mês de março, os preços dos produtos alimentícios atingiram “níveis jamais registrados”. A instituição aponta que os principais responsáveis são os óleos vegetais, cujos valores registraram uma alta de 23,2%.
A célebre indústria cosmética europeia também sofre as consequências da guerra na Ucrânia. Os fabricantes enfrentam escassez de papel, vidro, álcool e óleo de girassol. O aumento dos preços das embalagens, da energia e das matérias-primas geraram um acréscimo de 25% a 30% nos custos de produção destes artigos, afirma Federica Levato, da consultoria Bains & Company.
“Estamos em modo de gestão de crise na questão de produtos em escassez”, afirma Emmanuel Guichard, delegado-geral da Federação das Empresas de Beleza da França. Mesma constatação da parte dos dirigentes da Intercos, fornecedor italiano de cosméticos, que se prepara para anunciar um aumento no preço de vários itens em algumas semanas.
Aumento no preço dos óleos vegetais
Com parte da indústria alimentar substituindo o óleo de girassol, os valores dos outros oleaginosos originários da colza, da soja e da palma também deram um salto inesperado.
O óleo de soja, por exemplo, registrou um aumento de 16,5% no início deste mês no mercado americano e o de colza registrou na semana passada seu valor recorde absoluto (€ 1 mil a tonelada, com entregas previstas apenas para maio no mercado europeu).
Diante da previsão cada vez mais longínqua do fim da guerra, na França, primeira produtora de oleaginosas na União Europeia, os agricultores pretendem plantar mais colza neste ano. As superfícies desta cultura devem ter um aumento de 18,4% neste ano em relação a 2021, enquanto que os terrenos para o plantio do trigo devem recuar em 3,9%.
Nos Estados Unidos, onde a semeadura ocorre entre maio e junho, vários agricultores já planejam aumentar suas superfícies. A Associação Nacional de Produtores de Girassol prevê uma alta de 20% a 25% no plantio, “algo inédito”, afirma o presidente da organização, John Sandbakken.
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