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Guerra na Ucrânia: especialistas listam 5 possíveis objetivos militares e políticos da Rússia na região

Analistas internacionais ouvidos pela France Presse acreditam que Moscou depende de uma vitória e que, apesar de retrocederem neste momento, pode seguir avançando. Soldados ucranianos observam destroços em Bucha, próximo a Kiev, capital da Ucrânia
REUTERS/Zohra Bensemra
aAs forças russas estão se retirando dos arredores de Kiev e do norte da Ucrânia, mas analistas acreditam que Moscou precisa de uma vitória e almeja várias conquistas militares e políticas nos próximos meses.
As forças russas estão se retirando dos arredores de Kiev e do norte da Ucrânia, mas analistas acreditam que Moscou precisa de uma vitória e almeja várias conquistas militares e políticas nos próximos meses.
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Embora os objetivos iniciais do presidente russo Vladimir Putin fossem além da situação atual nas linhas de frente, a Rússia pode sair fortalecida militarmente desse primeiro ataque, mesmo no caso de um cessar-fogo rápido.
Estes são cinco alvos possíveis para Moscou:
Necessidade de símbolos
Tomar Mariupol
Ganhar território
Ganhar tempo
Dividir o oponente
Membros das tropas pró-Rússia disparam granada anti-tanque em Mariupol, na Ucrânia
REUTERS/Alexander Ermochenko
1. Necessidade de símbolos
Em 9 de maio, a Rússia comemora o aniversário da capitulação – rendição – da Alemanha nazista em 1945 às tropas aliadas, especialmente as tropas soviéticas. O Kremlin terá que apresentar à opinião pública um balanço positivo.
“Putin é obcecado por datas simbólicas e pela história”, diz Alexander Grinberg, analista do Instituto de Segurança e Estratégia de Jerusalém (JISS). “Portanto, precisa desesperadamente de uma vitória antes de 9 de maio.”
“A Rússia não pode se dar ao luxo de perder”, disse no sábado Serguei Karaganov, aliado de Putin, ao site New Statesman. “As apostas para a elite russa são muito altas, para eles é uma guerra existencial.”
Discurso Putin
Sputnik/Ramil Sitdikov/Kremlin via REUTERS
2. Tomar Mariupol
Alexander Grinberg afirma também que está, entre as intenções russas, a captura completa de Mariupol, sitiada há semanas pelo exército.
Esta cidade no sudeste do país, localizada no Mar de Azov, foi severamente afetada pelos bombardeios incessantes da Rússia e não vai demorar a cair.
Pierre Razoux, diretor acadêmico da Fundação Mediterrâneo para Estudos Estratégicos (FMES), explica que essa “é uma posição que estabelece um número significativo de forças de assalto”.
O controle de Mariupol garantiria uma continuidade territorial da Crimeia às duas repúblicas separatistas pró-russas do Donbass, Donetsk e Luhansk.
“Isso facilitaria para os russos avançar para tomar o que resta do Donbass e estabelecer um espaço contínuo no sul da Ucrânia e na costa do mar de Azov”, aponta Razoux.
Svetlana Savchenko ao lado do prédio destruído onde seu apartamento estava localizado em Mariupol, nesta quarta (30)
Reuters/Alexander Ermochenko
3. Ganhar território
A Rússia quer garantir a segurança das conquistas registradas nas últimas semanas e o controle inquestionável das cidades e regiões de Lugansk e Donetsk.
“Seu objetivo é estabelecer regimes de ocupação de longo prazo no Donbass”, diz Ivan Klyszcz, pesquisador do think tank Riddle, especializado em Rússia.
A hipótese de um cessar-fogo está na mesa. E congelaria momentaneamente o front.
Reunião Rússia x Ucrânia na Turquia
Governo da Ucrânia/Reuters
“A guerra está longe de terminar e pode se transformar em vantagem para os russos no caso de uma operação bem-sucedida no leste da Ucrânia”, diz o Instituto americano para o Estudo da Guerra (ISW).
“Se ocorrer um cessar-fogo sobre o princípio de ‘manter o que você tem’, a Rússia pode conservar várias partes da Ucrânia”, confirma Ivan Klyszcz. “Isso criaria fronteiras de fato onde está a linha de frente”.
4. Ganhar tempo
Segundo o centro de estudos Soufan, de Nova York, o exército russo perdeu mais tropas nas duas primeiras semanas da guerra na Ucrânia do que os americanos perderam em 20 anos no Afeganistão.
Diante da resistência ucraniana, o Estado-Maior russo teve que revisar seus objetivos, mas não necessariamente a longo prazo.
Pierre Razoux menciona mesmo a possibilidade de “dividir a Ucrânia em duas”, levando em conta o rio Dnieper, mas considera que isso não deve acontecer rapidamente.
“A Rússia deve reconstituir suas forças, convocar novos recrutas, substituir o material destruído”, explica.
Segundo ele, uma interrupção dos combates permitiria “voltar ao ataque e jogar um segundo ‘round’ em seis meses ou um ano”.
Mas a pausa também beneficiaria a Ucrânia.
Michael Kofman, especialista em Rússia do Centro de Análise Naval (CNA), comenta que, além da atual batalha pelo Donbass, a Ucrânia estaria em uma posição “mais favorável” se a guerra eventualmente se transformar em uma “guerra de desgaste”.
Mapa mostra áreas sob controle de separatistas dentro das regiões de Luhansk e Donetsk
g1
5. Dividir o oponente
A Rússia constatou o front unido dos ocidentais, mas este parece ser “quebrável”.
Quando o presidente dos EUA, Joe Biden, semeou preocupação ao mencionar a necessidade de Putin deixar o cargo, o presidente francês Emmanuel Macron se distanciou.
Além disso, líderes britânicos, americanos, franceses, alemães e italianos recentemente acharam útil alertar sobre qualquer “afrouxamento da determinação ocidental” diante da invasão russa.
A Rússia pode tentar fazer com que os ocidentais discordem sobre, por exemplo, o uso do gás russo.
“O objetivo do jogo é também dividir a opinião pública: os europeus entre si, uma parte dos europeus contra os ucranianos, os europeus e os americanos”, destaca Pierre Razoux.
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