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Inteligência espanhola espionou separatistas catalães com autorização judicial, diz imprensa do país

Separatistas acusaram o governo da Espanha de estar por trás destas ações e ameaçaram retirar seu apoio decisivo ao governo central no Parlamento. Sistema Pegasus: saiba como funciona o ataque de espionagem digital
Os serviços de inteligência espanhóis espionaram separatistas catalães, mas sempre com autorização judicial e de forma individualizada, e não “maciça” como denunciaram líderes independentistas, de acordo com um texto do jornal “El País” desta terça-feira (26), citando fontes próximas ao Centro Nacional de Inteligência (CNI).
O caso da suposta espionagem maciça veio à tona há uma semana, quando a Citizen Lab, organização canadense de cibersegurança, identificou mais de 60 pessoas do círculo separatista catalão teve seus celulares infectados entre 2017 e 2020 com o software de espionagem israelense Pegasus, cujo fabricante afirma vender exclusivamente a Estados.
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Manifestantes andam sob uma Estelada (bandeira separatista catalã) enquanto marcham na Avenida Diagonal durante greve geral da Catalunha em Barcelona, na Espanha, nesta sexta-feira (18)
Albert Gea/ Reuters
Entre eles estavam dirigentes de destaque no movimento independentista, o que irritou os separatistas. Eles acusaram o governo do país de estar por trás destas ações e ameaçaram retirar seu apoio decisivo ao governo central no Parlamento.
Segundo fontes próximas ao CNI citadas pelo “El País”, de fato houve espionagem contra líderes separatistas a partir dos serviços de inteligência, mas “de forma individualizada” e “não indiscriminada” e o total de vigiados foi “muito inferior” ao denunciado.
As fontes, que colocaram em dúvida “o rigor” do relatório da Citizen Lab, afirmaram que o serviço de espionagem agiu “sempre sob controle judicial” do Tribunal Supremo.
Segundo o “El País”, uma das ferramentas usadas para a espionagem foi o Pegasus, um sistema que permite ler mensagens ou controlar o telefone à distância, adquirido pelo CNI em meados da década passada por 6 milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões).
O CNI não respondeu de imediato os pedidos de comentários da AFP.
Pedro Sánchez aplica sigilo
Diante da pressão dos separatistas, o governo de Pedro Sánchez, que se escudou no sigilo obrigatório em temas de Inteligência para não confirmar nem desmentir as informações, anunciou no fim de semana investigações e um controle parlamentar dos serviços de Inteligência, e assegura que não foram cometidas irregularidades.
“O governo da Espanha está muito tranquilo, tem a consciência tranquila”, disse nesta terça-feira o ministro da Presidência, Félix Bolaños, na coletiva de imprensa semanal após o conselho de ministros.
A ministra da Defesa, Margarita Robles, cuja pasta é responsável pelo CNI, insistiu no Senado em que “o governo age cumprindo escrupulosamente a legalidade, e assim como o governo todos os seus organismos públicos”.
Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha, em 21 de junho de 2021
Albert Gea/Reuters
O Executivo de esquerda do socialista Pedro Sánchez, minoritário no Parlamento, depende do apoio de partidos separatistas, começando pelo da formação ERC, do atual presidente da Catalunha, Pere Aragonés, e até agora estas formações têm tachado as explicações como “insuficientes” e “vagas”.
As tensões prolongadas entre o separatismo catalão e Madri atingiram seu ponto culminante em outubro de 2017, quando os separatistas organizaram um referendo ilegal de autodeterminação e posteriormente declararam de forma unilateral, e sem sucesso, a independência da região.
As tensões tinham se diluído após a retomada, em 2020, do diálogo entre os separatistas e o governo Sánchez, que indultou no ano passado nove condenados pelos fatos de 2017, em nome da “reconciliação”.
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