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Macron x Le Pen: o que esperar da França após a eleição deste domingo

Veja o que pode acontecer ganhando um ou outro concorrente em relação a economia, União Europeia, Otan e Brasil. Macron e Le Pen disputam presidência da França no domingo
Os franceses decidem neste domingo (23) se reelegem o atual presidente “pró-negócios” Emmanuel Macron ou se quebram uma sequência de décadas de consenso político básico e elegem a candidata de extrema-direita Marine Le Pen.
Aqui está o que os franceses e o mundo podem esperar deles em questões importantes:
Economia
Marine Le Pen em campanha, em 22 de abril de 2022
Denis Charlet / AFP
Le Pen: A “herdeira” da extrema-direita francesa transformou a antiga Frente Nacional, mudando o partido antes a favor do livre mercado e da redução do Estado de seu pai numa sigla protecionista e pró-gastos.
Ela quer implementar uma política de “compre francês” para gastos públicos, reduzir a idade mínima de aposentadoria para 60 anos para quem começou a trabalhar antes dos 20, eliminar o imposto de renda para menores de 30 anos e reduzir o imposto sobre valor agregado (IVA) de energia de 20% para 5,5%.
Ela também gastaria 2 bilhões de euros ao longo de 5 anos ao aumentar os salários dos funcionários hospitalares e recrutando mais 10 mil deles. Os salários dos professores aumentariam 15% em 5 anos.
Gilles Ivaldi, cientista político da Sciences-Po, diz que o programa econômico do partido de Le Pen está mais à esquerda do que há décadas.
“O livre comércio mata o planeta”, disse ela durante um debate na TV com Macron.
Macron: O atual líder francês planeja dobrar as reformas que implementou durante seu primeiro mandato, e o principal objetivo de seu manifesto é o aumento da idade mínima de aposentadoria de 62 para 65 anos.
“Não quero aumentar nossos impostos, não quero aumentar nossa dívida, quero até começar a pagá-la nos próximos cinco anos”, disse Macron durante o debate. “Então quero que trabalhemos mais.”
Macron também promete condicionar alguns benefícios sociais a 15 a 20 horas de treinamento, semelhante às políticas de países como Estados Unidos ou Reino Unido. Os benefícios de auxílio-desemprego estariam ligados à força da economia.
Numa tentativa de permanecer fiel a seu lema “nem esquerda, nem direita”, ele também prometeu tornar os benefícios automáticos para aqueles que se qualificam, em vez de exigir que os possíveis beneficiários se inscrevam para recebê-los.
Europa
Le Pen: Ela insiste que não tem “agenda secreta” para a França –membro fundador da UE– deixar o bloco de 27 nações, sua moeda única ou a zona Schengen, que não exige a apresentação de passaportes nas fronteiras.
Opositores acreditam que suas políticas, na melhor das hipóteses, criariam novas tensões dentro do bloco –cuja unidade foi testada nos últimos anos por uma crise migratória, a saída do Reino Unido e a pandemia de Covid-19– e, na pior das hipóteses, levariam a um “Frexit”.
Le Pen disse que cortaria as contribuições francesas para o Orçamento da UE, renegociaria o acordo de Schengen e reintroduziria verificações de mercadorias que entram no país de outros países da UE.
Ela buscaria restabelecer a primazia da lei francesa sobre a lei da UE –a base fundamental da integração europeia– e quer que o bloco se torne uma associação mais frouxa de países soberanos cooperantes.
“Isso equivale a um esvaziamento completo do que a UE vem tentando alcançar todos esses anos”, disse um diplomata sênior. “Mas não é apresentado dessa maneira.”
Emmanuel Macron em campanha, em 5 de abril de 2022
Stephane Mahe/Reuters
Macron: O ardente eurófilo continuaria seu esforço para desenvolver o que ele chama de “autonomia estratégica” da Europa em defesa, tecnologia, agricultura e energia e reduzir a dependência do bloco de outras potências.
Macron também deve pressionar por mais regulamentação das gigantes de tecnologia dos Estados Unidos e disse que queria criar um “metaverso europeu” para competir com o Facebook.
A relação entre Paris e Berlim continuaria a ser fundamental para moldar o futuro da Europa. “Acredito no casal franco-alemão”, disse Macron.
Aliança Ocidental
Le Pen: A candidata quer tirar a França do comando integrado da aliança militar transatlântica da Otan, num desafio à arquitetura de segurança pós-Guerra Fria do Ocidente.
Opositores a acusam de estar muito perto de Moscou. Seu partido recebeu um empréstimo bancário de um banco russo em 2014 e ela foi recebida pelo presidente russo Vladimir Putin no Kremlin pouco antes da eleição presidencial de 2017.
Macron acusou Le Pen de estar na folha de pagamento de Putin, dizendo a ela: “Você fala sobre seu banqueiro quando fala sobre a Rússia.”
Ela condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas diz que Moscou pode ser uma aliada novamente no pós-guerra. Ela disse que seguiria uma política externa à mesma distância de Washington e de Moscou.
Macron: Embora Macron tenha irritado toda a aliança transatlântica, principalmente na Europa Oriental e na Alemanha, quando disse, em 2019, que a Otan tinha “morte cerebral”, ele disse que a invasão russa da Ucrânia “a trouxe de volta à vida”.
Ele, no entanto, procuraria tornar os europeus menos dependentes das forças armadas dos EUA para segurança.
Macron tem sido cauteloso sobre se buscaria cooperar com a nova aliança de segurança EUA-Reino Unido-Austrália contra a China ou tentar persuadir a UE a seguir sua própria política independente em relação a Pequim.
Pesquisas dão vantagem ao presidente Macron na eleição domingo
Relação com Brasil
Le Pen: a candidata da extrema direita ignora o tema da relação com a América Latina. Sua política externa se limita a promover o controle da imigração e da soberania nacional ante o resto do mundo, inclusive os Estados Unidos.
Macron: as relações entre a França e o Brasil – abaladas depois dos desentendimentos entre Macron e o presidente Jair Bolsonaro –, não devem se reaquecer tão cedo. Seu primeiro mandato foi marcado por uma relação distante com a América Latina, se comparado com os seus antecessores. À exceção de uma viagem a Buenos Aires, que ele fez no contexto de um encontro do G20, e não em visita oficial, Macron não foi à América Latina e não desenvolveu projetos específicos com a região (veja mais detalhes em reportagem específica da RFI).g1 > MundoRead More

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