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Reeleito, Emmanuel Macron é um reformista convicto que superou tempos turbulentos na França

Crticado como ‘presidente dos ricos’ e desconectado da realidade, líder francês soube responder à altura quando crises sucessivas exigiram sua ‘hiperliderança’. Veja perfil e análise. Emmanuel Macron em campanha, em 5 de abril de 2022
Stephane Mahe/Reuters
Desde que chegou ao poder em 2017, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfrentou duros protestos contra suas reformas e uma pandemia global, com a mesma determinação com a qual derrotou novamente a extrema direita, ao vencer a oponente Marin Le Pen neste domingo, de acordo com as projeções divulgadas pela imprensa local.
“Pensem no que falavam os cidadãos britânicos algumas horas antes do Brexit, ou nos Estados Unidos, antes da votação em (Donald) Trump: ‘Não vou comparecer, qual o sentido?’ Posso dizer que no dia seguinte se arrependeram”, advertiu antes da eleição que lhe garantiu mais 5 anos de mandato.
Meses antes de chegar ao poder, Macron já avisava que seria um “presidente jupiterino”, expressão que, segundo o famoso dicionário francês Larousse, evoca o “caráter dominador e autoritário” do deus romano Júpiter. E assim foi.
A crise dos “coletes amarelos” foi seu expoente máximo. Deflagrado em 2018 pelo aumento dos preços dos combustíveis, esta onda de protestos se espalhou por toda França para denunciar as medidas de Macron, um ex-executivo do setor bancário, contra as classes populares.
Manifestante “colete amarelo” acena bandeira da França durante protesto em Paris
Gonzalo Fuentes/Reuters
A mobilização sustentou sua imagem de “presidente dos ricos” e desconectado da realidade, conquistada e reforçada com frases polêmicas. Entre elas, quando Macron disse que, nas estações de trem, “você encontra pessoas que fizeram sucesso e pessoas que não são nada”.
“Acredito que cheguei [ao poder] com uma vitalidade que espero continuar tendo e com vontade de sacudir” o sistema, justificou-se em dezembro durante uma entrevista sobre seu mandato, na qual reconheceu “erros”.
‘Estamos em guerra’
A partir de 2020, a pandemia de coronavírus acabou com os protestos em uma nova França de confinamentos e de máscaras e estimulou o perfil mais “jupiterino” de Macron: “Estamos em guerra” contra a Covid-19, destacou então.
Sua gestão personalista da pior crise desde a Segunda Guerra Mundial rendeu ataques da oposição e, apesar da resistência inicial da população, soube ganhar sua confiança e impôs medidas polêmicas, como o passaporte sanitário.
Presidente francês, Emmanuel Macron, e primeira-dama, Brigitte, em encontro do G20, em Hamburgo, na Alemanha, em 2017
Wolfgang Rattay/ Reuters
“As crises exigem uma hiperpresidencialização […]. Nesses momentos, Macron está como um peixe na água”, ao contrário de quando o “mar está calmo”, analisou recentemente a jornalista Corinne Lhaïk no jornal L’Opinion.
A atual ofensiva russa na Ucrânia representa mais uma crise que trouxe à tona a hiperliderança do presidente centrista que, apesar de fracassar em sua tentativa de evitar a guerra, reforçou sua imagem internacional entre os franceses.
O jovem político era relativamente desconhecido até sua nomeação como ministro da Economia em 2014 pelo então presidente francês, François Hollande, depois de atuar como seu conselheiro econômico.
Três anos depois, Emmanuel Macron, nascido em 1977 em Amiens (norte) em uma família de classe média, tornou-se o mais jovem presidente eleito da França, aos 39 anos, ao final de uma ascensão meteórica de um homem com pressa.
‘Brilhante e carismático’
Em 1995, formou-se com honras no prestigioso Liceu parisiense Henry IV, após o qual obteve o título de mestre em Filosofia. Durante seus anos de faculdade, trabalhou como assistente editorial do renomado filósofo francês Paul Ricoeur.
Nos seus tempos de estudante, já era “brilhante e carismático”, “um bom orador”, “com um perfil à la Barack Obama”, disse em 2016 Julien Aubert, seu colega na Escola Nacional de Administração (ENA), o antigo centro de formação das elites.
Na época, já havia encontrado o amor de sua vida. Aos 16 anos, apaixonou-se por sua professora de Teatro, Brigitte Trogneux, 24 anos mais velha e mãe de três filhos, que se divorciou do marido. Os dois se casaram em 2007, uma história que cativou a imprensa.
Agora reeleito, o líder europeísta terá de completar seu ambicioso programa de reformas interrompido pela pandemia, em linha com o que é recomendado pela Comissão Europeia para estabilizar sua economia.
Entre suas promessas para transformar a França, estão o “renascimento” da energia nuclear, alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos, embora tenha se declarado disposto a elevar a idade para 64 anos, em uma tentativa de atrair o eleitorado de esquerda.g1 > MundoRead More

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