RÁDIO BPA

TV BPA

Sem estímulos econômicos, endividamento privado deve frear o crescimento global, diz FMI

Com menor potencial de investimento empresarial e redução do consumo, estimativas para o PIB global devem cair em média 0,9% em economias desenvolvidas e 1,3% para emergentes nos próximos 3 anos. Sede do FMI em Washington
Reuters
O Fundo Monetário Internacional (FMI) constatou que haverá uma desaceleração da economia global nos próximos anos por conta do endividamento recorde de empresas e da população depois do impacto da crise causada pela pandemia do coronavírus.
Ao projetar a média para os próximos três anos, o fundo afirma que países de economia desenvolvida podem perder 0,9% do produto, enquanto economias emergentes devem desacelerar ainda mais, com média de 1,3%.
As conclusões estão no capítulo especial do World Economic Outlook (WEO), relatório de acompanhamento econômico global, publicado nesta segunda-feira (18).
LEIA MAIS
Qual é o futuro dos Brics após guerra da Ucrânia – e como Brasil se equilibra no bloco?
PIB da Ucrânia pode retrair até 35% devido a invasão russa, diz relatório do FMI
Os analistas do FMI lembram que governos federais e bancos centrais ao redor do mundo conseguiram diminuir a “dor econômica” da pandemia ao injetar liquidez na economia, com auxílios para o consumidor e garantias de crédito para empresas, além de moratórias para o pagamento de juros.
Ao mesmo tempo, as medidas levaram a um aumento na dívida privada, trazendo o maior aumento da alavancagem desde a crise financeira global de 2008.
“A dívida privada global aumentou 13% do produto interno bruto mundial em 2020 – mais rápido do que o aumento observado durante a crise financeira global e quase tão rápido quanto a dívida pública dos países”, diz o texto.
Como tudo na pandemia, contudo, o impacto foi desigual entre as economias. O grau de exposição a serviços que demandam contato físico e o poderio dos auxílios governamentais foram determinantes para um maior ou menor comprometimento de dívidas.
“Nossa análise mostra que o empecilho pós-pandemia ao crescimento pode ser muito maior em países onde (1) o endividamento está mais concentrado entre famílias e empresas vulneráveis, (2) o espaço fiscal é limitado, (3) o regime de insolvência é ineficiente, e (4) a política monetária precisa ser apertada rapidamente”, prossegue a análise.
O raciocínio é simples: quando o endividamento atinge pessoas físicas, o potencial de movimentar a economia pelo consumo cai. Pelo lado das empresas, há redução de investimentos e uma possível estagnação de postos de trabalho – ou mesmo, no limite, a promoção de cortes e aumento do desemprego.
“Espera-se, portanto, que o obstáculo ao crescimento futuro seja maior nos países que experimentaram os maiores aumentos no endividamento entre famílias de baixa renda e empresas vulneráveis ​​durante a pandemia”, afirma o FMI.
FMI reduz previsão de crescimento da economia global e cenário para o Brasil é ainda pior
Inflação e juros
Para o FMI, as condições monetárias e seus efeitos também precisam ser observadas com atenção em diferentes países.
“Onde a recuperação está bem encaminhada, o apoio fiscal pode ser reduzido mais rapidamente. Em outros lugares, os governos devem direcionar o apoio fiscal para os mais vulneráveis na transição para a recuperação, mantendo-se dentro de estruturas fiscais credíveis de médio prazo”, afirma o fundo.
Na estimativa do FMI, um aperto surpresa de 100 pontos-base desaceleraria o investimento das empresas mais alavancadas em 6,5 pontos percentuais em dois anos — quatro pontos percentuais a mais do que para os menos alavancados.
Mas a atenção especial das instâncias decisórias, segundo o relatório, deve ser na retirada cuidadosa de incentivos a setores que podem “contaminar” outras instâncias da economia de cada país.
Além disso, o FMI sugere que as autoridades reforcem os mecanismos de reestruturação de empresas para promover “uma rápida realocação de capital e trabalho para as empresas mais produtivas”.
“Da mesma forma, se as grandes dívidas das famílias ameaçarem a recuperação, os governos devem considerar programas de reestruturação de dívida com boa relação custo-benefício destinados a transferir recursos para indivíduos vulneráveis que são mais propensos a gastar sua renda”, afirmam os analistas.g1 > EconomiaRead More

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *